"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Goucha, um dos maiores normalizadores do fascismo no prime time da televisão generalista, não conhece o poema de Martin Niemöller. Ou conhece, mas a vertigem da guerra de audiências não lhe permite ver que, caso esta gente um dia chegue a ser poder, também o vão buscar a ele, ainda antes de irem buscar os outros.
Ela é candidata à Câmara da Amadora. É evidente que se fosse candidata à Assembleia da República teria outro crivo de análise que não tem como candidata à Câmara da Amadora.
José Silvano, secretário-geral do PSD, sobre Suzana Garcia, aos sete dias do mês de Abril do Ano da Graça de 2021.
Dando de barato que "a direcção do partido desconhecia, até hoje, algumas das posições políticas da advogada e ex-comentadora", isto porque Rui Rio e os aios só vêem a RTP 2 e as bojardas eram proferidas num daqueles canais do cabo, do 200 para a frente, onde só se vai por engano ou quando o comando da televisão cai ao chão, o problema não deixa de ser isso mesmo, um problema, e grave, uma vez que o nome vem proposto de baixo, das bases, da concelhia, que sabe perfeitamente o que está a fazer, caso contrário o nome não surgia, foi pelas suas opiniões, foi pelas suas posições, foi pelo seu mediatismo. A concelhia vai alegar o quê, que também foram ao engano, que só vêem o canal ARTE e o História, quando não está a dar "Os Deuses Astronautas"?
O partido que inventou André Ventura para um ensaio em Loures e se aliou ao Chaga para se alçar ao poder nos Açores, inventa agora Suzana Garcia para a Amadora e recupera Isaltino para o partido, no lugar de onde nunca saiu. A ter em conta a sabedoria popular quando lembra que "quem brinca com o fogo acaba queimado", "quem se deita com crianças acorda mijado", "que quem brinca com braseiras faz xixi na cama", o "processo de radicalização em curso", aconselhado pelo Ventas ao PSD, tem tudo para correr bem a Rui Rio: queimar-se e acordar mijado, não fosse de caminho queimar o partido e mijar o país.
Diz Marques 'disse-não-disse-tenho-esperança-que-não-se-lembrem-do-que-disse' Mendes que a "ambição política de Moedas pode empurrá-lo para a liderança do PSD". Moedas, o moço de fretes da troika. Até já circula nas redes a versão de que era ele quem punha travão nas ambições. O início de uma construção. Adiante. Moedas que ousou ter vida própria e avançar sem a bênção do Ungido, o Messias, o que vai resgatar a direita, mas prontamente mostrou arrependimento e fez penitência, que fique desde já esclarecido, que não quer cá confusões, que não pensem que quer dar-se ares de qualquer coisa. E a gente olha para a figura e não encaixa na ambição, e olha para a ambição e não encaixa na figura, que isto é o século XXI, o da imagem por mil palavras. Mas depois olhando bem, quer dizer ouvindo bem o tom de voz do ambiciosom que não encaixa na figura, ao contrário do Ungido, o Messias, o que vai resgatar a direita, com o seu barítono, e percebemos que afinal faz tudo sentido em Moedas, o alentejano de Beja, com voz alto, no cante alentejano a voz mais aguda, que duplica a melodia e que, geralmente, a ornamenta.