Do garrafão de vinho tinto ao bag in box
"A agricultura paga bem. Quando tu trabalhas ganhas bónus. Por exemplo, num restaurante pagam 600/ 700 euros por mês, não há bónus não há nada, aqui na agricultura eles podem ganhar bónus e o ordenado chegar a 1000/ 1200 euros, depende do que uma pessoa quer trabalhar" diz no telejornal da televisão do militante n.º 1 um migrante búlgaro trabalhador nos campos de Odemira, todo cheio de si, de certezas e do mirabolante ordenado que são 1200€/ mês a trabalhar 12 horas por dia.
No Alentejo, no tempo da 'aceifa', nos idos do fascismo de Salazar e Caetano, o 'manageiro' chegava, metia um garrafão de vinho tinto à frente dos homens, no final da fiada antes de acabar a safra, e dizia "é para o primeiro que chegar aqui", e eles, na sua santa ignorância e no espírito competitivo de ser melhor que o camarada do lado, continuavam desalmadamente a dar à foice até ao pôr-do-sol.
[Imagem de autor desconhecido]