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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Unicidade sindical (Fast Forward)

por josé simões, em 09.06.08

 

Assim sendo, e segundo entendi – corrigiam-me se estiver enganado –, é legitimo que quando uma greve é decretada, todos sem excepção sejam obrigados a fazer greve, estejam ou não de acordo com os fundamentos e reivindicações, e de caminho legitimem-se também as bordoadas generosamente distribuídas pelos piquetes de greve nos “amarelos fura-greves”. Afinal os benefícios adquiridos com a luta são para todos sem excepção…

 

E nunca é demais insistir: também uma taxa para financiar os partidos políticos. Afinal são sempre a mesma meia-dúzia de militantes que se esforça e labuta na militância partidária e nas campanhas eleitorais para o “bem comum”.

 

(Foto roubada aqui)

 

 

 

Um pouco mais de rigor, sff.

por josé simões, em 05.04.08

 

Cada um é livre de exprimir as suas opiniões e de argumentar com os seus pontos de vista e interpretações como muito bem lhe aprouver. São as regras da Democracia; diz-se. Agora gozar, perdão, insultar a inteligência dos portugueses… há limites para tudo!
 
vai depender de negociação colectiva. Qual negociação colectiva? Para haver negociação implica haver duas partes, e um jogo de cedências mútuo, até se alcançar um entendimento. O que acontece na Função Pública, aliás, à imagem do que vem acontecendo de há muitos anos a esta parte no sector privado é, o patrão (no caso da FP, o Estado) apresenta a proposta, os sindicatos contrapõem; o Governo (ou o patrão) aplica a sua proposta inicial, unilateralmente, e como medida administrativa. Hajam as greves que houverem; hajam os protestos que houverem. Ponto final.
 
Somos todos bastante crescidos e adultos para dispensar as gozações do sr. Vital Moreira; que aliás sabe bem do que estamos todos a falar. Ou como diz Jorge Coelho na entrada d’A Quadratura do Círculo: “Há muita fraca memória na política…”, e Vital Moreira já se esqueceu por onde andou antes de ser o Vasco Graça Moura de Sócrates???
 
(Foto roubada ao New York Times)
 
 

Adaptar a partitura ao intérprete (*)

por josé simões, em 21.02.08

 

(*) Ou na vox populi: “Albarda-se o burro à vontade do dono”.
 
Segundo o fiscalista Saldanha Sanches, citado hoje no Público, o “problema principal” para a Câmara de Lisboa é estar “numa situação insolúvel”. Tal deve-se ao facto de a Lei das Finanças Locais que leva a assinatura do ministro da Administração Interna, António Costa, ter chegado “demasiado tarde”.
 
Assim como devemos ter em conta as “duas peles” de António Costa: o ministro e o autarca; também devemos ter em atenção as “duas peles” de Saldanha Sanches: o fiscalista e o mandatário financeiro da candidatura de António Costa a Lisboa.
 
A Lei chegou demasiado tarde. Compreende-se. Tinha evitado o descalabro financeiro a que a Câmara chegou. Ou chegou demasiado cedo, inviabilizando assim o chico-espertismo autárquico e fazendo a vida negra a António Costa?
 
Adenda: Segundo António Costa, alguns juristas com quem falou, entre os quais se encontra o inefável Vital Moreira, partilham da opinião que, o Tribunal de Contas não tem competências para basear as decisões, no mérito do plano apresentado pela Câmara. Mudem-se os juízes; digo eu.
 
Adenda à adenda: Estou curioso para saber quanto é que a Câmara falida pagou a Vital Moreira por este douto parecer.
 
 
(Foto de Bert Hardy para a Getty Images)
 
 

Ainda o Tratado de Lisboa

por josé simões, em 25.10.07

 

Este argumento é muito primário – era para escrever manhoso… –, nada digno de um constitucionalista e professor universitário. Para um argumento primário, uma interpretação e duas perguntas também primárias. Recorrendo ao futebol, a ideia que se quer fazer passar é, que podemos sempre rescindir o contrato e deixar de jogar neste campeonato. A questão que se levanta é onde vamos passar a jogar depois; no campeonato do Mercosul? E ainda há outra questão não menos importante: E depois, caso enveredássemos pela rescisão, haveria indemnizações compensatórias a pagar ao clube pelo dinheiro – e que não foi tão pouco como isso – na nossa formação como jogadores?
 
Como já aqui foi escrito, o blogue é contra o referendo, este e outros; mas este argumento – e agora é que é –, é muito, mas mesmo muito manhoso!
 
Que haja respeito pela inteligência das pessoas é o mínimo que se exige; o povo não é “qualquer coisa” para ser levado ao sabor da capa, assim ao jeito de um animal na festa brava.
 
(Foto de El Juli via El Pais)
 

Vamos escrevê-lo de tal forma, que ninguém percebe

por josé simões, em 22.10.07

 

Escreve Vital Moreira hoje no Causa Nossa:
 
“Os que defendem o referendo sobre o Tratado de Lisboa já experimentaram lê-lo? E acham que algum cidadão comum consegue passar da segunda página?
Não será tempo de deixar de brincar aos referendos?”
 
Sou contra os referendos como instrumento de consulta e decisão; defendo que em democracias representativas como a nossa, as decisões devem ser tomadas em sede própria – a Assembleia da República. Nunca fomos chamados a dar opinião em assuntos europeus, nem sequer sobre a adesão à então CEE, agora que já lá estamos – como na cantiga dos GNR – e como europeísta convicto, defendo que devemos ir no barco até ao fim.
 
O que se depreende das palavras de Vital Moreira, e ao contrário do que se possa pensar, não é que o povo é inculto e sofra de iliteracia em assuntos de leis, tratados ou constituições, o que ele nos diz direito por linhas tortas é que, após dois chumbos em referendo – Holanda e França – se optou por passar as coisas ao papel, de tal forma que seja impossível ao “cidadão comum passar da segunda página”. E isto é que é grave. Confirma a ideia geral que em matéria de construção europeia o povo é dispensável.
 
Como já disse, por mim dispenso o referendo; mas isso sou eu. O que não dispenso são as explicações dos políticos sobre as matérias constantes no Tratado. E também aceito sem qualquer objecção que o povo seja chamado a dizer de sua justiça sobre se o quer ou não. Como pode ser lido no programa do actual executivo: “O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deve ser precedida de referendo popular.
 
Se José Sócrates anda ofendido com o povo, como disse na célebre manif. de Montemor-o-Velho: “confunde o direito de se manifestar com o direito de insultar”, e não quer que lhe continuem a chamar mentiroso em todos os sítios a que se desloque, o melhor é não se esquecer do que apresentou no programa de Governo.
Post-Scriptum: Projecto de alteração do tratado da União Europeia, aqui, via Apdeites.
 

Os capelães

por josé simões, em 25.09.07

Mais cedo ou mais tarde havia de estar de acordo com Vital Moreira.

 
«(…) No exercício das suas funções, os encarregados da assistência religiosa continuam a ser apenas ministros do culto e não agentes públicos. Devem ser livremente nomeados e credenciados pelas respectivas igrejas. Não cabe ao Estado nomeá-los nem sustentá-los, mas somente reconhecê-los e respeitá-los. Deve terminar de uma vez por todas a bizarra figura dos capelães designados e remunerados pelo Estado, como funcionários públicos. No caso das forças armadas, o responsável católico pela assistência religiosa tem mesmo uma patente de oficial, o que consubstancia a mais inadmissível promiscuidade entre o Estado e a religião. A assistência religiosa não constitui uma tarefa própria do Estado.
A assistência religiosa só é naturalmente devida a quem a solicite explicitamente. É o que resulta da Constituição, da lei e da Concordata. Nem no Estado Novo era diferente. Está naturalmente excluída qualquer actividade de proselitismo ou de assédio religioso. Nos estabelecimentos públicos. É inaceitável que um ministro de uma religião entre, por exemplo, numa enfermaria de um hospital e se dirija a todos os pacientes como se todos fossem crentes e precisassem de ajuda religiosa. A crença religiosa não se presume, muito menos a necessidade de assistência religiosa. (…)»
 
Vital Moreira no Público de hoje.

República e laicidade

por josé simões, em 12.09.07

 

Entretidos que andam a picar-se uns aos outros por causa dos chineses e das suas lojas, e mais o comércio tradicional a Zézinha e o China Town, a xenofobia e o diabo a sete, que até passou despercebida esta foto, hoje na primeira página do Público. Estes não são o primeiro-ministro e a ministra da Educação do país cujo Governo tem por base um grupo parlamentar que, via deputado Vera Jardim, apresentou à Assembleia da República um projecto-lei que visava retirar todos os símbolos religiosos dos edifícios públicos? Quem convidou um padre para fazer a benzedura na inauguração de uma escola pública em Resende?! Terá sido o único que aparece na foto a fazer o sinal da cruz? Reminiscências dos tempos em que Sócrates era o sacristão do Governo chefiado pelo beato Guterres?
 
Até o ideólogo do Governo PS Vital Moreira, que está para Sócrates como Vasco Graça Moura esteve para os governos de Cavaco, se indignou com o assunto! A este propósito, recupero um post de sua autoria guardado na Aba da Causa em 11 de Dezembro de 2005.
 
(A título de curiosidade também recupero um artigo assinado por Fernanda Câncio no Diário de Notícias em 10 de Dezembro de 2005)

Uma asneira nunca vem só

por josé simões, em 29.05.07

Há dias assim. Sai-se de casa (às vezes ainda em casa), apanha-se uma, e, depois, é de rajada; como que por arrastamento. Umas atrás das outras.

 

Venho no carro e ouço os resultados do barómetro DN / TSF / Marktest em que a maioria dos inquiridos apoia a abertura dos hipermercados aos domingos. Depois ouço o representante da Confederação do Comércio defender que se devia seguir o exemplo da vizinha Espanha e de outros países da Europa em que ao domingo é para fechar, e que os portugueses não têm o hábito de fazer compras ao domingo.

(Curiosa esta moda recente. De cada vez que se fala em Espanha, o “vizinha” vir por acréscimo. Como se nós não soubéssemos.)

E ouço também um senhor falar em nome, salvo erro, da Associação das Empresas de Distribuição defender a abertura de todo o comércio – não só dos Hipers – ao domingo, com um argumento deveras curioso. Mais ou menos assim: “Justifica-se a abertura de todo o comércio aos domingos. Vejam-se os meses de Novembro e Dezembro em que isso acontece, com as lojas sempre cheias”. Pois. E o Natal mais o 13º mês não têm nada a haver com isto… Natal é todo o ano. Melhor, Natal é quando a Associação das Empresas de Distribuição quiser.

 

Recordo-me de quando era criança; as enormes viagens de carro que fiz por este país dentro, com os meus pais e o meu irmão. Sempre pela nacional, porque isso de auto-estradas era de Lisboa ao Casal do Marco, e de Lisboa a Vila Franca, e mais um bocadinho de Lisboa até depois de Monsanto; era o que havia. Cruzávamo-nos inúmeras vezes com camiões de uma empresa que não me recordo o nome, e que ostentavam na parte superior da cabina um dístico onde se lia “O Mundo Gira e (nome da empresa) Gira com Ele”. Vem isto a propósito do que Vital Moreira, na sua incansável cruzada em defesa da Ota, escreve no Público de hoje: “os concelhos com maior possibilidade de sofrerem danos em consequência de um sismo são, por ordem decrescente, Lisboa, Almada (onde se situa o Poceirão…) (…)”. Pois. “Portugal Gira e os Concelhos Giram com Ele” podia ser o título do artigo de Vital Moreira. O Poceirão, distrito de Setúbal, concelho de Palmela – terra dos bons vinhos, girou até Almada para se encaixar na argumentação de Vital Moreira. É por causa destas, e de outras como estas, que cada vez mais desconfio da Ota e das doutas opiniões em sua defesa.

Como se desgoverna uma cidade

por josé simões, em 22.05.07

Vital Moreira assina hoje no Público uma crónica com o título “Como se desgoverna uma cidade. Escreve no primeiro parágrafo:

 

Se alguém quiser saber como se desgoverna uma cidade, com persistência e eficiência, só tem de ver o caso de Lisboa. É um verdadeiro manual de boas práticas na arte da desgovernação, da irresponsabilidade financeira, da decadência urbanística, do caos automóvel, da paralisia urbana. Como foi possível chegar até aqui?

 

Errado! Onde se lê Lisboa deveria ler-se Setúbal. Mas não se lê por duas razões muito simples. A primeira, é que Setúbal apesar da distância no espaço em relação a Lisboa ser apenas 50 quilómetros, e da distância no tempo ser pouco mais de 20 minutos, fica longe, muito longe; quase no fim do mundo. Aquele fim do mundo onde personagens como Vital Moreira vêm de vez em quando comer uns peixes assados no carvão, desde que não se veja o carvão e o fogareiro tenha uma chaminé. Só assim se compreende a razão porque, à excepção do PC, uma vez com Ruben de Carvalho, nunca nenhum partido apostou num peso-pesado para a Câmara da cidade que chegou a ser a terceira de Portugal.

A segunda, mas nem por isso menos importante que a primeira, prende-se com o facto de a cidade ter chegado ao estado lastimoso em que se encontra, pela via da governação de 16 anos de executivos presididos por Mata Cáceres – como muito bem sintetizou Miguel Sousa Tavares em artigo publicado no jornal A Bola de 8 do corrente e reproduzido neste blogue. Mata Cáceres que por acaso é militante do mesmo partido a que Vital Moreira pertence. E isso, obviamente, a Vital Moreira não interessa referir.

 

Entretanto Setúbal continua adiada e talvez irremediavelmente perdida.

Sindicatos e interesse público

por josé simões, em 24.04.07

“Não existe razão lógica para que os sindicatos encarem de maneira radicalmente diversa as empresas públicas e as privadas.”

 

“No discurso de tomada de posse, o novo secretário-geral da Fenprof, a federação sindical dos professores da CGTP, anunciou a intensificação da guerra contra as reformas em curso na área do ensino. Isto não teria nenhuma novidade, não fora a proclamação de que a luta sindical visa a “defesa da escola pública”. A pergunta é a seguinte: existe alguma relação natural entre os interesses dos profissionais dos serviços públicos (educação, saúde, etc.) e a defesa desses mesmos serviços?”

 

A resposta a esta pergunta formulada por Vital Moreia, num artigo de opinião intitulado «Sindicatos e Interesse Público» pode ser lida no Público de hoje.

Raramente partilho das opiniões de Vital Moreira. Hoje estou totalmente de acordo com o que escreve. Termina assim: “No conflito entre os interesses profissionais e os da escola pública, o Estado só pode atender aos primeiros sem sacrificar os segundos.”

Mai’nada!

Trabalhar na Câmara

por josé simões, em 27.02.07

 Vital Moreira que não é propriamente um debutante nestas cousas da política descobriu que, há “instrumentalização partidária dos serviços e empresas públicas”, “promiscuidade entre o desempenho de cargos públicos e o exercício de funções partidárias”; isto a propósito da notícia publicada pelo Público há poucos dias, de que “ a empresa municipal Gebalis, que gere o parque de bairros municipais de Lisboa, tem perto de 30 trabalhadores do PSD, cuja secção partidária é coordenada pelo próprio vereador do pelouro competente para essa área, trabalhadores esses recrutados pelo mesmo vereador quando foi director da referida empresa.”

 
Resumindo, o vereador Lipari da Câmara de Lisboa arranjou uns “tachos” para os seus amigos; no léxico de Guterres, uns jobs for the boys.
 
E, em artigo de opinião publicado também no Público, edição de hoje, disserta pelo tema e conclui que “O mínimo que se pode exigir é que os partidos políticos adoptem e façam cumprir códigos de ética política”.
 
A sério?
 
Vital Moreira que antes de pertencer ao PS, foi destacado militante e deputado do PC – partido com larga influência autárquica, descobriu agora o que era já do conhecimento público, de tal forma que passou a fazer parte do imaginário colectivo – trabalhar na Câmara; fazer pouco e ganhar muito, mais regalias.
 
O que importa que o vereador Lipari tenha “encaixado” uma gota de água no oceano que são os 30 amigos na Gebalis, quando no leque politico-partidário português, os encaixes começam logo ao nível dos varredores de rua e contínuos, passando pelos funcionários administrativos até aos assessores?
 
Novidade seria, Vital Moreira pedir auditorias independentes a todos os municípios do País, sem excepção, para se saber da real necessidade de funcionários em função dos serviços prestados e, os que as Câmaras realmente empregam.
 
Talvez aí sim, Vital Moreira tivesse algumas surpresas. Talvez viesse a saber que, a Associação Nacional de Municípios, por via das Câmaras que a compõem, é o maior empregador do País.