"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Depois do sucesso que foi a gestão da crise das dívidas soberanas, com contas de merceeiro a pensar nos "mercados", na salvação dos bancos e na nacionalização da dívida privada, ignorando que com pessoas empobrecidas e sem consumo não há capitalismo que resista, de onde nunca saíram regressam os mesmos de sempre com o sucesso anunciado da vacinação europeia, delineada a pensar nas multinacionais farmacêuticas, outra vez sem perceberem que se sem pessoas não há economia que resista e que as economias que primeiro conseguirem alcançar o objectivo imunidade de grupo são as que vão partir à frente na recuperação à escala global. São sempre os mesmos os mesmos de sempre, não é "a Europa", não é "a Comissão Europeia", nem tão pouco "os países do Norte" ou "os frugais", é o Partido Popular Europeu, desde 1999 à delinear os destinos da União Europeia. Até podíamos argumentar, como os minions da direita - PSD e CDS de plantão às "redes", que se fosse uma empresa privada a doutora Ursula Gertrud von der Leyen já há muito tinha sido despedida por incompetência, não se desse o caso de que a sua competência para governar para os grandes grupos económicos é que motivou a sua eleição e a mantém no cargo.
"Nos anos 60 já nós tínhamos homens no espaço ainda vocês aqui em Portugal andavam de burro".
Lembro-me sempre desta resposta dada por um ex colega moldavo a uns trolls imbecis, daquela espécie que tem por desporto gozar com quem vem de outros países procurar melhor vida no nosso, quando vejo os gráficos da Ilusão Liberal "até pelos países de leste já fomos ultrapassados!", prontamente papagueados pelos comentadeiros com lugar cativo nas televisões.
260.591 € para equipar um centro de imprensa em Lisboa - embora as conferências de imprensa da presidência sejam realizadas online e jornalistas estrangeiros não viajem para a capital portuguesa.
35.785 € em bebidas - num momento em que poucas pessoas se reúnem.
39.780 € na compra de 360 camisas e 180 fatos - com toda a gente em teletrabalho.
Projecto confiado a empresa que não obtém um contrato público desde 2011 e cuja experiência anterior em contratos com o sector público envolveu a organização de eventos para festas de aldeia.
Portugal’s ‘ghost’ EU presidency racks up in-person expenses
Agora que se avizinha a mui badalada bazuca europeia de ataque à Covid saem dos buracos aos magotes a clamar por um Governo de Salvação Nacional que é como quem diz um governo de salvação dos bolsos de amigos e clientes partidários arredados que estão da ida ao pote. A bondade patrioteira do bloco central dos interesses é uma coisa de bradar aos céus.
Em 2001, José Serra, ministro da Saúde do governo brasileiro de Fernando Henriques Cardoso, quebrou a patente do medicamento Nelfinavir, um dos 12 que compõem o cocktail anti SIDA, invocando a situação de emergência. Em 2021, com o planeta numa situação de pandemia, assistimos a quebras contratuais das multinacionais farmacêuticas no fornecimento de vacinas, havendo até a suspeita de "desvio" de vacinas para países que estão a pagar mais, apesar dos contratos previamente assinados. Não vale tudo para as farmacêuticas, o direito ao lucro não é um princípio absoluto.
A Holanda, da engorda às custas das empresas fugidas aos impostos nos países das putas e vinho verde, vulgo sul da Europa, quer penalizar empresas que saiam do país das socas para países com impostos mais baixos. Putas é no Red Light District em Amesterdão, o vinho verde, por mais que me esforce, não consigo alcançar.
"António Costa defendeu hoje, depois de se encontrar com Viktor Orbán, que a questão do Estado de Direito na Hungria, embora "central" para Portugal, não deve ser relacionada com as negociações sobre o plano de recuperação."
Contava o malogrado Jorge Palhas que chegado à Argélia por via terrestre não o tinham deixado entrar porque vinha de Marrocos com quem estavam de relações cortadas, por causa de guerras antigas e da Frente Polisario, e que regressado a Marrocos, pelo mesmo caminho e apenas alguns minutos depois, os mesmos guardas fronteiriços que havia pouco o tinham visto sair agora não o queriam deixar entrar porque vinha da Argélia com quem Marrocos estava de relações cortadas, por causa de guerras antigas e da Frente Polisario, tendo ele ali permanecido, em "terra de ninguém", um dia inteiro à conversa com os ditos fronteiriços e só conseguindo voltar a entrar depois da mudança da guarda e pelo seu conhecimento do Alcorão. E ria-se muito de todas as vezes que contava a história.
"O novo ouro de Portugal" vem logo a seguir ao velho ouro de Portugal. E o velho ouro de Portugal foi o ouro do Brasil que enriqueceu umas quantas famílias à roda do rei, fez um palácio em Mafra, que serviu para nada até Saramago se lembrar de escrever um livro, e permitiu aos ingleses, por via dos tratados assinados, amealhar reservas para fazer a maior praça financeira da Europa, até hoje.
E a seguir ao velho ouro de Portugal, que foi o ouro do Brasil, veio o velho ouro da CEE, que enriqueceu umas quantas famílias à roda do poder político eleito, fez uns palácios de alcatrão que serviram para as pessoas fugirem mais rapidamente do interior para os grandes centros urbanos no litoral e daí para o Algarve nas férias pontes e feriados, e permitiu, por via dos tratados assinados, a agricultura e pescas em Espanha, França, Alemanha e Itália, e os abates em Portugal.
E a seguir ao velho ouro de Portugal, que foi o ouro do Brasil, e do velho ouro de Portugal, que foi o ouro dos fundos da CEE, veio o "petróleo verde", que enriqueceu umas quantas famílias ligadas às celuloses, privatizadas ou liberalizadas pelo poder político eleito, permitiu que umas centenas avulso, que recebem parcas reformas, recebessem mais umas centenas de euros de xis em xis anos e desordenou o território, destruiu ecossistemas, desertificou o interior que restava e inventou a industria do combate aos incêndios paga pelos impostos dos contribuintes.
A gente lê e não acredita: António Costa, que desde sempre, e um dia havemos de saber porquê, quer ver Pedro Marques comissário europeu com o pelouro dos fundos estruturais, como se a partir do momento da investidura qualquer comissário passasse a ser o comissário do país e a beneficiar o pais de origem em relação aos outros, avançou com a candidatura de Elisa Ferreira para a pasta da Economia e Finanças, sabendo antecipadamente das diminutas possibilidades do nome ser aceite, por causa da presidência de Mário Centeno no Eurogrupo e da "improbabilidade de a nova presidente da Comissão colocar dois portugueses como interlocutores directos em matérias estruturantes da União, como a economia e as finanças", conseguindo assim que o objectivo primeiro - Pedro Marques nos fundos estruturais, seja alcançado. E Elisa Ferreira prestou-se ao papel de ser bisca lambida num jogo de cartas na "gamela de Bruxelas"...