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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Abanar o rabo com a língua de fora

por josé simões, em 10.08.23

 

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Nós, na nossa santa ignorância, pensávamos que a Jornada Mundial da Juventude significava debates, encontros, conferências, simpósios, palestras com direito a interpelações, etc, etc, conclusões, ideias, caminhos a apontar. Afinal o Papa, que às vezes é o Santo Padre e outras Sua Santidade, chega, diz meia dúzia de coisas que alguém com boa formação familiar e humanista ouve em casa desde que nasceu, respeitar o próximo, não discriminar, não olhar de cima, incluir, coise e tal - a angústia de Francisco ao constatar a igreja que herdou para ter de lhe dizer o óbvio, recebe quem muito bem entende receber sem dar cavaco a ninguém nem justificar opções, prontamente interpretados os sinais pelas pitonisas papais, que, pasme-se, são mais que os comentadores de futebol - o Papa quis dizer isto, o Papa quis dizer aquilo [se o quis dizer porque é que não o disse logo preto no branco e deixou a interpretação a cargo de terceiros?], e um grupo de patetas, denominados "jovens", faz barulho para as televisões, excursionistas que na novilíngua equivale a "peregrinos". A ideia de jovem e juventude que a ICAR tem é afinal a mesma desde que Pedro que, ao contrário do Papa ainda não era santo, pisou as ruas de Roma: os velhos falam e os jovens abanam o rabo com a língua de fora e vão encarneirados tomar o "corpo do Senhor". Amém.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

"Marcelo lamenta"

por josé simões, em 28.07.23

 

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É ir ao sítio da Presidência, secção Mensagens, "Marcelo lamenta", desde a morte do George Michael à do Artur Garcia, passando pela Gal Costa, o "menino Tonecas", a Linda de Suza, o Nicolau Breyner, um polícia anónimo. Marcelo não lamenta a morte de Sinéad O' Connor, nem sequer conhecia uma musiquinha que fosse. E também não era preciso rasgar uma foto de Sua Santidade, O Papa, em cima do palco. Não havia necessidade. Aqueles casos na Irlanda "não parece que seja particularmente elevado", a sua "convicção é de que haverá muitos mais". E também é sua a convicção de que o Bordalo nunca irá receber um medalha no Dia da Raça. [Se calhar também não queria, vai-se ver e o sacana é arraçado de Zeca ou Zé Mário Branco]. Por mais que lhe expliquem faz que não percebe que "era preciso, de facto, baixar" o preço do alta. E baixou-se. Os milhões em ajustes directos de última hora são imponderáveis que fugiram aos ponderáveis dos milhões em contratações de primeira hora. Mas há o investimento reprodutivo de toda aquela gente hospedada em pavilhões municipais, casas de fiéis, refeições incluídas como pediram os párocos nas homilias. O plástico na garrafinha de água. Logo agora que o Sousa Cintra já se deixou disso.

 

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Os camelos somos nós

por josé simões, em 14.07.23

 

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Depois do relambório que foram os milhões do contribuinte despejados em cima do Papa, que não queria que despejassem dinheiro em cima dele, isso era coisa dos mortais, que também não sabiam que o dinheiro que iam despejar era assim tanto, e mais o palco que o Papa também não queria tamanho dum filme do William Wyler, isso era coisa dos mortais, que também não sabiam que o palco era tamanho dum filme do William Wyler, caso contrário nem tinham planeado outro, no Parque,  tamanho do Quo Vadis, onde o Pedro, que ainda não era santo, fez um comício à luz da tocha dentro dum buraco aproveitando a inclinação do terreno.

E assim, à medida que o dinheiro que o Estado laico vai "investir" no picnicão da Igreja católica ia caindo nos telejornais, o ouvido do povo foi-se habituando à melodia, como aquelas músicas que não valem a ponta de um báculo mas que à força de serem passadas na rádio vão vendendo e chegam ao primeiro lugar do top. E depois nem eram tantos milhões assim quanto isso que os gajos são de boas contas com o dinheiro que não é deles e corrigiram prontamente e agora são poucos milhões assim quanto isso, e os palcos já não são tão grandes assim, são um cadinho menos tão grandes assim, e o da beira-rio vai servir para o Moedas trazer o Coachella e o Glastonbury e o caralho para Lisboa, vocês vão ver, ele até foi falar com os comerciantes da zona para manterem o comércio aberto, disse na televisão, não pode dizer que não disse, está gravado, porque os atrasados nem sabiam que podiam ganhar numa semana o que habitualmente ganham em dois meses, agradeçam ao Moedas esta lição de economia e empreendedorismo.

E no meio do barulho das luzes o "morreram todos" fez um telejornal em cima do palco, inaugurou-o, #ChupaFrancisco, e ninguém já repara nem no preço da alcatifa, apesar de assim a coisa estar ao contrário, o tal de sofrer na vida terrena para ganhar o Reino dos Céus, onde não há cardos nem picos, não é preciso a tal da alcatifa que está no palco, agora quero ver a cara do padre com a ladainha do sofrimento depois do chão alcatifado.

Nem ninguém repara nos milhões da câmara de Cascais para paramentos e outras alfaias religiosas, câmara rica, esta, um dia há-de ser feito um reajustamento territorial para excluir o Fim do Mundo e a Quinta das Marianas, só dão mau nome à zona.

Nem ninguém repara na única limpeza a que a câmara de Lisboa meteu mãos à obra desde que o camarada Moedas foi eleito presidente, a dos sem-abrigo da Avenida, ainda assim o senhor Francisco a meio da celebração fosse desatar a cantar "webaba silale maweni, webaba silale maweni, homeless, homeless, moonlight sleeping on a midnight lake, homeless, homeless" do Paul Simon perante o horizonte visual poluído até à Praça do Comércio, aqueles homeless onde o Marcelo vai com as televisões atrás entregar sopa e dizer boa-noite, calado que nem um rato, o Marcelo, beato.

Nem ninguém repara na mudança de nome do Alto do Parque para Colina do Encontro, estou mesmo a ver num futuro próximo, entram num táxi "leve-me à Colina do Encontro" e o taxista a olhar de lado "quem é este pacóvio?" .

 

Como dizia o Mateus em 19:16 "É mais fácil um camelo passar por o buraco duma agulha que um rico". Os camelos somos nós, apesar do dinheiro dos ricos ser nosso.

 

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Esgotamento

por josé simões, em 26.06.23

 

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Os nómadas ignoravam fronteiras e andavam com o gado de pastagem em pastagem até a esgotarem, por oposição aos sedentários que se dedicavam à agricultura e à pecuária. São conceitos que ainda se aprendem na escola. E perceber esta diferença faz toda a diferença para perceber o esgotamento da pastagem de Lisboa, para os que estão e para os que passam.

 

Popularidade de Lisboa está em queda entre os nómadas digitais: rendas altas e população “hostil” levam muitos a procurar outros destinos

 

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O Ervilha nunca falha!

por josé simões, em 25.05.23

 

Screenshot 2023-05-25 at 22-12-46 Será que ainda reconhecemos a Setúbal do início dos anos 1980.png

 

 

Marcelo foi à Feira do Livro de Lisboa fazer que via livros para dizer coisas ou dizer coisas a fazer que via livros, tanto faz, podia ter sido a Feira do Pão, Queijo e Vinho em Azeitão ou a Feira da Bagageira num sítio qualquer. Que tem dado prioridade à guerra e coise, que não tem mais nada a acrescentar àquilo que já disse, que quando tiver alguma coisa a dizer, diz, ou seja, já daqui a minutos, que vai convocar um Conselho de Estado para daqui a dois meses, quando o pagode estiver a banhos de Verão, o enésimo Conselho de Estado convocado desde que é Presidente da República, como se o Conselho de Estado tivesse um papel determinante na governação do país, como se Marcelo fosse Macron, nesta construção criativa dos poderes do Presidente da República. Quem chegasse da Lua e desse com isto pensava, "é pá, sim senhor, temos aqui um Presidente e peras". E falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e volta e meio pontuava o monólogo com um sorriso de orelha a orelha, "já viram como sou genial e muito mais inteligente que vocês, jornaleiros investidos de jornalistas?", pensava. E no meio daquela floresta de microfones, telemóveis e gravadores de som empunhados por jornalistas da Farinha Amparo há uma voz feminina que não uma, não duas, mas três vezes tenta perguntar uma merda qualquer a Marcelo antecedida de um "senhor primeiro-ministro". "Mission accomplished". Era a esta dimensão que Marcelo queria chegar, vai ao âmago dos totós com a cumplicidade ignorante dos palermas.

 

["Já sabem que eu estou aqui? O Ervilha nunca falha!", era o pregão do senhor na imagem, que em Setúbal vendia castanhas no Inverno e gelados no Verão, confeccionados com a água da Fonte do Quebedo, onde as mulas e os burros dos estafetas bebiam, antes de haver DHL e o caralho]

 

 

 

 

A evolução das espécies

por josé simões, em 15.05.23

 

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O idiota

por josé simões, em 03.04.23

 

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[...] e depois também esta parte de que menos se fala, três crianças que são os filhos deste, deste assassino, ele é um assassino mas as crianças não têm culpa, são afegãs mas são crianças [...]. Marques Mendes, um génio do comentário, a partir do minuto 23:14.

 

 

 

 

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é a mesma coisa

por josé simões, em 29.03.23

 

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O ataque desta manhã é um crime hediondo que a justiça deve punir exemplarmente. Manifesto a minha solidariedade e pesar às famílias das vítimas e ao Centro Ismaili de Lisboa. Cumprimento a PSP pela rápida e eficaz intervenção. Luís Montenegro no Twitter.

 

Foi com profunda tristeza que soube do ataque fatal ocorrido hoje em Lisboa, um acto chocante que merece uma profunda condenação. Aos familiares e amigos das vítimas presto as minhas condolências. Rui Rocha no Twitter.

 

"PS e BE chumbam audição do ministro do MAI sobre ataque ao Centro Ismaili"

Requerimento do Chega foi chumbado com os votos contra do PS e do BE. O pedido de audição urgente do ministro da Administração Interna teve a abstenção do PAN e os votos favoráveis do Chega, PSD e Iniciativa Liberal.

 

Entre a "solidariedade", o "pesar", as "condolências", o "acto chocante", o blah-blah-blah de encher chouriços e meter cara de luto, e o circo montado pelo Chega, e chumbado pela maioria PS/ BE no Parlamento, tivemos o director-nacional da Polícia Judiciária a afastar o terrorismo como motivo condutor para os homicídios. São os fachos educados que se aproveitam do que o facho grunho diz à boca cheia para manifestarem o que só ousam pensar em privado. 

 

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Duas perguntas simples

por josé simões, em 28.03.23

 

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O que é que vai na cabeça de um gajo que atravessa o Mediterrâneo numa embarcação manhosa, à mercê das redes mafiosas de tráfico de humanos, que se vê  viúvo na Grécia num incêndio num campo de refugiados, sozinho em Portugal, pai de três menores num país estrangeiro, para fazer uma merda destas?

 

André Ventura tem pai, tem mãe, tem avós, tios, primos, família, não nasceu de geração espontânea, acaso a algum jornalista já lhe passou pela cabeça ir saber o que é que a família pensa, o que é que falhou na educação para sair, e vou ponderar bem os termos, um monte de merda desta envergadura?

 

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Manual da Civilidade

por josé simões, em 04.03.23

 

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               "Memorial no cu dos outros para mim é refresco"

 

 

 

 

Nas barbas do Ventas e do homem sem Pass(os)ado

por josé simões, em 09.02.23

 

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Imigrantes em Portugal só "se tiverem contrato de trabalho" deixou cair Carlos Moedas numa entrevista à Rádio Renascença. O mesmo Moedas  dos unicórnios, das startup's, dos nómadas digitais, dos vistos gold, e que sabe perfeitamente no que assenta o modelo de crescimento da "cidade que está na moda": turismo alimentado pelos baixos salários e precariedade, dos uber - eats e driver, aos tuk tuk, passando pelos alojamentos locais e quem lhes faz a manutenção, à restauração e hotelaria, e às hordas de apalavrados em trabalhos de construção civil e reparações. Uns sem os outros não funcionam e, ao invés de exigir regulação, fiscalização, legalidade e respeito pelos direitos, humanos e laborais, veste uma pele de xenófobo e de uma penada passa a perna ao ex camarada de partido, Ventas, alçado em Le Pen de trazer por casa,  ao líder em funções, o homem sem passado, o passado chama-se Passos, e coloca-se à frente dos dois, a arrebanhar votos a um, a posicionar-se para a sucessão do outro. Moedas não é tolinho, pode parecer mas não é.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

Três pecados mortais

por josé simões, em 01.02.23

 

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Podemos não ter o altar-palco no formato Zeppelinfeld de Nuremberga e o palco-altar em Minecraft, no alto do Parque, e haver na mesma o famoso "retorno", por que tanto anseiam alguns "famosos".

Assim como não é necessário evento nenhum, religioso ou outro qualquer, para investir o mesmo dinheiro e reconverter a zona. Mas há o factor "cagança" que é o que parece pesar mais.

A soberba, a luxúria, a gula, três pecados mortais de que enferma a direita, beata e temente a Deus, por detrás da organização do comício da ICAR.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

A Vida de Moedas

por josé simões, em 26.01.23

 

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Eu vou fazer aquilo que for a vontade da igreja

 

CarlosMoedas, presidente da Câmara de Lisboa, 113 anos depois da implantação da República e do Estado laico.

 

 

 

 

A tropa-fandanga das "obras para o futuro"

por josé simões, em 26.01.23

 

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Um interessante trabalho de jornalismo era recuperar o que Carlos Moedas, Filipe Anacoreta Correia, e restante tropa-fandanga, escreveram e disseram sobre o dinheiro do contribuinte enterrado nos estádios do Euro 2004, à época também eles apresentados como uma "obra para o futuro" e "investimento com retorno", damos-lhe um porco e recebemos de volta um chouriço.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

Uma história com barbas

por josé simões, em 24.01.23

 

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Em 2014, Pedro Mota Soares ministro CDS na Solidariedade, Emprego e Segurança Social, meteu o IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional  a assinar protocolo com a McDonald’s, em 2023, uma semana antes da inspecção do trabalho espanhola ter pedido "multas de 57 milhões de euros para a empresa de entregas Glovo por empregar "falsos recibos verdes" e por trabalho ilegal de 813 estrangeiros sem situação regularizada no país",  Carlos Moedas, secretário de Estado no mesmo Governo de Mota Soares, foi desafiar a Glovo para que Lisboa seja "uma cidade de inovação". Direita radical e "inovação" em precariedade laboral, trabalho ilegal, e ausência de direitos e garantias, uma história com barbas.

 

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