"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas [e do Reino dos Alarves daquém mar] primaram este ano pela originalidade. Tivemos um discurso inteligente e um discurso modo reportagem sobre as cheias no Reguengo do Alviela ou sobre a neve na Serra de Estrela, está sempre actual, é só uma questão de acertar a data e ter cuidado para a película não ficar sépia, dá trabalho aos decifradores de hieróglifos de serviço e, acima de tudo, ocupa tempo televisivo até entrar o bloco publicitário. A que horas é que começa o futebol?
Os olhos que vêem. São os de José Sócrates que ficou na fotografia. São os de Pedro Passos Coelho que está por detrás da objectiva. Podia ter sido ele a tirar a foto. Não são os de Manuela Ferreira Leite. Não ousa sequer olhar, olhos nos olhos, o suserano na hora da saída do manso senhorial. São os de Cavaco Silva numa, e só numa direcção. Cada coisa a seu tempo, o seu tempo para cada coisa. Os olhos que vêem são os nossos. No dia de Portugal o sumário de mais de 30 anos da nossa história recente. Uma imagem vale um milhão de palavras. Missão cumprida.
Errado senhor Presidente. Quem governa até pode nem exigir “a ponta de um cabelo” ao povo que o povo tem o direito (e o dever) de exigir tudo a quem o governa. É para isso que há eleições, é para isso que são eleitos, e é assim que funciona a Democracia. Quem não quer responder perante as exigências daqueles que governa não se candidata. Ou então suspende a Democracia.