||| Da série "Grandes Primeiras Páginas"
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A capa da Zeit Magazine
A Europa unida, do humanismo e da solidariedade entre estados e nações, como foi idealizada pelos "pais fundadores" Jean Monnet e Robert Schuman, sim. A Europa da destruição do Estado social, do paralelo a dividir os estados do norte dos do sul, dos cozinhados de bastidores em Bruxelas e onde os cidadãos não são chamados a pronunciar-se sobre os seus destinos, não.
O desplante chegou a tal ponto que as declarações já são proferidas no Deutsche Bank em Berlim e, ainda que na presença de um camarada de grupo parlamentar, no Parlamento Europeu, ainda assim primeiro-ministro da Polónia.
Tusk disse «seria "perigoso" que outros países da Europa sintam que a Alemanha está a tentar impor o seu próprio modelo económico ao resto dos países». Merkel negou. «Precisamos de estar prontos para romper com o passado e dar o passo em frente».
O problema é que para a Europa, a [ainda] da memória vivida e a da memória transmitida, este romper com o passado e dar um passo em frente, pela praxis política actual, soa a regresso ao passado que esteve na génese da construção europeia: impossibilitar a Europa como nova denominação para o Reich Alemão.
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Depois ficam muito chocados com as mosquinhas pintadas nas imagens photoshopadas em uniforme negro Hugo Boss, totenkopf no quepe e braçadeira com a cruz.
É para o nosso próprio bem, mas alguns insisterm em não querer e outros em não perceber.
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Adenda: O título do post é uma frase célebre de um alemão não menos célebre.
Ou quem já o sentiu na pele, permito-me acrescentar. E, pela "lei da vida", com cada vez menos testemunhas vivas do que foi, num passado não muito distante, a governação da Europa pelo "Diabo", resta a memória transmitida, o tal ter medo por ter ouvido falar. O problema da comparação entre Merkel e Hitler não é a comparação ela própria, é… haver um ponto de comparação.
[A imagem é a de um cartaz numa montra de Atenas e foi fanada já não me lembro onde]
Podia ter falado da compreensão da Europa para com uma Alemanha acaba de sair derrotada e completamente arrasada por uma II Guerra Mundial mas, como ainda era pequenina e não se lembra, a gente dá-lhe o benefício da dúvida.
Foi buscar o exemplo que tem ainda fresco na memória, a RDA, mas esqueceu-se de referir a, outra vez, compreensão europeia para com uma RFA acabadinha de fazer um anschluss à RDA. Austeridade cirúrgica, só fala no que lhe interessa. Über Alles.
[Imagem fanada no The Wende Museum]
Agora que a coisa acalmou mais, alguém nos pode explicar, convincentemente, o que é que Angela Merkel veio fazer a Portugal durante 5 horas?
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Se uma imagem vale mil palavras, então o Governo português ficou muuuuuito bem na imagem.
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A França que, no pós II Guerra Mundial, e ao contrário dos outros aliados, tentou repetir o guião de dos anos que se seguiram à I Guerra Mundial, exigindo, entre outras, o desmantelamento económico da Alemanha; o pagamento de indemnizações de guerra, incluindo o trabalho obrigatório de alemães em solo francês; a requisição e a retirada de produtos agrícolas, madeira e carvão do solo alemão; o confisco de maquinaria; a separação da região do Ruhr, do Sarre, e algumas áreas da Renânia, do Estado alemão e os seus recursos e produção colocados ao serviço e disposição da França; é desse Charles de Gaulle que, se tem conseguido impor a sua visão para a Europa e Alemanha, a Europa e a Alemanha tal e qual elas são nunca teriam existido, nunca teria vivido o maior período de paz e prosperidade de que há memória, é disto que que Angela Merkel fala?
É grave, muito grave, e só demonstra a falta de bases, de cultura, e de visão de quem a Alemanha, e a Europa, têm à frente dos seus destinos neste desgraçado inicio do séc. XXI ou, se formos muuuuuito maquiavélicos, dos reais objectivos por detrás da política da austeridade "purificadora" dos hunos, ou ainda, a versão bondosa, de que a frau era pequenina, não percebeu e, como diz o povo, em pequenino não conta. Qualquer das três hipóteses é trágica.
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E assim como nos debates e nos comentários de Economia nas televisões, nas rádios e nos jornais, a opinião privada condiciona a opinião da opinião pública à teoria económica vigente, made in Germany, da austeridade em cima da austeridade e do empobrecimento, as sondagens de opinião seguem a mesma estratégia de opção única – a saída da Grécia do euro, quando a questão, que nunca deveria ser colocada, mas já que o é, seria saber qual a percentagem de europeus que é a favor da saída da Alemanha do euro.
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