"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Também Estaline, atacado pela paranóia da conspiração, nomeou os seus comissários políticos [Iezhov, Malenkov, Molotov, entre outros] para vigiarem de perto os generais [com especial atenção para Zhukov] durante o cerco a Estalingrado e na denominada Grande Guerra Patriótica, até à tomada do Reichstag em Maio de 1945, chegando mesmo, nalguns casos, a opinião táctica e estratégica dos comissários políticos nomeados a sobrepor-se e a prevalecer sobre a dos generais, com repercussões directas no terreno ao nível de recuos da frente de batalha e de baixas na ordem dos milhares que poderiam ter sido evitadas. É dos livros.
[Legenda do cartaz "Peace to the nations! Peace will be preserved and fortified if the nations will take the matter of peacekeeping into their own hands and will insist on it to the end"]
Juro que ouvi ontem o ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco, no Prós e Contras no canal 1 da RTP, com a mesma convicção com que defendia as 5 – cinco – 5 linhas de TGV de Manuela Ferreira Leite, acusar Luís Fazenda do Bloco de Esquerda de ser co-responsável pela construção de uma linha de TGV que levou o país à ruína. Isto depois de, no mesmo dia e no Parlamento, as Parcerias Público Privadas terem passado, num click e por artes mágicas, a ser boas para os cofres do Estado e negativas para os privados. É obra.
Como grita a palavra de ordem nas manifs, "está na hora, está na hora do Governo ir embora".
A seguir vão poder dizer que até perdem dinheiro para estar na política, esquecendo-se dos milhões de portugueses que perdem dinheiro para trabalhar, aqueles que ainda têm um trabalho. Tal como já foram esquecidos em mais uma acção de agit-prop manhosa: a solidariedade não é para com quem, a viver no limiar da pobreza, perdeu o subsídio de férias e de Natal, depois de ter perdido o abono de família e ter visto todas as taxas e impostos aumentados, a solidariedade é para os «outros membros do governo». Goebbels não teria orquestrado melhor.