"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E além de mentir com todos os dentes que tem na boca [pois claro que as medidas vão ter consequências directas na [qualidade de] vida dos cidadãos uma vez que vão incidir sobre serviços essenciais como a escola pública e o Serviço Nacional de Saúde], continua na senda de colocar os portugueses uns contra os outros.
As medidas não se aplicam à generalidade dos cidadãos, é só para os outros, os sub-humanos, os "manhosos e calaceiros" do Estado, e nós, animais, ficamos aqui, quietinhos e contentes porque não nos calhou a nós, a ver o sofrimento e o morrer devagarinho dos outros, sem um pingo de humanidade, ou de "caridade cristã", tão cara a esta dupla PSD/ CDS-PP. É isto não é?
Provoca comichões à OCDE [mais propriamente «acusa»] o «"excesso de cobertura" da contratação coletiva» em Portugal, e a pouca representatividade que os sindicatos eventualmente possam ter para que sejam considerados parceiros credíveis nas negociações. Com não menos comichão está também o Governo PSD/ CDS que, à boleia da OCDE, está já a elaborar um estudo que vai ser a «próxima grande hostilidade contra os sindicatos», anunciam com orgulho, antes de anunciarem que vai ser um estudo que vai mais além que o memorandum da OCDE.
Fazendo de conta que a gente não percebe que o que está em causa não é a representatividade dos sindicatos mas a contratação colectiva ela própria, e que o objectivo primeiro e último é a desregulação total do mercado do trabalho e a desprotecção dos trabalhadores pela retirada de direitos e garantias, já não causa comichões à OCDE, e ainda muito menos ao Governo PPD/ CDS, que a concertação social e/ ou os códigos do trabalho sejam constante e sistematicamente assinados por uma central sindical, para o caso a UGT, formada essencialmente por meia dúzia de sindicatos do sector bancário, seguros e serviços, sem representatividade nas empresas e no mercado laboral, e eles próprios com reduzidíssima implantação entre os trabalhadores que dizem representar.
Para quando um estudo que nos diga quem, dos que ostentam “o canudo”, e que tratam e fazem questão de ser tratados por sôr dôtor, tem na realidade essa formação. Numa altura em que tanto se falou das habilitações literárias do nosso presidente do conselho, esqueceram-se por completo dos outros, que andam por aí (sem qualquer ironia ou segundas intenções!) e que se licenciaram nos anos da rebaldaria universitária pós-25 de Abril; sabem eles e Deus como! Desde aí, com mais ou menos reformas educativas, foi sempre a descer. Coincidência ou talvez não, são esses das licenciaturas à la minute que vieram a desempenhar e desempenham agora funções governativas.