"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
António Horta-Osório, que é pago ao "peso de Cristiano Ronaldo", que é mais que ao "peso do ouro", para despedir pessoas em levas de 15 mil de cada vez, na Universidade [cof, cof] de Verão do PSD a falar em melhorar o nível de vida das pessoas.
Eram mais, muito mais, honesto terem convidado o Patrick Bateman de American Psycho para discursar.
Depois de 4 anos com a pasta de Segurança Social a cargo do CDS, ministro Pedro Mota Soares, depois da sustentabilidade da Segurança Social fragilizada por via da diminuição das contribuuições das empresas, e consequente aumento da mais-valia para os patrões e accionistas, para incentivar a criação de emprego pelas empresas e que afinal é incentivado em 60% pelo dinheiro dos contribuintes depois de um colossal aumento de impostos, o primeiro-pantomineiro, Pedro Passos Coelho, aproveita uma ocasiâo menor, dedicada a criadagem menor, para menorizar o parceiro de coligação, o CDS, e dar um valente pontapé no traseiro do vice-pantomineiro, Paulo Portas, pela reforma da Segurança Social que não foi feita e disponibilizando-se, mesmo na oposição, para a fazer com o Partido Socialista. Como se diz no norte, “bonito, bonito são os colhões a bater no pito”.
A credibilidade de Portugal, por interposta pessoa o Governo do PSD, por interposta pessoa Vítor Gaspar, por interposta pessoa Maria Luís Albuquerque, «tem permitido a descida dos juros». Em Portugal. Em Espanha. Em Itália. Na Irlanda. E também na Grécia. Holy shit!
Baixar impostos às empresas não tem por objectivo descapitalizar a Segurança Social nem aumentar a mais-valia aos patrões e accionistas. Baixar impostos às empresas é «estimular o emprego e a criação de emprego», com o Estado, ou seja nós, ou seja o dinheiro do contribuinte, ou seja o dinheiro dos nossos impostos, ou seja o dinheiro que deixamos de receber no final do mês, a subsidiar cerca de 60% dos novos empregos criados em Portugal. Holy shit! Holy shit! [duas vezes].
No final da prelação os amorfos e acéfalos universitários, de mãos dadas com a ilustre-mestre-ilustre e com grinaldas de flores, saíram pelas ruas da vila a entoar Strawberry Fields Forever. Holy shit! Holy shit! Holy shit! [três vezes].
[O título do post foi fanado ao Sérgio e a imagem é daqui]
Pedro Passos Coelho, além de mentiroso compulsivo, é um cobarde que não teve a coragem de apresentar o projecto de revisão constitucional de Paulo Teixeira Pinto durante a campanha eleitoral nem de o levar a debate parlamentar depois de eleito primeiro-ministro.
[*] Com o apoio do Presidente da República sim. Um primeiro-ministro que passa os dias úteis da sua vida, e os fins-de-semana também, a atacar a Constituição da República e o Tribunal Constitucional, órgão de soberania, sem que leve um "puxão de orelhas" do Presidente da República que a jurou cumprir e fazer cumprir.
Não explicou como é que se faz uma delegação de competências sem a respectiva dotação orçamental que assegure a sua execução, ainda para mais quando o poder local é vítima primeira do garrote orçamental. Mas isso agora também não interessa nada e "para o que é bacalhau basta". Levezinho, levezinho, levezinho, para manter a tradição.
Um fenómeno inexplicável, o tempo de antena que o senhor tem em todos os órgãos de comunicação social, a propósito de tudo e mais alguma coisa e por dá cá aquela palha, desde a floresta que arde à Moda Lisboa, do pontapé na bola aos arrumadores na avenida, das condições meteorológicas aos engarrafamentos na ponte.
O Governo errou. A coligação errou. O PSD errou. O CDS errou. Nada mais falso.
O Governo, a coligação PSD/ CDS que forma este Governo, sabia exactamente ao que ia, quais as consequências das medidas tomadas, do para além da Troika. Desmantelar e repartir o Estado pela elite do poder económico que gravita à roda dos partidos que integram a coligação; desregular o mercado de trabalho, embaratecer o custo do trabalho e retirar-lhe toda e qualquer dignidade; aumentar a mais valia ao patrão, rebaptizado de empresário ou investidor; aumentar deliberadamente o exército de desempregados, transformando o desemprego conjuntural em desemprego estrutural, como forma de pressão sobre quem tem um trabalho, cada vez mais mal remunerado e precário.
Uma coisa é uma pessoa ler “O Caminho da Servidão” de Frederick Hayek, outra completamente diferente é uma pessoa ler “O Caminho da Servidão” de Frederick Hayek e acreditar piamente naquilo e levar à letra aquilo que leu.
Os jornais não mostram, para isso estão as televisões, mas aquela parte do discurso de que “estamos a fazer história” e “estamos a ver o que mais ninguém consegue ver” e “daqui por uns anos vão fazer-nos uma estátua na Praça do Comércio” roça o ridículo.
«No final, já passava das 22h45, levantaram-se e a uma só voz gritaram várias vezes: “Soares é fixe”». “Soares é fixe!”, “Soares é fixe!”, “Soares é fixe!”, acrescentei eu, várias vezes e o ponto de interrogação, porque foi gritado com convicção.
O senhor que esteve na Universidade de Verão do PSD a largar postas de pescada sobre «justiça e equidade» com «grandes esforços» que nos conduziram a todos a um «futuro melhor», é o líder do partido que substituiu numa rua o nome de um autarca eleito em eleições livres e democráticas pelo nome do fundador e líder da Falange Espanõla inspirado no Partito Nazionale Fascista italiano e derrotado duas vezes nas urnas pelo voto popular.