"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Mas então, não devem ser os partidos e seus militantes a apresentarem pessoas, projectos e a "operacionalizarem" linhas programáticas?"
E as primarias colidem com isso em quê? se existir a possibilidade de os partidos apresentarem as suas soluções e linhas programaticas abertamente para eleições internas, qual o problema?
Isto tem a ver com a fatia de controle que o aparelho de cada partido esta disposto a abdicar.
É SÓ LAMENTÁVEL QUE O PARTIDO COMUNISTA CONTINUE A CONSIDERAR - E A ATACAR - O PARTIDO SOCIALISTA COMO O SEU INIMIGO PRINCIPAL...E depois venham dizer que são os outros que recusam "conversações"!!! É desgraçadamente o pior partido neo-estalinista...bem longe daquilo que Álvaro Cunhal teria actualmente como estratégia, se ainda fosse vivo!
Os DDET (Donos da esquerda toda) Jerónimo e Louçã, apanharam um grande susto, foi o que foi. Só sabem fazer agit-prop e não conseguem um minimo de adesão espontânea.
Quanto a Louça acho-o melhor cidadão que lider politico. A sua cronica diaria no Publico e a forma como interage com quem o lê e comenta é um exemplo q muitas primas donnas de cabeça oca deviam seguir. Toda a estrategia do PC é defensiva e o Jerónimo é o defesa central. O q conta é a sobrevivência e não o bem comum
"Toda a estrategia do PC é defensiva e o Jerónimo é o defesa central. O q conta é a sobrevivência e não o bem comum"
Está a ser injusto ou está mal informado.
As propostas deste partido na AR têm sido muitas. Mas não passam. A começar pela CS.
E depois, cada partido tem o seu eleitorado. E, ao que parece lógico, este eleitorado sente-se representado e defendido. Daí que penso que o que queria escrever é que o PCP defende os interesses do seu eleitorado.
Quanto à sobrevivência, é lógico que cada partido o queira fazer enquanto houver eleitores que lhes deem os votos.
Não percebi a alusão ao "bem comum" versus "sobrevivência"
O que é mesmo "o bem comum"?
É que há "bem comum" para todos os gostos, dependendo da perspectiva em que nos colocamos.
Respondendo com as suas proprias palavras, "bem comum" (ou o seu sentimento) é mais ou menos isto:
"Um suspiro de alívio.....Seguro sai de cena!
Agora, espera-se que A Costa "não se encolha" como o outro e que não se abstenha "violentamente", também como o outro. E que não se rodeie de Belezas, Euricos , Proenças e Joões Soares.
Boa sorte para A Costa.
Boa sorte para o meu país."
As sua ultimas duas frases são elucidativas. O reconhceimento q PS é o unico partido de esquerda que tem o poder desequilibrador do sistema. Lucidez.
De resto toda a sua argumentação é tambem defensiva. Partindo das suas premissas, se cada partido tem o seu eleitorado e tem direito a defender os seus interesses etc (nada a opor, claro)...porque se opõe às primarias de outro partido que tenta fazer o mesmo desde q o seu eleitorado se sinta representado e adira? Nega aos outros a liberdade de actuação que reclama para "si"?
Já agora, o pior inimigo do PS foi e tem sido ele próprio., especialmente nestes tempos difíceis:
- fica ligado a um memorando ad eternum - abstém-se "violentamente" na AR - deixa passar alterações às leis laborais indo para além das próprias entidades patronais - deixa blindar estatutos - tem uma vitória de pirro nas últimas eleições e arriscar-se-ia a ter outra caso o Seguro por lá continuasse.
Last but not least, arranjam estas "primárias" à USA e agora todos sem excepção tecem loas a esta grande vitória de transparência e democraticidade (leia-se versus "centralismo democrático"), como se entre uma coisa e outra aparecesse um verdadeiro deserto e, finalmente, se tivessem aberto janelas de portas de oportunidades democráticas.
A esquerda à esquerda do PS olha para Costa com uma invulgar agressividade porque receia a atracção do “voto útil” que Costa poderá representar para o seu eleitorado. O efeito “eucalipto” que Costa pode representar para a esquerda, fazendo o deserto à sua volta, preocupa BE e PCP e não só. Pelo meu lado, penso que a política precisa de políticos inteligentes, honestos e comprometidos com a causa pública e que o país só tem a ganhar se houver partidos dirigidos por pessoas com ideias e a coragem de definir objectivos ambiciosos e construir consensos. Costa pode ser um desses líderes, se tiver a coragem de fazer a revolução social-democrata que o PS nunca fez e se tiver a coragem de fazer uma política que ponha a justiça à frente da finança. O PS nunca o fez antes, fascinado como sempre foi pela realpolitik, e é pouco provável que o faça agora, mas essa seria a única justificação para a sua existência. O que deve fazer a esquerda à esquerda do PS? O seu dever: continuar a defender uma política para as pessoas sem receio de afrontar os poderes ilegítimos da finança, dos mercados e de Bruxelas e demonstrar, em cada momento, a justeza e a justiça das suas propostas — como o fez com a ideia da renegociação da dívida. Se o acordo com o PS de Costa é possível e benéfico, só o futuro o dirá.»