"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Não é por nada mas, em caso de necessidade, gostava um dia de ter direito a uma baixa médica ou a uma “assistência à família”, para o caso de não terem sido definitivamente irradiadas do código do trabalho pela aliança chico-esperta entre dirigentes sindicais de meia-tigela e dôtores da mula-ruça.
(Imagem “Dancing Around Whiskey Bottle”, Harold Gauer)
Quem fuma vai sempre fumar. É preferível que fume o que leva de cá ou que ande por lá, por portas travessas, a procurar o que a GNR apreendeu na fronteira - em acções de prevenção da treta para as televisões-, a gastar o dinheiro que lhe pode fazer falta para outras coisas, quando o problema sempre tem sido o consumo de álcool?
Adenda: “mensagens anarquistas”: em 1984, aquando da Operação Orion, houve quem tivesse sido detido por ter em casa o Manual do Guerrilheiro Urbano de Marighella.
Começa a ser uma tradição: os putos vão asneirar para Espanha em excursão de finalistas e, no derradeiro minuto antes da passagem da fronteira, uma operação conjunta GNR / câmaras de televisão. Apreensão de uns charros, identificações, notificações e só faltou aparecer o ministro Rui Pereira a congratular-se e a felicitar as suas “tropas” por mais este sucesso na luta contra o tráfico e consumo de estupefacientes.
Uma palhaçada para telespectador ver. Big deal, umas quantas ganzas just for having fun! Eu se fosse pai de um finalista a asneirar em Espanha ficava muito mais preocupado com o “sucesso” desta operação do que se ela não tivesse acontecido. Quem fuma ganzas fuma sempre, e 10 dias a mil e tal quilómetros de casa, por que portas travessas vão andar para recuperar os charros apreendidos na fronteira? Mas isso já é em Espanha onde, como é sabido, não há nada disso, e a Guardia Civil que se preocupe com a guardia de los nuestros.
Foi agora mesmo no telejornal da RTP1: a equipa de reportagem acompanha uma viatura descaracterizada da GNR em patrulha na auto-estrada do Norte. Um cromo, em excesso de velocidade e a falar ao telemóvel é mandado parar. “Oh senhor guarda, agora vou ficar sem a minha carta que tanta falta me faz?! Não pode fazer qualquer coisinha e passar a multa à minha mulher?”
(Post politicamente incorrecto, mas que pode facilmente passar despercebido uma vez que o blogue só tem Authority 50 no Technorati)
Dois bandidosforam assaltar “um estaleiro de materiais de construção civil, numa propriedade em Santo Antão do Tojal, Loures”(link), e levaram consigo um aprendiz de bandido, que por acaso era filho de um dos bandidos.
Na versão de um primo da vítima, entrevistado numa televisão, “eles não andavam a roubar nada. Andavam só a apanhar ferro para ganhar a vida”. (Como é sobejamente conhecido e cientificamente comprovado, o ferro é uma coisa que cresce a eito; aí pelos campos).
A “apanha de ferro” deu para o torto e, após uma perseguição automóvel, o aprendiz de bandido morreu vitima dos “disparos de um militar da GNR”.
O Canal 1 mandou uma equipa de reportagem entrevistar os habitantes no lugar da ocorrência (léxico policial), na tentativa de encontrar uma testemunha ocular. Do povinho que nestas ocasiões é lesto em aparecer em frente às câmaras a botar faladura e a emitir opinião, nem um quis falar. Ninguém tinha visto nada; ninguém tinha ouvido nada!
Eu era capaz de dizer que era com medo dos ciganos. Dos outros; dos familiares. Mas como é perigoso dizer "cigano", não vá cair aí o racismo e a xenofobia em cima, fiquemos pelo "faroeste" ao contrário, onde o Xerife é que é o mau dafita.
Fazendo aqui um trocadilho com o spot publicitário do cromo do Tempo Extra:
“Os ciganos são um dos grupos em Portugal que mais apoios recebe ao nível do social, mas quando só fazem “merda”: ai ai ai, ai ai ai, que não se pode dizer nada! Mas que raio de democracia é esta?!”
Hoje fui surpreendido com a notícia que, os militares do posto da GNR de Moura, foram proibidos de ler os jornais e ver televisão, até mesmo durante as pausas para as refeições.
- “ Porque é que na União Soviética os polícias andam sempre em grupos de 3?”
- “Um sabe ler, outro sabe escrever, e o terceiro vigia dois perigosos intelectuais!”
Mês de Maio do ano da graça de 1983. Base Militar de Santa Margarida. Durante a última formatura de todo o grupo que compunha o curso iniciado em Janeiro de 82 da 1.ª Brigada Mista Independente – vulgo Brigada NATO – e, antes da passagem à “peluda”, fomos (oficiais, sargentos e praças) abordados por um oficial da GNR que nos ofereceu mundos e fundos e nos propôs seguir a carreira na “Guarda”. De entre mil e tal homens, arranjou 2 – dois – 2 candidatos. Lembro-me como se fosse hoje, o, salvo erro major, abalar a resmungar entre dentes perante a chacora geral: “ainda se arrependem; não sabem o que perdem”.
Hoje no telejornal da RTP1 vejo uma reportagem (link) efectuada no Centro de Formação da GNR na Figueira da Foz. A páginas tantas fala-se que para 1 285 (mil-du-zen-tas-e-oi-ten-ta-e-cin-co) vagas, concorreram 16 000 – dezasseis mil – 16 000 candidatos!
Bem pode José Sócrates, o ministro das Finanças, o ministro do Trabalho, o Governo em peso virem dizer que a crise já era; a economia está a crescer; o emprego a aumentar e o desemprego não tarda nada é apenas uma má lembrança. Pois. Os indicadores estão à nossa frente – e este é apenas um entre muitos. Não há propaganda governamental que resista.
Insólito! Vejo no Telejornal uma rusga da GNR, algures numa feira no Algarve. GNR´s, todos de óculos escuros, contrafeitos, a apreenderem óculos escuros contrafeitos, numa banca de um feirante!