"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um Governo que, desde o discurso da tomada de posse até à apresentação do executivo no Parlamento, desde discussão do Orçamento do Estado à apresentação do PEC VI e sucessivas entrevistas dos sucessivos ministros e secretários de Estado, não se lhe conhece uma só única ideia sobre a Europa que não seja obey, obey, obey, o contrário é que seria de admirar.
Nunca da “comunidade islâmica” se ouviu um protesto, por mais tímido, contra a obrigatoriedade do usa da burqa do niqab ou do véu em países islâmicos, para todas as religiões e/ ou culturas sem excepção, até mesmo para uma “ocidental” em visita turística ou de trabalho.
(Imagem “Three women share a bench in Glasgow during a vigil for victims of the London bombings”, PA)
Trabalham comigo na empresa, brasileiros, ucranianos, russos e moldavos e, à porta da empresa, tenho romenas a pedir esmola com filhos de colo ao colo, enquanto os maridos aguardam julgamento no Estabelecimento Prisional de Setúbal por pertença a uma quadrilha de assaltantes de ourivesarias desactivada pela Polícia Judiciária, enquanto os filhos mais velhos, ou os mais velhos que não foram “dentro”, fintam os seguranças dos supermercados da cidade nos intervalos de esmolar nos semáforos da auto-estrada. Os ucranianos, russos e moldavos que trabalham na empresa detestam os outros, os que estão à porta, e não perdem uma oportunidade de os maltratar naquela língua que herdaram do ex-império soviético, e só isto dava, não um post mas um blogue.
Podemos falar das coisas com um mínimo de calma e de bom senso?
«Os ciganos portugueses vêm com APREENSÃO a chegada dos 'novos ciganos'. Sentem que os seus COMPORTAMENTOS DESVIANTES OU BIZARROS podem pôr em causa a integração».
Carlos Soares Miguel, cigano, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, no Expresso.
(*) Senão era um problema búlgaro e/ ou romeno, apesar de o ser na mesma.
(Imagem A homeless man sleeping on a sofa in the street, London, 1990, by Steve Eason via Hulton Archive/ Getty Images)
Uns milhares de miseráveis, ao abrigo da livre circulação de pessoas e bens, fugiram dos seus miseráveis países para a Europa rica e próspera, na esperança de continuar com o way of life que os miseráveis governos lhes negavam nos miseráveis países de origem. Mas o racista e o xenófobo é o filho dos imigrantes que chegou a Presidente de uma das maiores potências da Europa e do mundo.
Ouvi há bocado Ana Gomes dizer na SIC Notícias a propósito dos paraísos fiscais mais ou menos isto: “deste lado (Europa) foi um líder de Direita, Sarkozy, infelizmente, a propor o fim dos paraísos fiscais”.
Infelizmente porquê?! O combate à fraude, à evasão fiscal, ao crime organizado, é património da Esquerda? Depois admiram-se…
Da última vez que se ouviu falar em Bunker Europeu lá para as bandas de França, foi o que se viu e o que a história regista. Então, as expulsões não foram por via aérea como agora se pretende (sinais dos tempos). Foram por caminho-de-ferro. Em vagões para o transporte de gado.
Pode ser que esteja a fazer uma análise catastrófica; mas esta estória não vai acabar em bem.
- “exorciza el resentimiento paternal con la fórmula del parricidio simbólico”
- “un tipo de personalidad patológica y peligrosa”
- “tiene una similar relación infantil con el poder y con el sexo femenino”
- “padece una sobrevaloración de la potencia fálica, que se resiente del síndrome de la exclusión, que recurre a la violencia de la palabra y que es un hiperactivo incorregible”
Ou o estado a que chegou o Sun, perdão, o Independente, perdão, o jornalismo no outro lado do canal; ou as coisas de que realmente importa falar; ou o raio que os parta.
(Convidaram a Fátima Lopes e a camarilha da Tertúlia Cor-de-Rosa?!)
Luís Filipe Menezes usou o argumento Sarkozy como forma de credibilizar a sua proposta para retirar a publicidade da RTP. Já o havia feito para as televisões; torna a fazê-lo em artigo de opinião; hoje no Público.
Tal bastou para determinada direita ir logo a correr, rasgar e riscar as cobras e lagartos, os riscos e coriscos, que tinha dito e escrito sobre o homem. Como no futebol; de besta a bestial num click. Afinal temos (têm) líder capaz de disputar o lugar a Sócrates em 2009! E ontem, num zapping rápido por determinados blogues que me escuso de linkar (dêem-se ao trabalho e vão ver que descobrem com facilidade quais) já era possível notar as nuances no discurso sobre Menezes. Agora bom, mas mesmo bom, era Sarkozy a S. Bento em 2009!
O Metro de Paris. Com uma nuance. Não é uma virgem nua. Não são os barbudos. E só. O Resto é igual. Censura. Liberdade de expressão. Outros talibans.
Un cartel publicitario del semanario de información internacional 'Courier International' que jugaba con un titular del diario español 'El País' sobre el presidente francés, Nicolas Sarkozy, ha sido rechazado por el metro de París.
El director de 'Courier International', Philippe Thureau-Dangin, denunció que ese rechazo, revelado por el sitio web 'Rue89', de hecho es "una forma de censura bajo la cobertura de lo 'políticamente correcto'".
Imaginemos que havia um rally Lisboa – Bissau e que por motivos comerciais, durante x anos seria Paris – Bissau. Imaginemos que havia um atentado na Mauritânia onde morriam 4 cidadãos portugueses. Imaginemos que José Sócrates proibia a realização do rally invocando motivos de segurança por ameaça terrorista da Al-Qaeda…
Imaginemos tudo o que atrás foi escrito, só que em vez de Lisboa, era Madrid; em vez de “cidadãos portugueses” era “cidadãos espanhóis”; em vez de Sócrates era Zapatero. Imaginemos…
Imaginemos o que a direita lusa, e que se diz liberal – sublinho diz –, e que tem como ídolo Sarkozy zurziria. Como por exemplo zurziu quando Zapatero deu ordem de retirada às tropas espanholas no Iraque; cobardia, cedência à chantagem terrorista, e tal.
Imaginemos o que o cronista-ídolo da direita lusa, e que se diz liberal – sublinho diz –, Vasco Pulido Valente, escreveria na última página do Público num domingo; este domingo por exemplo…
Imaginemos…
Como nesta situação, aqui e aqui um silêncio de morte…
Aquela direita bloguista – e não só – que fez campanha eleitoral em Portugal por Sarkozy, como se depende-se dos votos dos portugueses a sua eleição para o Eliseu; que exultou e rejubilou com a vitória do candidato da UMP, é a mesma direita que não perde uma oportunidade – e verdade seja dita, com razão – de espetar umas farpas no nosso vizinho Zapatero pelas mais que muitas argoladas cometidas, nas cedências que fez, ao aceitar negociar e, por consequência, ficar refém de uma organização terrorista como o é a ETA. Foi, e é, a mesma direita que não perdeu a oportunidade nem o timming para cair em cima de Mário Soares – outra vez com razão – por defender as negociações directas com a Al-Qaeda, como a melhor forma de combater o terrorismo islâmico.
Essa direita Sarkozysta e anti-Zapatero anda alheada e esquecida. Esquecida de que a pedido de Sarkozy, o Presidente da Colômbia Álvaro Uribe libertou aquele que é considerado o ministro dos Negócios Estrangeiros das FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, umas das organizações terroristas mais sanguinárias da América Latina, com ligações ao narcotráfico. Esta direita sofre agora de amnésia súbita. Foram os primeiros – e mais uma vez, verdade seja dita, com razão – a denunciar a presença das FARC na Festa do Avante!, com pavilhão e tudo. Mas isso foi no tempo aS (antes-de Sarkozy). Ou será que, há quem tenha autoridade política para negociar com os terroristas? Há terroristas com quem vale a pena negociar e outros que nem por isso? Terroristas bons e terroristas maus?