Um país, dois sistemas
[Deng Xiaoping na imagem]
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[Deng Xiaoping na imagem]
- A legalidade/ constitucionalidade de haver uma espécie de "ilhas fiscais" em determinados pontos do território nacional em detrimento de outros.
- A legalidade/ constitucionalidade da discriminação de determinadas classes e, dentro dessas mesmas classes, de determinados nichos no acesso às "ilhas fiscais".
- O Governo reconhecer que "o que existir de perda de receita será compensado pelo aumento dos consumos" e não aplicar o mesmo princípio a todos os residentes no território nacional e a todos os veículos que circulem nas estradas nacionais, residentes ou não.
Independentemente do ciclo vicioso que é as empresas de transportes reduzirem a oferta e os utentes deixarem de viajar/ usar o transporte público por ausência de carreiras/ circulações e, quanto mais as empresas reduzem, menos passageiros viajam, as empresas de transportes, privadas – cujo objectivo é o lucro, também não reduzem/ ajustam a oferta por dá cá aquela palha, porque lhes apetece ou porque sim, correndo com isso o risco de deixar de facturar, sendo antes a redução, o grosso, feito em função da procura. Aqui chegados há que ter em conta e, posso estar enganado, mas parece que não foi, os ciclos económicos, nomeadamente este último que começou em 2008 nos States e culminou em 211 em Portugal com o pedido de resgate, a intervenção da troika, o governo PSD/ CDS do "ir além da troika" e consequentes falências e deslocalizações de empresas, desemprego em massa, emigração a níveis dos anos 60, desistência de investimento público e fuga do investimento privado para outras paragens, com o único "investimento", entre aspas, a ser feito em Portugal ser a nacionalização pelo Estado chinês, e algum capital angolano, de sectores estratégicos da economia detidos ou participados pelo Estado português e não o investimento feito de raiz – fábricas, indústria, etc. , não havendo com isso a necessária criação de emprego, antes pelo contrário, mais despedimentos – a fórmula mágica da "reestruturação" das empresas, e quem está desempregado não precisa de andar de transporte público para lado nenhum, casa – trabalho – casa, e, quando precisa de se deslocar, procura alternativas que não lhe pesem no parco subsídio de desemprego, também reduzido no tempo e no valor pelo Governo de Dirteita em nome do sacrossanto ajustamento e do desincentivo à malandrice.
"Carris e Metro perderam 65 milhões de passageiros em quatro anos"
[Na imagem carreira urbana de Setúbal, anos 60 do século XX, autor desconhecido]
E fazendo de conta que a gente não deu por nenhum deputado ter perguntado ao excelentíssimo doutor secretário de Estado por que raios é que um privado vai querer gastar nos próximos 20 anos em juros aquilo que o Estado vai poupar em igual período de tempo e que justifica a que se queira ver livre das empresas, schnell, schnell, que as eleições ao já no fim do Verão, podia ao menoso senhor, excelentíssimo doutor secretário de Estado, ter esclarecido quanto é que o Estado deixou de embolsar, por via dos pagamentos de comissões e avenças várias a escritórios de advogados e facilitadores vários ligados aos partidos da coligação, com ou sem o aval ministerial, numa duplicação de funções e outsourcing que até era para acabar de vez, segundo o Guião para a Reforma do Estado, mesmo com caracteres extra large e espaçamento duplo entre linhas e tudo.
O Estado, aquela entidade mágica e imaterial, dos domínios do abstracto, e que jorra dinheiro a rodos como o magma jorra das profundezas do planeta. Ad aeternum.
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No Haiti de 'Papa Doc' os polícias só recebiam uma farda e uma arma, nada de salário, nada de susídios, nada de nada e o resto era lá com eles. Por cá ainda não chegámos a tanto.
«Polícias vão buscar passes gratuitos e saem com notas na mão»
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O respeito com que o Governo do inculcar a culpa e do moralismo do "viver acima das nossas possibilidades" trata o dinheiro do contribuinte e a inteligência dos cidadãos.
O Governo ainda não decidiu se vai corrigir um erro no caderno de encargos [que origina duas mil e duzentas – 2 200 – duas mil e duzentas perguntas] para a concessão da STCP, que poderá custar quase três milhões – 3 000 000 – três milhões de euros por ano.
Primeiro o desemprego não era tido nem achado para a encomenda do sermão, se calhar porque as pessoas mesmo desempregadas continuavam a apanhar o transporte público todos os dias na mesma paragem e a fazer o trajecto até ao posto de trabalho que já não existe, [hábitos das pessoas, o que é que se há-de fazer?], mas era antes porque a fraude tinha aumentado exponencialmente, uma coisa nunca vista, [os malandros e vigaristas todos à pendura todos os dias da mesma paragem para o posto de trabalho que ainda existia. Agora, se calhar, iam a pé ou de bicicleta...] apesar da nova bilhética introduzida e dos novos títulos de transporte desmentirem na prática a teoria da fraude inaudita.
Agora parece que a «pouco e pouco, os transportes públicos começam a travar a fuga em massa de passageiros», por motivos curiosos: menos dias de greve [como se no dia da greve o dinheiro dos passes mensais já não tivesse entrado na tesouraria da empresa] e pela diminuição do... desemprego. Mas espera lá, como o desemprego não contribuía para a diminuição do número de utentes dos transportes públicos também o emprego não pode agora contribuir para o aumento do número de passageiros. E então o que se passa é que o Governo ameaçou pôr o fisco a cobrar as multas e os borlistas e vigaristas, e outros terminados em istas, só de ouvir tremeram e pensaram duas vezes antes de entrar no autocarro ou no metro, apesar da ideia nunca ter saído do papel.
Um Governo de mentirosos compulsivos é o que isto é.
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«Os onze motoristas do gabinete do primeiro-ministro ganham 1848€ cada»
Na próxima greve vão aparecer os do costume, muito indignados com os malandros dos transportes públicos, com salários base a rondar os 600/ 700 euros mensais, com amplitudes horárias até 12 horas diárias [nas empresas com escrúpulos e que cumprem a legislação laboral em vigor] ao volante de autocarros cheios de seres humanos, 60, 70, às vezes mais [se o transporte for urbano e forem de pé devidamente encaixadinhos uns nos outros], que transportam para as fábricas, empregos, escolas, para ganharem os mesmos 600/ 700 ou ainda menos euros mensais, e com amplitudes horárias de 12 horas diárias, ou mais se contarmos com o tempo gasto para cá e para lá em transportes.
"Deixem-se de greves! Do que o país precisa é [mais] de trabalho! Malandros…"
A introdução e adopção da nova bilhética nos transportes públicos, ao contrário do que o Governo parece acreditar e nos quer fazer crer, não se deveu ao desejo de sermos muuuuuito modernos e avançados como o resto da Europa. Não.
Os novos títulos de transporte, e recorrendo só ao exemplo da Área Metropolitana de Lisboa, com o Lisboa Viva em substituição do passe com vinheta autocolante e o Viva Viagens em substituição do bilhete pré-comprado, vendido individualmente ou em carteiras com x unidades e validado a bordo no obliterador, permitem precisamente combater… a fraude, por serem carregados electronicamente e por serem descarregados também por essa via. No caso do passe tradicional, o problema da vinheta fotocopiada e colada no cartão com foto e plastificado deixou de existir, no caso do pré-comprado, o problema do bilhete "picado" ad eternum desapareceu, assim como a fotocópia caseira em cartolina.
Além disso o novo sistema de títulos de transporte, e isto é, a meu ver, o mais interessante, é uma excelente ferreamenta de gestão já que possibilita seguir em tempo quase real o fluxo de passageiros por linha, por carreira, por paragens e por hora, reflectindo-se este acompanhamento em ganhos de produtividade para as empresas e melhor serviço para o utente, e permitir saber, por exemplo, que a carreira x a tais horas sistematicamente vai sobrelotada e é necessário um desdobramento [reforçar com outro autocarro ou um de lotação superior], ou que a carreira y a horas tantas vai sistematicamente vazia, ou quase, e há que proceder a uma alteração da sua frequência [por exemplo, de 15 em 15 minutos para meia em meia hora], ou substituir a viatura por outra de lotação inferior [mini bus], com ganhos ao nível do consumo por km, de conforto para o passageiro, de mobilidade, de facilidade de condução, e mais amiga do ambiente, só a título de exemplo.
E a isto chama-se ajustamento, a empresa a prestar o serviço em função da procura e não, como diz o Governo [?], ou a jornalista [?] a reproduzir textualmente, e sem raciocinar nem fazer o trabalho de casa, a nota de imprensa distribuída pelo Governo, a procura a ser penalizada por via do ajustamento na oferta.
As pessoas vêem-se no desemprego e não têm necessidade de usar o transporte público porque o dinheiro não estica e não precisam de ir a lado nenhum procurar emprego que não existe. As pessoas continuam empregadas ou a viver duma pensão de reforma e vêem o rendimento disponível substancialmente reduzido pela carga fiscal e pelos aumentos dos bens de primeira necessidade, renda da casa, água e luz, e tudo o mais. As pessoas continuam empregadas ou a viver duma pensão de reforma e vêem o preço dos transportes públicos sofrer um aumento brutal na exacta proporção à redução das comparticipações. As pessoas deixam de usar o transporte público para deslocações curtas ou arranjam alternativas mais económicas porque o dinheiro continua a não esticar.
Não há volta a dar-lhe nem maquilhagem governativa que embeleze o quadro negro e a única fraude aqui é o próprio Governo.
[Imagem "New York Subway, 1970" by Jay King]
Têm mesmo a certeza certezinha de que o governo vai mesmo demitir os gestores ligados à contratualização de swaps especulativos nas empresas públicas? É que alguns, para não serem demiti@s, foram promovid@s a secretári@s de Estado.
Quem perdeu o emprego, porque a empresa onde trabalhava faliu ou porque foi despedido, pela via do ajustamento que as empresas estão a fazer face à quebra da procura, não precisa de andar de transportes públicos para nada, fica em casa sossegado e gasta o menos possível; quem continua empregado passou a contar todos os cêntimos que lhe faltam no ordenado quando o mês começa a sobrar, por via da perda de poder de compra, pelos salários congelados, pelos aumentos brutais, não só dos transportes públicos mas dos bens essenciais, da água, da luz, da renda da casa, da escola dos filhos, dos medicamentos, e, e, e, na medida do possível, ou vai a pé ou arranja alternativas mais em conta, que não passam pelo transporte próprio ou, se passam, sai uma horas mais cedo da cama e vai pela velhinha nacional, de preferência a meias com mais 2 ou 3 penduras, já que a circulação nas auto-estradas protagonizou a maior queda de tráfego da Europa…
Um "artista" que pensa que é secretário de Estado dos Transportes atribui o "fenómeno" à fraude sem ter a noção do ridículo e de que aqui a fraude é ele próprio e o Governo a que pertence.
[Imagem de Brendan Austin]
Não é só a incompetência dos criançolas, dos gaiatos, dos ganapos, dos putos do PSD/ CDS-PP no, e para o governo da Nação. Não. É também, e acima de tudo, mais um exemplo do total desconhecimento dos dossiers e das matérias: Quando a norma nas empresas privadas de transportes, sublinho privadas, é a passagem à reforma quando é atingida a idade de 62/ 63 anos, pelas razões que os sindicatos que os sindicatos explicam. Ainda assim se calhar é melhor fazer um desenho…
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Um mês depois, e depois de toda a gente, aqui o humilde escriba incluído, lhe ter explicado, volta à carga com a mesma lengalenga.
Tem dois defeitos mortais: é ignorante e não quer aprender:
"Para onde é que foram as pessoas?", disse.
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