"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O dia em que "o pai do monstro", e mentor de uma clique que vai de Dias Loureiro a Duarte Lima passando por Oliveira e Costa e Arlindo de Carvalho, apontou o dedo à falta de qualidade dos ministros socialistas, invocou Ricardo Paes Mamede [!!!] e acabou a dar razão a José Sócrates, que as dívidas dos Estados são por definição eternas, gerem-se, fazendo de conta que o argumento das "contas certas" não foi utilizado por Passos Coelho como álibi para cortar salários, pensões e prestações sociais. Cavaco está checé ou é simplesmente a habitual desonestidade intelectual?
[Link na imagem "British prime minister Margaret Thatcher covering her face with her hand at the 1985 Conservative Party Conference]
"O candidato que o PSD não tem mas que gostava de ter", podia muito bem ser o lema da candidatura de José Luís Carneiro a secretário-geral do PS. Fazia o pleno, o dos políticos reco-reco, que não andam nem desandam, também conhecidos como "centro político", e o dos analistas e comentadeiros que passam os dias a dizer às pessoas que o reco-reco é que ganha eleições, dá estabilidade e prosperidade ao país, como se alguma conquista na história da humanidade não o tivesse sido por força dos radicais.
O grande embate vai ser entre José Luís Carneiro, um gajo do PS do "sentido de Estado", que nem 4 meses são passados sobre o spam cartoon da Cristina Sampaio e já anda por aí todo lampeiro a dizer que viabiliza governos do PSD, só para a direita aplicar políticas com a assinatura PS, que aplicaria na mesma com o apoio do Chega sem a subserviência dos alegados socialistas, e entre a next big thing do PS de esquerda, facção Play-Doh, um gajo que em pleno século das alterações climáticas, do aquecimento global e do degelo, aparece nas televisões, inchado que nem um pavão, a anunciar aeroporto em zona a ficar submersa num futuro mais próximo que o desejável, pelas águas do oceano a ocupar um Tejo que secou, para 24 horas passadas levar um puxão de orelhas do chefe em público, meter o rabo entre pernas e continuar no Governo como se não fosse nada com ele.
Num "dia feliz para o país", o Estado, temporariamente administrado pelo PS, pagou 160 milhões de euros do dinheiro do contribuinte a um grupo alemão para ficar com uma "empresa estratégica para o país". Palavra da Salvação.
António Costa deu entrevista e espremido saiu em todos os jornais e televisões que o salário mínimo pode aumentar acima dos 810 euros até 2024 [e ainda dizem que o PS tem má imprensa], nada que a direita não reverta quando se alçar ao poder, mais cedo que tarde, com um congelamento a propósito das contas certas, da competitividade, do crescimento económico e o caralho, como já anteriormente o fez.
Entretanto a saúde está para lá do caos, e idem idem aspas aspas com a educação, num estado tal que quando a direita se alçar ao poder , mais cedo que tarde, pode entregar tudo de mão beijada tudo ao privado santo milagreiro e ainda leva aplauso da populaça que pelos cabelos está com paralizações de doutores, faltas de médicos para tudo e mais algumas especialidades, encerramentos a eito a pretexto da reestruturação, greves de stores, embeiçados que estão com as propostas do pantomineiro que foi líder da bancada para lamentar [não é gralha] de suporte ao governo do ministro Crato para reposição do tempo, faltas de stores em todo o lado, e a olhar para o ranking das escolas mais a "excelência do ensino privado", cof, cof, e com o PS a gritar "aqui-del-Rei!" que a direita está a desmantelar o Estado social, fazendo de conta que não teve nada a ver com isso, com todo um caminho que foi preparado. Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta", lá diz o pagode.
Mas fica para a História, com agá grande e tudo, o PS e António Costa e António Costa e o PS, mais o ministro das Finanças prémio de consolação por ter perdido a câmara da capital, por terem reduzido a dívida, em percentagem do PIB, que a dívida real, essa, continua lá e até a subir, fazendo de conta que os juros quando são pagos não o são em percentagem do PIB mas no seu valor nominal.
E ficam desde já os candidatos a um curso superior, que não vão tirar por não poderem pagar as propinas, o orçamernto não chegar para os manuais e sebentas, nem tampouco para pagar um quarto e alimentação a kms de casa, que tirado o canudo as propinas vão ser devolvidas por cada ano de trabalho a mil e poucos euros de salário mensal, nem que seja num call center um num hipermercado.
Montar um circo mediático do caralho com o regresso de Pedro Nuno Santos à bancada parlamentar, manadas de alegados jornalistas cada qual com a pergunta mais estúpida na boca, digna do maior coice como resposta, dezenas de minutos nisto, merdas que não interessam para nada ao cidadão comum, para dias depois, nos telejornais das noites de domingo, termos os comentadores avençados, cada um com menos vergonha na cara que o outro no outro canal, a concluírem a existência de um partido dividido, dois partidos dentro do partido, o partido do Costa e o partido do Pedro Nuno.
Porque é que as comissões parlamentares de inquérito têm de ter um relator? Dito de outra forma, porque é que as comissões parlamentares de inquérito têm de estar sujeitas à ditadura da maioria e não se encontra um meio termo entre a maioria absoluta e as restantes representações parlamentares? A que é que interessa o desprestigio do Parlamento e das comissões parlamentares de inquérito, instrumentalizadas pelo partido da maioria absoluta? À noite os deputados da maioria absoluta deitam a cabeça na almofada e dormem tranquilos com as conclusões das comissões parlamentares de inquérito, truncadas e por encomenda? Para o partido da maioria absoluta os portugueses são todos estúpidos ao ponto de mamarem o relatório final da comissão parlamentar de inquérito como se correspondesse ao que durante meses viram nas televisões?
Primeiro foi o Balsemão, depois o Cavaco, a seguir o soba da Madeira, também conhecido por Alberto João, amanhã virá o Cherne, a seguir o Menezes e o Fernando Nogueira e só não virá o o Duarte lima e o Dias Loureiro que isso era manifestamente abusar da sorte, em conjunto com os casos e casinhos, mais trapalhadas em que o PS se enrolou, tudo conjugado com notícias plantadas, cirurgicamente plantadas, e casos empolados onde os actores PS são apenas figurantes apanhados a passar na rua, numa tentativa de gerar uma onda que teima em não aparecer e que leve o miserável PSD, dos não menos miseráveis Montenegro, Luz & Cia Lda, para o infinito e mais além, que o pote já está de restos. Até quando Marcelo vai continuar imune a este ruído, amplificado até ao barulho, por uma comunicação social cúmplice?
No início, no ano zero da democracia, os pais fundadores, que tinham tido vida própria antes, alguns a vida destruída, desfeita, escangalhada, revirada do avesso numa luta contra a ditadura do Estado Novo, vestiam a camisola e metiam a causa pública à frente de tudo, depois veio a normalização, o partido deixou de ser aquilo que chegou a ser o mais parecido com uma colectividade onde as pessoas se encontravam para discutir política, trocar ideias, vestir a camisola, e começou a era dos aparelhistas, paridos e criados nas jotas, a imeeeeensa maioria sem contacto com a vida real e o mundo do trabalho, que não fizeram mais nada na puta da vida que intrigar e conspirar, e agora começa a merda a cheirar mal, como diz o povo, com o "Governo paródia" em todo o seu esplendor. Calhou a calhar ao PS mas mais tarde ou mais cedo vai acontecer com os outros, com os do "arco da governação" e do "sentido de Estado", se calhar com menos projecção mediática, mas a isso já estamos habituados, nós e eles. Miséria.
O alegado presidente do PS aconselha Costa a remodelar o Governo para o partido não ser castigado nas urnas quando o pagode for chamado a votos, novas pessoas, diz ele. E diz ele também que "é preciso associar a experiência de uns com o entusiasmo de outros". O que ele não diz, e se lhe passou alguma vez pela cabeça se calhar nunca iremos saber, é como é que após um ano de acção governativa do primeiro Governo paródia da história da democracia, o "entusiasmos de outros" e "a experiência de uns", lhes vai ditar a se enterrarem e enlamearem a imagem num saco de gatos de incompetências e falta de senso, de lutas internas partidárias sem rei nem roque, de traições e facadas nas costas. Dito de outra maneira, se consegue Costa captar fora do próprio círculo dentro do Rato.
Costa a falar em "cumprir mandatos" e em "não falhar promessas", depois da mensagem subliminar de Quim Barreiros em "cheirar o bacalhau", num evento de partido de poder, há 49 anos a "mamar nos peitos da cabritinha", e com o convidado espanhol Pedro Sanchez a discursar em 'amaricano', porque ali na região norte o pessoal percebe é o galego. O PS nos 50 anos de 49 em democracia, com uma multidão cá fora a invocar a democracia e a argumentar com "a ditadura" como pretexto para boicotar evento de partido democrático, aquele que mais se esforçou para que pudessem estar ali naquele momento, uma história também com 49 anos. Os 50 anos de PS foram uma coisa épica, digna de ópera do Vangelis, malgré as ausências dos habituais, e agora falecidos, Pedro Barroso e Paco Bandeira, que fizeram a história do "canto livre" do partido.