"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Eu, como gestor, sempre me dei bem com a avaliação de desempenho"
Pedro Passos Coelho para Catarina Martins do Bloco de Esquerda no debate quinzenal na Assembleia da República, certamente sobre a sua vida profissional na Tecnoforma. [Via].
A coisa é fácil de explicar e até os putos do 5.º ano de escolaridade conseguem perceber:
Ao patrão convém que os outros patrões aumentem os salários aos seus empregados – receber mais significa maior disponibilidade e apetência para mais gastar, e se houver mais dinheiro a circular a economia cresce – mas não lhe convém aumentar os salários aos seus empregados porque isso implica arcar com a totalidade do custo e receber apenas uma pequena parte do benefício, menor mais-valia. É por isso que tem de haver regulação e deve ser o Governo, em sede de concertação social, a definir o valor do salário mínimo nacional.
Trabalhar a troco de comida na mesa, cama e roupa lavada, de certeza que resolveria, para todo o sempre, o problema do desemprego em Portugal, na Europa, no Mundo [e também faria disparar exponencialmente a mais-valia, mas isso agora também não interessa nada]. Ainda assim assistiríamos a Pedro Passos Coelho, no debate quinzenal e do alto da tribuna, argumentar que vivemos tempos de crise e de recessão e de reformas estruturais e que isso da roupa lavada não pode ser porque o preço da água e dos detergentes e as empresas não podem e por aí.
O que eu gosto neste Governo PS/ Sócrates, é que de cada vez que vai ao Parlamento tira um coelho da cartola; apresenta uma novidade, mesmo que seja uma remix de algo anteriormente apresentado pela oposição.
Corrijam-me se estiver errado, mas isto é absolutamente inédito na história da Democracia portuguesa.
O dia de hoje fica para a História da Democracia em Portugal. À hora em que publico este post, via Twitter, o debate quinzenal na Assembleia da República está a ser comentado em directo e em simultâneo por deputados e por cidadãos. E eu vi para contar aos netos.
(Já agora, e para os que ainda não repararam, o meu está mesmo lá no fundo do blogue)