"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Começam agora os exercícios de entretenimento na desmontagem das teses que os votos não foram do PCP para o partido da taberna que, ao contrário do que muitos alardeiam, está aí vivinho da silva e para as curvas, quando a verdadeira questão, no partido da "análise histórica" e do "materialismo dialéctico", aquela questão que vale um milhão, devia ser "porque é o taberneiro a chegar a esse eleitorado e ainda a recuperar algum à abstenção?" e não o PCP, que vai minguando eleição atrás de eleição.
O Twitter de Marcus Santos, Vice-Presidente da Comissão Política Distrital do Porto. Conselheiro Nacional do partido CHEGA. Ex-atleta profissional. Deputado eleito pelo círculo eleitoral do Porto à Assembleia da República. Brasileiro. Estas duas últimas acrescentei eu.
E depois os comentários ao tweet:
"Já que vais “representar” o povo português podias pelo menos esforçar te para falar em português.". "vais estar no Parlamento Português, podes por favor começar a falar em Português, o Português de Portugal. Obrigado". "Vi num video que disseste "Portugal aos portugueses". Porque é que estás num partido português, agora deputado, não sendo português?". "Não nos representas. Desaparece". "Aprende a falar português se quiseres representar os portugueses, é o mínimo que podes fazer.". "Não representas nem Portugal nem os portugueses. Foste um erro de casting, uma má escolha que o partido Chega se vai arrepender e muito. O tempo me irá dar razão. Entretanto por favor, tenta não falar muito na AR, é que só sai merda dessa boca fora.". "Sempre vai ganhar mais que o RSI...". "Bosta!". "volta para a tua terra mas é". "O Tio Tom foi eleito?". "vão ter que levar" o quê, meu senhor??? O senhor foi, realmente, alfabetizado em português? Não lhe causa qualquer rubor se expressar, na terra de Camões, tão terrivelmente?". "Vais limpar as retretes da assembleia??". "Vergonha nacional. Que desilusão, foda-se!". "Pretos para a terra deles.". "completamente patético e vergonhoso". "não nos representas, brasileiro."
E no fim ficamos todos a saber que os comentários não são de trols eleitores do partido da taberna: "Acho piada aos comentários. A malta de esquerda vem toda aqui para aliviar a azia. O melão é tão grande, que até choram!". Atacado e insultado pelo próprios camaradas que afinal são todos da esquerda ressabiada. Que nome é que se dá a isto? Idiotas úteis, parafraseando o chefe.
Caos no Serviço Nacional de Saúde, caos na escola pública, falta de profissionais - médicos, enfermeiros, professores, especialistas; greves dia sim dia sim, com os transportes à cabeça a tirarem do sério qualquer um; descontentamento nas polícias, bombeiros e forças armadas, não entrando no problema habitação que passou a ser problema desde que uma casa deixou de ser um bem de primeira necessidade para passar a activo financeiro; o caldo que potenciou a ascensão do partido do taberneiro nas urnas, o tal partido que "não tem capacidade de expor e resolver problemas concretos das pessoas [e que agora fica] com a capacidade de influenciar a agenda da direita moderada na próxima legislatura". O PS, com o senhor à cabeça enquanto ministro das Finanças, obviamente não tem nada a ver com isto. Obrigado Fernando Medina pela lucidez da análise.
Os votos dos emigrantes valem zero, vamos começar a ouvir os partidos, schnell, schnell, mesmo em coligação, que essa coisa das coligações terminarem no dia a seguir às eleições é coisa que não dá jeito a Marcelo. Até dia 20, o dia em que são apurados os votos que não valem nada, os dos emigrantes, tem de ficar o assunto despachado, schnell, schnell. Os cofres estão cheios àespera de Montenegro. Afinal somos um país rico. Viva!
"Estou contente". "Era preciso fazer qualquer coisa". "Vamos lá a ver desta". "Era preciso mudar". "Eram sempre os mesmos". "Uma vez uns, outra vez os outros". "Anos inteiros nisto". "A gente a trabalhar e eles no subsídio". "Foram para a política para se encherem". E "eles" nem sequer ganharam nada, foram a terceira força política mais votada, mas a dinâmica do discurso é a da vitória e da mudança, e esta percepção na opinião pública já é uma cabazada ao "sistema". Basicamente era este o teor das conversas, hoje no Fertagus, entre pessoas banais, daquelas com roupa das obras, das limpezas, fardas de segurança, pronto a vestir do mercado, nikes e lacostes da candonga. * No comboio descendente vinha tudo a gargalhada, uns por verem rir os outros, e os outros sem ser por nada.
Pedro Nuno moderou-se para conquistar o centro, que é como quem diz, Pedro Nuno abdicou de ser quem é para chegar a primeiro-ministro, porque as agências de comunicação, e outros artistas da "engenharia política", lhe disseram que é assim que a coisa funciona. O "mítico centro".
O taberneiro radicalizou-se ainda mais que o habitual, berrou, insultou, apontou o dedo a tudo e a todos, mentiu com quantos dentes tem na boca, lançou falsas acusações, e berrou outra vez, porque o seu instinto político assim lho ditou. E no final da noite tinha tinha roubado uma talhada de eleitores ao centro, onde aliás nasceu, recuperado um ror de eleitores à abstenção, e acabou a meter o centro no centrinho.
Todas as conquistas tiveram origem em lutas iniciadas por radicais em busca de uma utopia. E pelos vistos todos os retrocessos também. E onde é que ficou o centro? A trabalhar afincadamente na motivação dos radicais.
Hoje, dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher, que é uma evocação à família, à maternidade
Luís Montenegro, líder do PSD e candidato a primeiro-ministro, à Estufa Fria em Lisboa, no almoço do último dia da campanha eleitoral para as Legislativas de 2024.
Ao contrário do que agora parece ser moda toda a gente defender, com argumentos que vão desde o anacronismo ao faz de conta passando pela infantilização do eleitor, achamos que o alegado "Dia de Reflexão" é deveras importante e deve continuar enquanto houver democracia, por ser aquele dia em que finalmente as pessoas têm alguma paz de espírito e descanso nas suas vidas, depois de duas semanas de berraria, insultos e propaganda manhosa. Serve para limpar a cabeça. Viva o Dia de Reflexão viva, pim!
Há cerca de 745 mil funcionários públicos em Portugal. Na visão da IL, quantos deveria haver?
Nos últimos anos foram admitidos cerca de 90 mil funcionários, nos governos de António Costa - 90 mil funcionários a mais do que havia quando iniciou funções. Para uma legislatura, aquilo que estamos a dizer, se com esta média de saída de 20 mil funcionários, 15 mil por ano, estaríamos a dizer que reduziríamos cerca de 40 mil funcionários públicos até ao fim da legislatura. Sempre com este mecanismo de reforma, não estando aqui em causa nenhum tipo de negociações antecipadas e outras questões.
Depois do Calcitrin para reforçar os ossos, que acaba a dar cabo dos intestinos, coração e rins; do Viva Melhor, o livrinho que dispensa o psicólogo e ainda oferece uma embalagem de Ómega Gold, que é bom para o cérebro, o coração e ainda previne processos inflamatórios; e de se fazer de mouco para vender aparelhos da Acústica Médica, Manuel Luís Goucha apela ao voto na AD, depois de ter lavado a imagem a um neo nazi condenado. Manuel Luís Oliveira de Figueira Goucha.
O taberneiro sabe o nome da avó da Mariana, o taberneiro sabe o nome dos "terroristas do Raimundo" e dos "terroristas do Bloco", o taberneiro sabe o nome do gajo que no Twitter lhe vai roubar a eleição nas urnas, o taberneiro sabe o nome da escola dos filhos do Tavares, o taberneiro sabe como recuperar todo o dinheiro da corrupção, o taberneiro sabe tudo sobre a herança da mãe do Sócras, o taberneiro sabe tudo sobre os negócios da Sousa Real dos animais, o taberneiro sabe tudo sobre o percurso do Pedro Nuno desde a escola primária, o taberneiro sabe como tirar o dinheiro da economia paralela, o taberneiro sabe o nome de quem na casa-mãe lhe vai viabilizar um governo, quer o Montenegro queira ou não queira, o taberneiro sabe tudo só não sabe o nome dos financiadores da agremiação a que preside.
Havia nos 70's nas Fontainhas em Setúbal a Taberna do Papagaio, com o psittacidae que lhe dava o nome em cima duma lata de bolacha Maria de folha, quando a dita era vendida avulso dentro de um cartucho de papel, a repetir "gatuno! gatuno!" sempre que alguém se afastava do balcão sem pagar.
Invocar a "estabilidade" e a "ingovernabilidade" do país para justificar uma aliança pós eleitoral com um partido xenófobo, racista, homofóbico, misógino, pejado de neo fascistas, nazis declarados, saudosos do Estado Novo, oportunistas e delinquentes, é tudo o que lhe quiserem chamar menos preocupação com responsabilidade e estabilidade governativa.
O taberneiro descaiu-se e afiançou que uma das "forças vivas" do PSD que quer o bando de delinquentes como solução governativa é Ângelo Correia, o pai da criança Passos Coelho, das "gorduras do Estado" e da "subsidiodependência" e da "peste grisalha", o Ângelo Correia que em 24 de Outubro de 2011 aceitava o "corte de 14% nas subvenções vitalícias de ex-políticos que trabalhem no sector privado" mas não a sua eliminação por se tratar de um "direito adquirido" [link morto], o Ângelo Correria que um ano antes, a 14 de Junho de 2010, defendeu nas páginas do Correio da Manha [sem til] que "o direito à saúde, ao ambiente, à habitação e à educação deve estar dependente da capacidade financeira do Estado, que "em boa verdade, e numa democracia, "adquiridos" são os direitos à vida, à liberdade de pensamento, acção, deslocação, escolha de profissão, organização política e outros direitos correlatos" [link morto]. É o que vos espera, todos os direitos são adquiridos mas há mais direitos adquiridos que direitos adquiridos na "limpeza de Portugal".