Burn, baby, burn
No day after às eleições vamos estar todos nos media e nas redes a concluir que António Costa passou tempo demais a falar de Rui Rio na campanha eleitoral?
[Imagem de autor desconhecido]
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No day after às eleições vamos estar todos nos media e nas redes a concluir que António Costa passou tempo demais a falar de Rui Rio na campanha eleitoral?
[Imagem de autor desconhecido]
No tempo de antena do bando de alucinados que Santana Lopes arregimentou para fundar um partido que dá pelo nome de "Aliança", e do qual se pôs ao fresco mais depressa que o trabalho de parto, depois de chocar de frente com a realidade que é o valor da marca "PSD", pede-se "uma direita liberta do passado".
[A imagem é minha, propositadamente desfocada por causa do passado que "está lá atrás"]
"Há cada vez mais funcionários públicos em Portugal". "Temos de pôr fim a esta rebaldaria geringonço-socialista". "A extrema-esquerda aposta no funcionalismo público porque é a sua base eleitoral". "Chulos". "Manhosos". "Ide mazé trabalhar!".
"Há falta de tudo, tropa, médicos, professores, enfermeios, polícias". Depois a tropa, os médicos, os professores, os enfermeiros, os polícias, os auxiliares de acção educativa, os auxiliares médicos, os funcionários burocráticos que faltam para assegurar o regular funcionamento do Estado são contratados e a direita que antes berrava pelo exagerado número de funcionários públicos e depois berrou com a falta de funcionários públicos berra outra vez com a contratação dos funcionários públicos em falta. É um espectáculo deprimente.
Ventas sai à rua à frente de um bando de fascistas, vestido de colete amarelo a apelar à insubordinação, no dia a seguir a direita dita democrática, que não enjeita coligação com o Chaga para se alçar ao poder, aos magotes em acção concertada, indigna-se nas "redes" com uma manif de ciclistas no mesmo dia em defesa de uma ciclovia.
Com a vossa kultura democrática"enganam quem quiser ser enganado.
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A direita, que desde o início da pandemia clama que o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública estão em falência por falta de médicos, enfermeiros, professores, auxiliares, et cætera, profissionais dispensados, ou não contratados para colmatar faltas e falhas nos serviços, com o argumento do "emagrecimento do Estado" quando a direita foi poder, é a direita que agora protesta contra o maior aumento de funcionários públicos nos últimos nove anos, por via do "despesismo socialista" que não olha ao dinheiro do contribuinte. Confusos? Nope, a ideia é desmantelar o Estado social e meter o contribuinte a pagar o lucro do negócio da saúde e do ensino privado. Pelo caminho diz que a esquerda é contra o lucro.
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A terceira ideia é que a direita está sustentadamente a ganhar ímpeto, imune ou até reforçada pelos ataques que lhe são dirigidos e mesmo com o CDS (0,9%) a passar o pior momento da sua história. Juntos, bastam Chega e Iniciativa Liberal (13,2%) para ultrapassar a esquerda radical composta por BE e PCP (12,6%).
Joana Petiz, ponta-de-lança da direita radical no Diário de Notícias, num texto que nos explica que "radical" é a esquerda, que os salazaristas bafientos Diogo Pacheco de Amorim e Carlos Clanco de Morais são "Novas marés, melhores marinheiros" - "juntos bastam", e que acaba a classificar como radicalmente conservadores o PCP e o... Chega.
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Uma corja saudosa de um tempo que não viveu - Portugal orgulhosamente só e ausência de qualquer liberdade que não a do regime suprimir a dos cidadãos, organiza um arraial debaixo da lona "Europa e Liberdade". Engana quem quiser ser enganado.
O comissário marcelista para o Dia da Raça em Portalegre escreve hoje que "a velha direita tem de aprender a conviver com nova direita" contra o risco do país ficar nas mãos da esquerda até 2030. Ler: o PSD e o CDS, à imagem do que fizeram nos Açores, se quiserem alçar-se ao poder têm de perder a pouca vergonha que lhes resta e aliarem-se à "nova direita". O comissário marcelista para o Dia da Raça em Portalegre chama "nova direita" à direita que foi apeada do poder faz dia 25 deste mês 47 anos. Não há memória. Não interesse que haja memória. E não há neste momento maior normalizador do fascismo em Portugal do que o comissário marcelista para o Dia da Raça em Portalegre. Militante, já merecia um lugar no Observador.
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O dia em que ficámos todos a saber que o PS, com 37,6% nas intenções de voto, é ultrapassado pela direita "graças ao fôlego dos liberais", com uns estratosféricos 5,7%. Mas como é que possível a alguém que circula a 6 à hora ultrapassar outrem que vai a 40, seja pela direita ou seja pela esquerda? É que "a soma dos partidos à direita volta a ser superior à projecção eleitoral dos socialistas", apesar da soma dos partidos à esquerda - PS + BE + PCP + Livre, ser 52,4%, contra os 39,5% da direita - PSD + CDS + Iniciativa liberal + Chega. Maioria absolutíssima de esquerda [o PAN, por não ser carne nem peixe, sem piadismo, não foi considerado nesta soma].
Não se desse o caso de em Portugal cada vez menos gente ler jornais e ainda muito menos o Diário de Notícias e dos que lêem, quer à esquerda quer à direita, saberem fazer contas, isto era mais uma acção de propaganda manhosa para a maioria dos antigamente informados pela leitura das gordas.
A direita que, contra a opinião avisada dos médicos, virologistas, intensivistas e epidemiologistas, pediu a "salvação do Natal" para culpar o Governo em Janeiro pela abertura dada enquanto exigia um novo confinamento em Fevereiro, é a direita que hoje, com o país a atingir o índice de contágio mais baixo desde o início da pandemia e o mais baixo da Europa, pede o desconfinamento já, antes de Março, para lá mais para a frente assacar culpas ao Governo pela abertura dada na Páscoa. Confusos, vocês? Não, é mesmo a raça deles.
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Um conjunto de personalidades do espaço "não-socialista", que marcou presença na apresentação do movimento de direita "cinco para as sete" de Miguel Morgado, faz abaixo-assinado a de[s]marcar-se de "nacional-populistas, xenófobos e autocráticos" lado-a-lado com trumpistas de trazer por casa, há quatro anos a dar à pena na imprensa na desvalorização do nacionalismo-populista, da xenofobia e racismo, da autocracia, uns em modo sério, outros em modo palhaço rico, e não convidam o guru para abrilhantar o evento. Espera aí que o pai já vai.
A direita que nos idos da troika depois de ter cortado o 13.º mês permitiu a diluição do subsídio de férias em 12 vezes para que as pessoas não sentissem o rombo no orçamento no final do mês é a direita que agora diz que a mexida na taxa de retenção mensal do IRS pelas mesmas razões é uma trafulhice socialista.
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E voltamos a uma "guerra" antiga que é gajos a quem nunca se ouviu uma palavra ou leu uma linha, uma só, de condenação às ditaduras militares sul-americanas, by appointment of USA, indignados quando alguém celebra Che, parido, criado e engordado pelas ditaduras que nunca condenaram.
[Na imagem, minha, a capa da defunta revista Atlântico]
A moral da direita é uma coisa do caralho. Morreu o Álvaro Cunhal, uma festa nos blogues. Morreu o José Saramago, uma alegria, o Sousa Lara devia era tê-lo vetado duas vezes. Morreu o Mário Soares, uma festa no Facebook e no Twitter para celebrar a morte do gajo cujo percurso político criou as condições que permitiram à direita celebrar a sua morte. O Trump "está", entre aspas, infectado com a Covid 19, depois de meses a gozar com a Nancy Pelosi por usar máscara, a diminuir as capacidades intelectuais de Joe Biden, enquanto fazia alusões à sua fraqueza, à sua idade, enquanto largava piadas sobre o distanciamento social, algumas em pelo debate para as presidenciais, é pá, respeito pelo oponente, decência, civilidade no debate, democracia, e o caralho. Estamos conversados.
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No tempo do Facebook, do Instagram, do Twitter, do WhatsApp, da CCTV, do reconhecimento facial, da Via Verde, do Multibanco, da factura electrónica, do raio x no aeroporto de Total Recall com Schwarzenegger, dos ácaros de Estado em e-mails privados, no tempo do algoritmo, só possíveis por causa do capitalismo e da livre iniciativa individual, como os liberais não se cansam nunca de repetir, querer meter Orwell e 1984 numa qualquer distopia "totalitária comunista" é assim a modos que... imbecil, não tivesse a discussão chegado ao Parler, território de teorias da conspiração diversas, da QAnon, do "marxismo cultural" financiado por Soros, das vacinas pagas por Bill Gates e inoculadas para geolocalizar e referienciar cidadãos, das antenas 5G, depois de nascida no Facebook em sectores da direita dita democrática e inteligente.
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