A capa da New York Mag explicada mesmo aqueles que não sabem falar amaricano
Marcelo em modo Testemunha de Jeová no vídeo-porteiro a anunciar que vai convocar o Conselho de Estado para quarta-feira. Qual é a presa? Esqueceu-se de apelar a cada português para uma bandeira na janela, se possível em cada janela.
Uma manif de aplausos nas varandas e janelas em agradecimento aos profissionais do Serviço Nacional de Saúde, se calhar convocada por aqueles que passam a vida no emprego a reencaminhar e-mails de corrente, "se teme pela saúde dos seus, se quer ter sorte na vida, envie já este e-mail a sete amigos chegados". Nas próximas eleições, os que votam, vão a correr meter uma cruz no quadrado à frente dos partidos que andam há 40 anos a desinvestir no SNS e apostados na saúde privada e nos seguros de saúde, contra o despesismo socialista.
Costa na televisão a descansar os portugueses que os bens essenciais e o papel higiénico não vão falhar nas prateleiras dos supermercados. O papel higiénico. E já agora o bidé, a banheira, o chuveiro, a água na torneira e o sabão azul-e-branco.
As "redes sociais" inundadas por escritos de palermas que "ouviram dizer a um amigo que e médico", que "ouviram dizer a um colega de trabalho que tem uma prima que trabalha", o Correio da Manha a propagar fake news sobre medicamentos que aceleram o efeito do vírus coise, e os palermas, que se calhar foram à varanda aplaudir a valentia e o profissionalismo do SNS, depois de terem votado em quem está apostado em desmantelar o SNS, a reencaminharem o recebido no Facebook e no Wathsapp sem que ninguém lhes diga que informação válida é a que é veiculada pelo ministério da Saúde, pela respectiva Direcção-geral, pelas autoridades oficiais, ponto final.
Eduardo Cabrita, um pantomineiro investido ministro, que não percebendo nada de nada tem sempre uma resposta erudita na ponta da língua que o faz parecer a maior sumidade mundial na matéria, a perorar sobre segurança pública e de cada um, para logo de seguida as televisões passarem imagens da GNR a fazer controlo fronteiriço, sem luvas nem máscaras, sem que nenhum aprendiz de jornaleiro confronte o ministro para lhe dar mais uma oportunidade de discorrer longamente e não responder a nada.
Marques Mendes em pânico na televisão do militante n.º 1 a dizer 150 vezes em meia hora que estamos em "estado de guerra", quando devia mostrar serenidade no prime time da cadeia com maior audiência, a pedir mais investimento no SNS depois de anos de contorcionismo sobre o assunto durante o Governo da troika. Termina o Te Deum a elogiar o Grupo Mello pela oferta de não-sei-quantos ventiladores esquecendo-se de que em "estado de guerra" o Estado faz a requisição civil de todos os meios que achar necessários, os do Grupo Mello e todos os outros.
Esta a capa da da New York Mag, na imagem, explicada mesmo aqueles que não sabem falar amaricano.