"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Deve ler-se: "e não convém ir além de meados do século passado", até Teerão em 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 1943, quando Ioseb 'O Pai dos Povos' Džuğashvili, em encontro extra-conferência, propôs a Reza 'Rei dos Reis' Pahlavi o estacionamentos de divisões de tanques T-34, acompanhados dos respectivos oficiais, em território Persa. A Estaline não chegava a Polónia, a Checoslováquia, a Roménia e os estados bálticos numa bandeja, queria mais.
Foi diplomaticamente declinado pelo Xá e o resto é História. E estas análises, convenientemente simplistas, da repartição do mundo no pós-guerra criam convenientes hiatos na História.
Independentemente da ideologia, independentemente das diferenças [que as há, e não são assim tão poucas] entre o nazismo e o comunismo, independentemente do nazismo e do comunismo eles próprios, a cegueira ideológica destas alminhas impede-as de perceber que a vitória do Exército Vermelho sobre o nazismo significou para os outros povos, os povos “libertados”, apenas uma troca de “libertador”, que é como quem diz apenas a troca de opressor. É que terminada a guerra os amAricanos foram embora, os russos ficaram. E impuseram o regime. Um pormenor.
Atente-se ao pormenor, ao que realmente interessa. A grande preocupação não era qual o destino daqueles milhões de seres humanos, até ali vizinhos, colegas de escola, colegas de trabalho, amizades de gerações, não, a preocupação era saber qual o destino dado aos animais deixados para trás:
"Indeed, when they started interning Jews, the newspapers were flooded with outraged letters from Germans wondering what had happened to the pets they left behind.
E esta é, para mim, a parte para levar a sério, aquela que nos devia deixar todos a pensar.
Depois há o rafeiro que aprendeu a falar e a primeira coisa que disse foi 'Mein Führer' quando inquirido sobre quem era Adolf Hitler. E aquele outro, o Rolf, que dissertava sobre religião, além da falar línguas e escrever poesia, talvez por ser de raça, Airedale terrier, talvez com ascendência britânica e possivelmente educado no seio de uma família judaica, penso eu de que. E um, patriota, que logo pediu para ser alistado no exército porque não gostava de franceses…
Isto é tão, mas tão surreal, para sair nas páginas de um prestigiado Telegraph, que ainda não estou em mim:
Disponíveis desde hoje on-line mais de 20 mil obras de arte saqueadas pelos nazis em França e na Bélgica entre os anos de 1940 e 1945, e prontas para serem devolvidas aos seus legítimos proprietários.
Se Sousa Mendes salvou mais vidas que Schindler porque é que não tem um nome tão conhecido/ famoso?
«With the Nazi invasion of France came an order from Portugal that no Jews or dissidents be granted passage. But one man stood tall against the decree – and in issuing visas for 30,000 people, Aristides de Sousa Mendes was to risk everything. Seventy years on, the people whose lives he saved are battling to restore his honour...»
«En un último momento se le entrega al líder de la escuadra una bandera de 1,37m x 0,71m para que sea colocada en la cima. Con ellos se encuentra Louis R. Lowery fotógrafo de la revista Leathermeck que captura el momento.»
E já nem falo na argumentação que “exige” o desarmamento e a liquidação das armas nucleares ao Japão e o “proíbe” de uma «autonomia militar» a pretexto de uma alegada «corrida aos armamentos», não se aplicar, por exemplo, aos fascistas venezuelanos.
Infelizmente já estamos todos habituados a estes exercícios circenses nas páginas do órgão oficial dos comunistas portugueses…
(Na imagem Leopold's Underwood Typewriter, 1924, via Chicago Tribune)