"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O que nós gostaríamos era de ter um ministro, um só um, para o caso até podia ser mesmo o do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia de um Governo de "um país considerado rico no mundo" a lamentar num "país considerado rico no mundo" haver uma coisa chamada "Tarifa Social de Electricidade" e não a lastimar-se por a tal da tarifa continuar longe da meta estabelecida pelo Governo. Daí o outro lamento do outro do objectivo falhado de baixar o custo do preço do trabalho e a insistência em cortar 600 milhões nas pensões e reformas.
"A tarifa social não está a ter um nível de adesão tão elevado como gostaríamos"
Vão ver que não custa nada e que a meta vai ser largamente ultrapassada se continuarmos com mais 4 anos da mesma posologia, para lá de Outubro de 2015.
Já estava na hora de se fazer o deve e o haver, com números e percentagens e assim, da contribuição destes 4 anos de coligação PSD/ CDS-PP para a descapitalização da Segurança Social e para a sua insustentabilidade, no geral, e particularmente do CDS, a quem calhou em sorte o ministério com a tutela da Segurança Social, não só na sua futura insustentabilidade mas também na criação de um Estado paralelo ao Estado, pago com o dinheiro do Orçamento do Estado, para fazer exactamente a mesma coisa que o Estado fazia e faz, com o extra que é a criação e o fomento de uma nova classe de bem-instaldos na vida às custas do negócio com o infortunio e com a miséria alheia, com muita fé em Deus.
O CDS a sacudir a água do pacote por tudo isto, como se tudo isto nunca tivesse sido dito e como se não fossem juntos a votos, PSD e CDS, lá para o final do Verão.
Prioridade 1: cortar nas pensões e nas reformas, em nome da sustentabilidade da segurança social, enquanto se perdoam milhões à banca, por exemplo, ou se baixa o IRC às empresas e já se fala em baixar a TSU, também por exemplo, em nome do investimento e da criação de emprego que afinal é o aumento da mais-valia ao patrão e accionista, para depois se aumentar a comparticipação a pagar pelos idosos para ter acesso a cuidados.
Prioridade 2: desmantelar o Estado e o Estado social enquanto se cria um Estado paralelo, pago com o dinheiro dos impostos dos contribuinte, na sua quase totalidade pertença de organizações e instituições heterónimos da Igreja Católica e alimentando uma indústria à roda da miséria alheia.
O CDS apoia o corte de 600 milhões de euros nas pensões porque «há um problema de sustentabilidade do sistema de pensões» e porque o CDS é favorável à descida da TSU, com a luz verde e irrevogável de Paulo Portas, sem custos para o utilizador os trabalhadores, o que faz toda a diferença, olarilas, a descapitalização da Segurança Social não é tida nem achada, olarilas mais uma vez, e porque os jovens não descontam porque no país da retoma e do milagre económico e do exemplo para a Europa e para o mundo emprego não existe, quanto mais trabalho, e porque os que que descontam fazem-no nos países de destino, para onde emigraram, e porque como ninguém desconta voltamos outra vez ao princípio que é a descida da TSU sem custos para o utilizador os trabalhadores e porque uma maioria absoluta não chega para levar a cabo tão hercúlea e patriota tarefa é preciso um consenso alargado na forma de um «compromisso com o principal partido da oposição» - o PS, para que a culpa tenha marido e não morra solteira. São demasiados "porque" para um partido de pantomineiros – o CDS, propriedade de um pantomineiro – Paulo Portas.
Atendendo às "reformas" que foram feitas, aos indicadores de pobreza, ao desemprego, às falências, à emigração anos 60, ao grau de destruição provocado, deliberadamente provocado, é bom ou mau papa Portugal que o FMI tenha "arrasado" o Governo por só ter feito «um terço das reformas exigidas pela 'troika'»?
Às vezes há vezes em que convém ter tento na língua porque quer parecer que este título é uma boa palavra de ordem para os partidos da coligação meterem em cartazes durante a campanha eleitoral [Paulo Portas vai fazer um nó com esta gravata, certezinha] e, pelas reacções que vi por aí, à esquerda...
"o trabalhador, sobretudo um jovem que está a entrar no mercado de trabalho, tenha um pouco mais de liberdade para proteger a sua poupança, para proteger o seu futuro e que não fique tão dependente dos ciclos financeiros, dos ciclos económicos ou dos ciclos políticos, chama-se a isso, tecnicamente, plafonamento parcial e voluntario do ponto de vista das contribuições" [a partir do minuto 0:30].
Porque, como é por todos sabido, os seguros, os fundos de pensões, privados, são imunes aos ciclos económicos ou aos ciclos financeiros [basta seguir com atenção as notícias d’ América e o calvário dos amaricanos] e que nunca ninguém vai ficar sem a sua reforma, sem a sua pensão, sem a sua assistência na saúde, porque, se tiver sorte com o ciclo político, pode ser que a falência da companhia de seguros ou do fundo de pensões, onde depositou todas as poupanças de uma vida, coincida com a chegada ao poder de alguns socialistas desmiolados, irresponsáveis e gastadores que obriguem o Estado a assumir o prejuízo para, noutro ciclo político, aparecer Paulo Portas, o líder partidário há mais tempo no activo, ou outro pantomineiro-trampolineiro qualquer da mesma espécie apostado em brilhar os botões de punho, a dizer que "o socialista é muito bom a gastar o dinheiro dos outros mas quando acaba o dinheiro chamam-nos a nosotros y a vosotros para compor as coisas".
Roma Locuta, Causa Finita Est, pelo "membro alinhado" e depois do "soldado disciplinado". Panem et circenses. Sobra o circo, falta o pão e ainda há Spartacus. Cada vez mais.
Adenda: a frase é em latim mas não é "dos romanos", é de Santo Agostinho. Começa a faltar-me a paciência para a fauna que pensa que a História começou com A Riqueza das Nações do senhor Smith.
E também disse outras coisas bonitas de se dizer e de se ouvir como "muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático" e que "precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem a nossa unidade como povo" e reforçou "a pessoa humana tem de estar no centro da acção política. Os Portugueses não são uma estatística abstracta. Os Portugueses são pessoas que querem trabalhar, que aspiram a uma vida melhor para si e para os seus filhos. Numa República social e inclusiva, há que dar voz aos que não têm voz".
Mas isto foi em Março de 2011, com outro Governo, de outro partido, com outro primeiro-ministro, que urgia abater rapidamente e queimar na praça pública, nem que para isso se inventasse uma conspiração de escutas ao Palácio de Belém ou que em plena campanha eleitoral se atiçassem os colégios privados a sair para a rua em protesto, "um sinal de vitalidade da nossa sociedade civil", de forma a antecipar eleições e entregar o poder "a quem de direito", depois do eleitorado devidamente doutrinado por doses maciças de propaganda.
Depois disso foi o que se viu e o que se vê, e o que não se vê mas que se desconfia, quando as trapalhadas do Governo de iniciativa presidencial caem na praça pública pela boca dos ministros e secretários de Estado.
Aquilo que tem sido o governo de direita, o Governo da direita, o Governo PSD/ CDS-PP, o Governo Pedro Passos Coelho/ Paulo Portas, como quiserem, resumido num título:
E agora a vez aos nossos bons alunos da "escola alemã", e se bem que o argumento, as palavrinhas mágicas "propriedade privada" sejam praticamente imbatíveis à direita do espectro político, o vice também é bastante bom na "arte do volteio em cavalos a penso", e não espantaria ninguém que a notícia fosse considerada uma pressão inadmissível sobre o Tribunal Constitucional português, em vésperas de se pronunciar sobre o saque do Governo às pensões e reformas.
O CDS é contra e promete atacar. Aliás, toda a gente é contra, arrisco mesmo que até os próprios beneficiados são contra. Onde é que já se viu a aposentação com 12 anos de serviço, independentemente da idade, ou com 40 anos de idade e dez anos de serviço? Viu-se em Portugal e, em tempos de vacas magras, ainda se vê mais. Toda a gente vê. E o CDS é contra e promete atacar.
E o CDS não só é contra e promete atacar como fez saber que «o CDS não vai "aceitar privilégios" de classes profissionais», ao contrário do parceiro de coligação, o PSD, comprometido com a situação, refém dos magistrados do Palácio Ratton, sem coragem para afrontar os interesses instalados, sem a coragem do CDS para atacar. Porque se o «tema é delicado e divide o próprio Governo» e se o CDS é contra e promete atacar, e o Governo, onde o CDS às vezes está, está dividido, por exclusão de partes…
E enquanto se fala daquilo que o CDS é contra e promete atacar não se fala daquilo que o CDS é contra e já atacou, como o aumento do salário mínimo, por exemplo, ou o Rendimento Social de Inserção, por exemplo também, ou a redução, do valor e no tempo, do subsídio de desemprego, também por exemplo. E, mais importante ainda, enquanto se fala daquilo que o CDS é contra e promete atacar não se fala daquilo que o CDS já foi contra, já atacou, e agora é a favor, como o aumento dos impostos, ou o corte nas pensões de sobrevivência [auferida pelo viúvo e filhos dependentes do falecido] acima dos €300, ou o corte nas pensões e reformas, a TSU dos reformados e o "cisma grisalho" de Paulo 'Patriota' Portas, também por exemplo.
«o Governo "está a preparar um roubo às pensões dos funcionários públicos e está aberta a porta para que esse roubo seja extensível ao privado"»
E o sofrimento da mãe, pelo sofrimento do filho, since Setembro de 2012, e uma ida a Fátima dependente da rotura eminente, constantemente revogada, e revogável, pelo espírito de sacrifício na luta pela independência do "protectorado".