||| Bruce Lee no telhado
Havia o Cinema-Esplanada, ao ar livre como o próprio nome indica e que só funcionava nas noites de verão. Filmes de cobóis, de piratas, de gangsters, do Bud Spencer, de porrada em geral e de porrada em particular, a enxurrada do porno no pós 25 de Abril, sempre com sessões esgotadas – "a sede de uma espera só se estanca na torrente", filmes de karaté – que não estavam incluídos na categoria "porrada" e filmes do Bruce Lee – que não estavam incluídos na categoria "porrada" nem na categoria "karaté". E havia "o telhado" que era o nome de umas ruínas mesmo mesmo mesmo por detrás do Cinema-Esplanada, mais altas que o muro que tapava o ecrã aos mirones e que impedia os penetras de saltar e que era assim a modos uma espécie de 3.º anel para onde iam os tesos e os putos que saíam de casa a socapa dos pais. Vi-os todos, todos mesmo. O Dragão. O grito que acompanhava o golpe. Bruce Lee no telhado. Faria 75 anos hoje.
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