"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
People walk through "Terowongan 4444" or 4444 tunnel, built from plastic bottles collected from several rivers over the course of three years, at a plastic museum constructed by Indonesia's environmental-activist group Ecological Observation and Wetlands Conservation in Gresik regency near Surabaya, Indonesia, September 28, 2021. Prasto Wardoyo/ Reuters
A famigerada cadeira de rodas em troca de uma tonelada de tampinhas de plástico fez-me meter mãos à obra em resposta ao pedido de uma associação vizinha do local de trabalho. Em dois meses enchi um garrafão de 5 litros, dois dedos são o consumo cá de casa, o restante foi recolhido no areal, nas idas às praias do Parque Natural da Arrábida - Albarquel e Figueirinha. Como diria o outro, "é fazer as contas".
O Skip, de "o único recomendado por 63 marcas de máquinas" a "embalagem feita com plástico dos oceanos", segundo o anúncio nas televisões.
Eu, que sou desconfiado com estes cristãos-novos do ambiente, depois de décadas a poluir como se não houvesse amanhã, enquanto consumidor, e pagador duas vezes, pelo produto e pelas medidas de preservação e/ ou recuperação ambiental das barbaridades cometidas por aqueles que engordam às custas dos produtos que compro, gostavam que me explicassem, muito bem explicadinho, como é que funciona esta coisa do "plástico dos oceanos", se a marca tem um barco por conta própria a recolher na "ilha de plástico do Pacífico", se o plástico é plástico reciclado e ponto final, se é tudo treta para surfar a moda do ambientalismo chic.
Não é só o lixo e o plástico que continuam a ir para o chão e para o rio e daí para o mar, quase 80 mil toneladas compostos por 1,8 mil milhões de fragmentos estão no oceano Pacífico entre a Califórnia e o Havai, uma área equivalente a três vezes a França, até entrar na cadeia alimentar de peixes e humanos, depois do prejuízo e dos danos irreparáveis nos habitats marinhos, como quem devia contribuir para a resolução do problema faz como se ele não fosse seu/ nosso.
Os da ponte mais abaixo que se amanhem que aqui o problema já está resolvido. Se fosse no Alentejo diziam "é ingenhêro".
Foi no dia 3 de Junho, na Sérvia, um país na agenda para o alargamento futuro da União Europeia.
São dezenas de copos todos os dias só nesta máquina. Agora que já ninguém sabe beber água de outra maneira é transpor isto para a escala de uma cidade, de um país, de um continente, de um planeta. Se calhar era por aqui que os governos podiam começar o combate e dar o exemplo: erradicar estes copos de todas as repartições públicas e organismos do Estado.
Quando as "preocupações" ambientais do Governo de direita passam por desinvestir nas energias alternativas para taxar o consumidor, já que o contribuinte atingiu o limite de taxas por habitante. Um ambiente verde, da cor do dinheiro.