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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Entreposto comercial

por josé simões, em 12.06.09

 

Nesta “coisa” das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, uma das “maravilhas” a concurso era a Cidade Velha de Santiago em Cabo Verde, cidade que «nasceu e desenvolveu-se por conta do tráfico negreiro», vulgo comércio de escravos.

 

Há bocado ouvi na RTP1 uma menina referir a Cidade Velha de Santiago como “importante entreposto humano”. Assim mesmo. E assim vai a História de Portugal e assim vai a nossa relação com a nossa História.

 

“Homens prá esquerda, mulheres e crianças prá direita!” (*)

por josé simões, em 17.02.09

 

 

Eu que nestas coisas de pilas sou muito terra-a-terra, cada um mija com a sua e não se fala mais no assunto, nunca pensei poder vir a incompatibilizar-me com outros gajos por causa da homossexualidade e mail’os seus casamentos e o caralhos-que-fodam-a-homofobia!

 

(*) Era a voz do motorista nas excursões a Fátima no tempo em que não havia auto-estrada e era necessário efectuar uma paragem a meio do percurso para “verter águas”.

O mui salazarento extremoso “cuidado” posto na protecção da frágil mulher-reprodutora e suas crias. Tão infantilmente estúpida que corria o risco de ser atropelada por não saber atravessar uma estrada; mijava do lado do autocarro.

 

Ainda há gente assim. Deu ontem na televisão.

 

(Na foto La Famiglia Colacichi)

 

 

 

Avaliações

por josé simões, em 05.02.09

 

«Hoje em dia todos nós somos avaliados; os bancos, o país, as empresas e as pessoas (…) os alunos e os professores também deviam ser avaliados»

 

Gostei deste Perfeito do Indicativo usado por Ricardo Salgado na Grande Entrevista com Judite de Sousa. Escusam de vir os habituais, que o gajo é um banqueiro  e um agiota e um reaccionário e um fascista e que fala de barriga cheia, e por aí. Gostei e prontes!

 

(Foto de Al Fenn/ Time Life Picture/ Getty Images)

 

 

Sensação de vazio

por josé simões, em 15.01.09

 

Recorrendo ao parêntesis, à vírgula, ao ponto e vírgula, etc., exprimimos sentimentos vários via sms. Desconheço se existe algum símbolo que represente a “sensação de vazio”. Vou inventar um agora mesmo: (                                    ). Foi o que me ficou da entrevista a Manuela Ferreira Leite.

 

Com o beneplácito de uma Judite de Sousa que deixou a acutilância e as perguntas incómodas em Sintra, Dona Manuela enrolou, enrolou e tornou a enrolar a conversa. Sem um rasgo de génio nem um bocadinho de magia; léxico futeboleiro. Também como no futebol, e como naqueles jogos do meio da tabela para baixo, e sem o risco de dizer uma enormidade, podemos afirmar: podia estar lá até amanhã que não marcava um golo!

 

(Foto de não me lembro quem, e roubada não sei onde)

 

 

 

Bom Chefe de Família

por josé simões, em 23.12.08

 

Foi agora mesmo no telejornal da RTP1: a equipa de reportagem acompanha uma viatura descaracterizada da GNR em patrulha na auto-estrada do Norte. Um cromo, em excesso de velocidade e a falar ao telemóvel é mandado parar. “Oh senhor guarda, agora vou ficar sem a minha carta que tanta falta me faz?! Não pode fazer qualquer coisinha e passar a multa à minha mulher?”


(Foto de Samanta Faiocco)


 

Quando o Underground passa a Mainstream

por josé simões, em 14.12.08

 

Parece que só faltava eu publicar a coisa. Mas só umas coisinhas antes.

Quando o Herman saiu da RTP para a SIC caiu o Carmo e a Trindade. Que grande rombo no plantel e o coiso e tal. Depois foi o que se viu e o que se vê.

 

Quando o Gato Fedorento saiu da RTP para a SIC a mesma coisa. Como era possível a RTP perder os Gatos para a concorrência? Acabei agora mesmo de ver (mais) uma deprimente tentativa de fazer um programa de humor.

 

A RTP tem - apostou nos – os Contemporâneos. Quando num futuro mais ou menos próximo estiverem de saída (inevitável) para a concorrência vai ser mau sinal. Para eles. E para o humor que se faz em Portugal.

 

 

 

 

O direito do povo ao protesto contra as injustiças e o autoritarismo e tal

por josé simões, em 05.12.08

 

Vi Jerónimo de Sousa na entrevista à Judite-que também é-de Sousa, e a propósito dos recentes protestos e manifestações de rua - nomeadamente dos profs - dizer que o partido é pela democracia participativa e que reconhece o direito do povo à indignação e à manifestação e ao protesto contra as injustiças e contras todas as formas de prepotência e autoritarismo e totalitarismo, quando a Judite-que também é-de Sousa lhe perguntou se por detrás disto tudo estava o PCP. Por outras palavras, mas a ideia base era esta.
 
Isto no mesmo em dia que se soube que uma almoçarada de bloggers era proibida em Cuba:
 
«usted ha transgredido todos los límites de tolerancia con su acercamiento y contacto con elementos de la contrarrevolución»
 
foi a justificação do Ministério del Interior à laia de aviso.
 
Para quem ainda tivesse dúvidas.
 
(O direito do povo cubano à manifestação, aqui)
 
 

 

O stress

por josé simões, em 24.09.08

 

Eu até compreendo o stress de Pacheco Pereira.

O que fica é a imagem do Governo, deste Governo (não um Governo qualquer), em peso, a distribuir computadores como quem dá milho aos pombos. É o que o povo gosta. E o povo quer cá saber se o computador é português, chinês, ou até se é feito debaixo de água.

 

E o que fica, ou melhor, ficou, foi a imagem das avenidas cheias de alunos em protesto contra as políticas educativas da ministra Manuela Ferreira Leite, mais ou menos apoiados pelos pais, que vão depois apanhar a senhora nas Finanças com o défice a 6. 83% e a fugir à luta, obrigando Barroso a correr o partido de alto Morais Sarmento a baixo até à solução Santana Lopes, antes de fugir para Bruxelas. São estes que vão votar em 2009.

 

Uma questão de imagens. É este é o verdadeiro stress de Pacheco Pereira.

 

(Foto roubada no La Repubblica)

 

 

 

Casamentos mistos

por josé simões, em 27.06.08

 

Estava para ali a fazer um zapping e vou cair na RTP1, numa reportagem qualquer que abordava “o fenómeno” dos casamentos entre soldados portugueses integrados em missões de paz sob a égide da ONU, e autóctones dos países onde estavam destacados; na Bósnia, no Kosovo, ou em ambos, não tomei muita atenção ao pormenor. Assim como não tomei atenção ao nome do jornalista que assinava o trabalho.

E não tomei atenção por uma razão muito simples: é que me vai faltando a paciência para este tipo de reportagem-idiota; apresentada como se fosse assim um feito histórico a atirar para o sobre humano. Uma coisa assim “do outro mundo”.

 

Uma nação que enviou centena e meia de moinantes (*) a dar quatro voltas à Terra dentro de uma caravela (e mais não deram porque entretanto a Terra acabou), e que, dentro da caixa craniana, em vez de um cérebro levavam um caralho e foram fazendo filhos em todos os sítios onde aportavam, e, por via disso, inventaram e disseminaram há já 500quinhentos500 anos o mulato e o mestiço; numa nação que teve o casamento misto instituído por decreto no século XVI (Afonso de Albuquerque; vice-rei da Índia); grande feito ir ao Kosovo e vir de lá casado com uma loura que até tem um curso superior! Poupem-me!

 

Até parece que estamos a falar de um inglês que casou com uma indiana, ou de um alemão que deixou descendência no Ruanda ou no Burundi. Isso sim é que era motivo de reportagem!

 

(Foto de obra de Jeff Koons roubada na Reuters)

 

 

(*) Ver Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

 

 

 

O maior número de asneiras por minuto televisivo

por josé simões, em 05.12.07

O Governo com a máscara da preocupação ambiental quer criar um novo imposto; 5 cêntimos por cada saco plástico de cada vez que vamos às compras. Escrevo “quer”, por não ser líquido que já tenha desistido da ideia; adiante. O telejornal da RTP1 vai entrevistar um taliban da Quercus. Que sim senhor, que está de acordo; e vai de argumentar com exemplos que sustentam o incondicional apoio da organização ambientalista à luminosa ideia do Governo. Retive um. No litoral há muitos sacos plásticos “à solta”, que invariavelmente vão parar ao mar, onde por sua vez são ingeridos pelas tartarugas e pelos golfinhos (o que é verdade), assim, e partir do momento em que passemos todos a pagar 5cêntimos5 por cada um, esse perigo deixa de existir. E disse isto sem se rir…
 
No mesmo telejornal, o repórter vai descobrir um cromo no alto de uma serra algarvia vestido de Pai Natal, preparado para saltar de parapente às costas, e vir distribuir brinquedos às criancinhas. Entrevista da praxe. Que é a “nova rena ecológica” diz o cromo. “Não gasta combustível e não polui” (sic). E disse isto a rir-se…
Não explicaram no telejornal qual o tipo de combustível que faz mover uma rena; mas fiquei com a ideia que a poluição causada pelas renas, vulgo bosta, era aquilo que o meu avô, quando tinha a quinta no Alentejo, aproveitava – não das renas, mas dos cavalos e das vacas – para fertilizar os campos.
E prontes! Faltam 19 dias pró Natal.