"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
100 anos separam estas duas fotos. Em 1923 Estaline apagava Trotsky da foto com Lenine no palanque, em 2024 os Estalininhos de trazer por casa, Montenegro & Melo, apagam Freitas do Amaral do acto da criação da Aliança Democrática. A foto é manipulada pelo Volksvargas, mas o princípio é o mesmo. Agora imaginemos que esta gente se alça ao poder.
"11:38 Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela. 11:39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias."
Há jornais que ninguém compra, sem vendas auditadas, mas que continuam religiosa e regularmente a sair na hora marcada e a gente pensa "mas c' raio, quem é que, e porquê, se mete a perder dinheiro desta maneira?". Só que de vez em quando sai-lhes destas, uma sondagem de primeira página sobre uma coisa anunciada no dia em que o jornal foi feito e ficamos a perceber tudo.
O que resta do CDS beato foi ao Beato ver como param as modas para o picnicão do Vaticano que vai acontecer em Agosto e, para o uso que lhe aprouver, ofereceu à organização do evento a sede do partido, propriedade do Patriarcado de Lisboa, que por quebra de receitas que lhe permitam pagar a renda já foi alvo de OPA pela outra metade do antigo CDS, os matacões e matarruanos do Chaga...
"O meu passado chama-se Passos", proclamou o homem sem passado quando se alçou ao cadeirão em S. Caetano à Lapa, o Passos do "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer", mas [agora] "nós no PSD queremos tirar o país do empobrecimento", disse Luís Montenegro, sem meter a cara de Danny Kaye, imagem de marca durante anos, alguém na entourage lhe deve ter dito que estar sempre com ar de gozo não caía bem na rua. Pelo meio largou umas baboseiras sobre as culpas do PS no estado lastimoso em que se encontra a ferrovia, mas a gente já nem liga, não nos esquecemos dos fundos comunitários para o alcatrão e dos Manéis Queirós desta vida nomeados para a CP.
O cónego Melo, à nora no Largo do Caldas desde que o Ventas roubou as cadeiras do parlamento ao Chicão e anunciou que a seguir vai roubar a rua à esquerda, lol, veio para a manif dos stores, de mãos nos bolsos, com uma a fazer uma figa, com a outra a agarrar um crucifixo, "vai de retro comunismo!", "t' arrenego reviralho!", anunciar que questionou Bruxelas, se lá foi ou se mandou e-mail não disse, sobre contagens de tempo suspenso no tempo em que o CDS rejubilou com a troika e apontou a porta da emigração aos docentes.
O bispo do Porto exortou os fiéis a cumprirem uma Quaresma de penitência por causa dos pecados da Igreja. Uma artista este Linda, que é dom Manuel, segundo a televisão pública do Estado laico. Os padres abusaram sexual e psicologicamente dos putos, mentiram à comunidade com a Bíblia na mão e a "palavra do Senhor" na boca, mas quem cumpre a penitência são os pais, os familiares, os amigos dos ditos. Espectáculo.
[...] por outras palavras, a principal diferença entre o partido anglo-saxónico e o partido continental é que o primeiro é uma organização política de cidadãos que precisam de agir em conjunto para poderem agir com eficácia, enquanto o segundo é a organização de indivíduos privados que querem proteger os seus interesses contra a interferência dos negócios públicos.
Hannah Arendt em As Origens do Totalitarismo ou o tripardidarismo, PS/ PSD/ CDS que tem governado a democracia portuguesa, explicado.
"É básico, não é?" que se o Governo taxasse os bens alimentares essenciais a 0% ia aumentar ainda mais a margem de lucro dos patrões e accionistas, tal e qual a lengalenga do Ilusão Liberal com o imposto sobre os produtos petrolíferos, ninguém deu por nada. É básico e o CDS sabe. Mas as preocupações do CDS nunca foram com o consumidor final, naquela faixa que mais sofre com a inflação e com o aumento do custo de vida.
Agora que o La Fontaine morreu e o militante Jacinto Leite Capelo Rego desapareceu, se calhar a caminho do Chaga ou do Ilusão Liberal, Paulo Portas "é caçado" a pedir aos militantes que paguem as quotas para garantir a actividade do partido, e o salário do líder, que até anda de Renault 4L, não é pessoas para grandes despesas, se calhar até fuma tabaco de enrolar.
Esta debandada halloweenica do CDS tem pouco ou nada a ver com a alegada falta de democracia interna, com a pulsão autoritária do líder ou o desvio protoditatorial do infantil Chicão, num partido habituado a conviver com refugiados do fascismo nas suas fileiras desde o dia da sua fundação, mas tudo com a irreversível irrelevância política do partido, da sua inutilidade enquando porta de acesso ao poder, porta giratória privdo-público e rampa de lançamento para negócios à sombra do Estado. Parem de insultar a inteligência dos portugueses.
Resistiram a suspeitas de corrupção e compadrio na liderança do partido; resistiram a dirigentes com simpatias declaradas pelo fascismo e saudosos do Estado Novo; resistiram a promiscuidades várias entre negócios, banca e política; resistiram a inflexões e reviravoltas plasticínicas [inventei agora, uma mistura de coluna vertebral de plasticina com cinismo] na linha política do partido; resistiram ao populismo xenófobo e racista do líder em campanha com o Correio da Manha [sem til] na mão; a tudo isto eles resistiram, só não resistiram às suspeitas de serem definitivamente arredados do poder com a morte do partido que se adivinha.
Francisco Mota, conselheiro nacional do CDS, ex líder da Juventude Popular, candidato a vereador na Câmara de Braga por abaixo-assinado, no Facebook apela a um golpe de Estado que ponha fim ao regime democrático.