"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Há bocado ouvi na RTP1 uma menina referir a Cidade Velha de Santiago como “importante entreposto humano”. Assim mesmo. E assim vai a História de Portugal e assim vai a nossa relação com a nossa História.
Eu que nestas coisas de pilas sou muito terra-a-terra, cada um mija com a sua e não se fala mais no assunto, nunca pensei poder vir a incompatibilizar-me com outros gajos por causa da homossexualidade e mail’os seus casamentos e o caralhos-que-fodam-a-homofobia!
(*) Era a voz do motorista nas excursões a Fátima no tempo em que não havia auto-estrada e era necessário efectuar uma paragem a meio do percurso para “verter águas”.
O mui salazarento extremoso “cuidado” posto na protecção da frágil mulher-reprodutora e suas crias. Tão infantilmente estúpida que corria o risco de ser atropelada por não saber atravessar uma estrada; mijava do lado do autocarro.
«Hoje em dia todos nós somos avaliados; os bancos, o país, as empresas e as pessoas (…) osalunos e os professores também deviam ser avaliados»
Gostei deste Perfeito do Indicativo usado por Ricardo Salgado na Grande Entrevista com Judite de Sousa. Escusam de vir os habituais, que o gajo é um banqueiro e um agiota e um reaccionário e um fascista e que fala de barriga cheia, e por aí. Gostei e prontes!
(Foto de Al Fenn/ Time Life Picture/ Getty Images)
Recorrendo ao parêntesis, à vírgula, ao ponto e vírgula, etc., exprimimos sentimentos vários via sms. Desconheço se existe algum símbolo que represente a “sensação de vazio”. Vou inventar um agora mesmo: ( ). Foi o que me ficou da entrevista a Manuela Ferreira Leite.
Com o beneplácito de uma Judite de Sousa que deixou a acutilância e as perguntas incómodas em Sintra, Dona Manuela enrolou, enrolou e tornou a enrolar a conversa. Sem um rasgo de génio nem um bocadinho de magia; léxico futeboleiro. Também como no futebol, e como naqueles jogos do meio da tabela para baixo, e sem o risco de dizer uma enormidade, podemos afirmar: podia estar lá até amanhã que não marcava um golo!
(Foto de não me lembro quem, e roubada não sei onde)
Foi agora mesmo no telejornal da RTP1: a equipa de reportagem acompanha uma viatura descaracterizada da GNR em patrulha na auto-estrada do Norte. Um cromo, em excesso de velocidade e a falar ao telemóvel é mandado parar. “Oh senhor guarda, agora vou ficar sem a minha carta que tanta falta me faz?! Não pode fazer qualquer coisinha e passar a multa à minha mulher?”
Parece que só faltava eu publicar a coisa. Mas só umas coisinhas antes.
Quando o Herman saiu da RTP para a SIC caiu o Carmo e a Trindade. Que grande rombo no plantel e o coiso e tal. Depois foi o que se viu e o que se vê.
Quando o Gato Fedorento saiu da RTP para a SIC a mesma coisa. Como era possível a RTP perder os Gatos para a concorrência? Acabei agora mesmo de ver (mais) uma deprimente tentativa de fazer um programa de humor.
A RTP tem - apostou nos – os Contemporâneos. Quando num futuro mais ou menos próximo estiverem de saída (inevitável) para a concorrência vai ser mau sinal. Para eles. E para o humor que se faz em Portugal.
Vi Jerónimo de Sousa na entrevista à Judite-que também é-de Sousa, e a propósito dos recentes protestos e manifestações de rua - nomeadamente dos profs - dizer que o partido é pela democracia participativa e que reconhece o direito do povo à indignação e à manifestação e ao protesto contra as injustiças e contras todas as formas de prepotência e autoritarismo e totalitarismo, quando a Judite-que também é-de Sousa lhe perguntou se por detrás disto tudo estava o PCP. Por outras palavras, mas a ideia base era esta.
Isto no mesmo em dia que se soube que uma almoçarada de bloggers era proibida em Cuba:
O que fica é a imagem do Governo, deste Governo (não um Governo qualquer), em peso, a distribuir computadores como quem dá milho aos pombos. É o que o povo gosta. E o povo quer cá saber se o computador é português, chinês, ou até se é feito debaixo de água.
E o que fica, ou melhor, ficou, foi a imagem das avenidas cheias de alunos em protesto contra as políticas educativas da ministra Manuela Ferreira Leite, mais ou menos apoiados pelos pais, que vão depois apanhar a senhora nas Finanças com o défice a 6. 83% e a fugir à luta, obrigando Barroso a correr o partido de alto a Morais Sarmentoa baixo até à solução Santana Lopes, antes de fugir para Bruxelas. São estes que vão votar em 2009.
Uma questão de imagens. É este é o verdadeiro stress de Pacheco Pereira.
Estava para ali a fazer um zapping e vou cair na RTP1, numa reportagem qualquer que abordava “o fenómeno” dos casamentos entre soldados portugueses integrados em missões de paz sob a égide da ONU, e autóctones dos países onde estavam destacados; na Bósnia, no Kosovo, ou em ambos, não tomei muita atenção ao pormenor. Assim como não tomei atenção ao nome do jornalista que assinava o trabalho.
E não tomei atenção por uma razão muito simples: é que me vai faltando a paciência para este tipo de reportagem-idiota; apresentada como se fosse assim um feito histórico a atirar para o sobre humano. Uma coisa assim “do outro mundo”.
Uma nação que enviou centena e meia de moinantes (*) a dar quatro voltas à Terra dentro de uma caravela (e mais não deram porque entretanto a Terra acabou), e que, dentro da caixa craniana, em vez de um cérebro levavam um caralho e foram fazendo filhos em todos os sítios onde aportavam, e, por via disso, inventaram e disseminaram há já 500 – quinhentos – 500 anos o mulato e o mestiço; numa nação que teve o casamento misto instituído por decreto no século XVI (Afonso de Albuquerque; vice-rei da Índia); grande feito ir ao Kosovo e vir de lá casado com uma loura que até tem um curso superior! Poupem-me!
Até parece que estamos a falar de um inglês que casou com uma indiana, ou de um alemão que deixou descendência no Ruanda ou no Burundi. Isso sim é que era motivo de reportagem!
O Governo com a máscara da preocupação ambiental quer criar um novo imposto; 5 cêntimos por cada saco plástico de cada vez que vamos às compras. Escrevo “quer”, por não ser líquido que já tenha desistido da ideia; adiante. O telejornal da RTP1 vai entrevistar um taliban da Quercus. Que sim senhor, que está de acordo; e vai de argumentar com exemplos que sustentam o incondicional apoio da organização ambientalista à luminosa ideia do Governo. Retive um. No litoral há muitos sacos plásticos “à solta”, que invariavelmente vão parar ao mar, onde por sua vez são ingeridos pelas tartarugas e pelos golfinhos (o que é verdade), assim, e partir do momento em que passemos todos a pagar 5 – cêntimos – 5 por cada um, esse perigo deixa de existir. E disse isto sem se rir…
No mesmo telejornal, o repórter vai descobrir um cromo no alto de uma serra algarvia vestido de Pai Natal, preparado para saltar de parapente às costas, e vir distribuir brinquedos às criancinhas. Entrevista da praxe. Que é a “nova rena ecológica” diz o cromo. “Não gasta combustível e não polui” (sic). E disse isto a rir-se…
Não explicaram no telejornal qual o tipo de combustível que faz mover uma rena; mas fiquei com a ideia que a poluição causada pelas renas, vulgo bosta, era aquilo que o meu avô, quando tinha a quinta no Alentejo, aproveitava – não das renas, mas dos cavalos e das vacas – para fertilizar os campos.