A direita e os guetos
Toda a gente com um mínimo de formação sabe que as cidades com história, em geral, e a cidade de Lisboa, em particular, cresceram a partir do centro, na base do turismo, dos alojamentos locais, e de lojas de artesanato diversas, que a partir de uma determinada hora as ruas ficam vazias de gente e não se vê vivalma, que os conceitos "lisboeta", em particular, e "bairrismo" e "tradição", no geral, são uma invenção ideológica, que os verdadeiros cidadãos, em geral, e os "alfacinhas", no particular, viviam fora das cidades, é por isso que em algumas cidades ainda é possível encontrar vestígios de muralhas e nalgumas até muralhas completas, desde esses tempos áureos, da divisão dos cidadãos genuínos, nos guetos, e dos cidadãos fake, os que fazem a cidade renovar e prosperar, no centro, sendo que a questão da mobilidade nem se colocava, não havia o caos do trânsito como nos tempos que correm, o tempo tinha outra velocidade e outro ritmo, uma pessoa metia-se rapidamente em qualquer lado a cavalo num burro, numa carroça ou até mesmo a penantes.
Miguel Pinto Luz: "O problema da habitação não tem de se resolver no centro de Lisboa"
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