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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| O filho do doutor é doutor e o filho do operário é operário e assim sucessivamente

por josé simões, em 10.08.13

 

 

 

Quando uma das justificações do actual Governo da direita para a redução do número de professores contratados pelo Estado, aumentar o número de alunos por turma, reduzir o número de auxiliares de educação, é a de que o número de alunos a frequentar o ensino público é cada vez menor, importava perceber se a diminuição de candidatos ao ensino superior é consequência directa da diminuição de alunos no ensino secundário, e que justifica o desinvestimento na educação, mais propriamente no ensino público, ou se esta diminuição é simplesmente a consequência directa da política de 2 anos de coligação PSD/ CDS-PP, geradora de 1 milhão de desempregados, 50 mil novos emigrantes – oficialmente contabilizados, redução de salários – directamente ou indirectamente, redução e eliminação de subsídios e apoios sociais.

 

É que este Governo é bom, muito bom, a fazer contas de subtrair, e o filho do doutor é doutor e o filho do operário é operário e que se fodam, assim sucessivamente, como diria o João César Monteiro. Déjà vu.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

 

 

|| O admirável mundo novo de Nuno Crato

por josé simões, em 25.07.12

 

 

 

E é nesta altura do campeonato que a universidade, pressionada pela falta de fundos, procura fontes alternativas de rendimento e abre as portas do campus às marcas e às corporações que, como contrapartida, levam consigo projectos educativos próprios – a célebre bandeira de a escola ter um projecto educativo próprio e independente do centralismo e condicionalismo do Ministério da Educação, pois… –, e desenganem-se os que pensam que fica por aqui, ainda há os menus das cantinas em exclusividade para determinadas marcas de fast-food, os equipamentos desportivos e o desporto escolar disputados por outras, os computadores e software "generosamente" oferecidos, a educação ambiental patrocinado por uma companhia que afinal não destrói o ambiente e o ecossistema mas cria emprego e, no final das contas feitas, onde é que está a linha que separa a educação da publicidade e da formação dos futuros consumidores na/ da aldeia global. O admirável mundo novo.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Racismo 2.0

por josé simões, em 27.04.12

 

 

 

O Brasil é, oficialmente e a partir de hoje, uma sociedade assente na segregação racial:

 

«20% das vagas para "negros e pardos"»

 

[Imagem Sisseton,South Dakota, 1939 by John Vachon]

 

 

 

 

 

 

|| Eça é que é Eça

por josé simões, em 17.11.11

 

 

 

Para quê queimar as pestanas a ler uma obra-prima de um dos maiores escritores da língua portuguesa de todos os tempos para acabar a trabalhar num call centre, numa caixa de um hipermercado, ou a ter de sair da zona de conforto, que é a casa dos pais, a caminho da emigração, se é possível chegar a primeiro-ministro a ler obras que nem sequer existem? Eça é que é Eça.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Os ricos entram por "direito", os pobres por caridade, as empresas instalam-se no campus

por josé simões, em 10.05.11

 

 

 

 

 

«Richest students to pay for extra places atBritain's best universities»

 

(Imagem de autor desconhecido)

 

Adenda às 16:22: Em português

 

 

 

 

 

 

 

 

Haja alguém que pague

por josé simões, em 13.11.08

 

Uma lista candidata à Direcção da Associação de Estudantes da Universidade de Coimbra resolveu grafitar as Escadas Monumentais com palavras de ordem contra as propinas. E teve logo direito a tempo de antena. E dizia o cabeça da lista numa televisão que pagam 720 – setecentos e vinte – 720 euros por ano. Obviamente, do ponto de vista do n.º 1 da lista, uma enormidade. Eu diria mais: um atentado; um roubo; sei lá… um ataque à democracia!

 

Vou tentar ver a coisa de um ponto de vista simples. Alguns dirão simplista. Tanto se me dá; sou uma pessoa simples que faz uma análise simples das coisas. Tive um filho 5 anos num infantário, nada do topo ou de elite: uma IPSS. Porque, infantário público, ao contrário das universidades, é mentira. Pagava por mês 120 euros, com excepção do mês de Agosto que é mês de férias – o mundo para em Agosto, pelo menos em Portugal. Apesar de eu ter tido férias em Julho. E o puto não ter posto os pés no infantário; apesar de pago. E em Agosto tive de ir chatear os avós porque o infantário estava fechado, e é para isso que os avós servem, dizem-me alguns.

 

Cento e vinte euros por mês, vezes 11 meses (que na realidade são só 10), dá, se as contas não me falham, 1 320 euros por ano. Mais 600 euros que as ditas propinas universitárias e o puto ainda nem sequer sabe ler ou escrever. Vezes 5 anos que é o tempo normal para se andar na Universidade até terminar o curso… E ainda têm a lata de vir falar nas propinas!

 

Pelo menos o puto na IPSS não tem praxe ao caloiro, não falta às aulas – a menos que esteja engripado – e não apanha pielas na Queima das Fitas ao som do Quim Barreiros. Nem chumba o ano.

 

Não me fodam com a estória das propinas que, bem vista as coisas, no fim do curso ainda ficam a dever dinheiro ao contribuinte. Já me basta pagar pelo meu filho, quanto mais ter de pagar pelos filhos dos outros!

 

(Foto de Raghuram Ashok)