"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"socialistas à frente", "recuperação significativa", "empate técnico", "preferência dos inquiridos", "nem o PS nem o PSD conseguiriam uma maioria absoluta". O que a sondagem não projecta é qual o número de cidadãos eleitores que não se vão dar ao trabalho de se deslocar às assembleias de voto no próximo dia 5 de Junho. Por desinteresse, porque estão no seu direito em não o fazer, por descontentamento para com os partidos, para com o sistema politico-partidário, para com os resultados da governação, ou simplesmente porque sim. E devidamente estratificados por motivações. Não projecta mas devia. Assim resta-nos olhar para trás, para as goleadas cada vez maiores com que a abstenção tem vindo a brindar as formações em jogo nestes 30 e muitos anos de Democracia, somar a isto a crise económica e social e arriscar antever um "saldo negativo", um "intervalo [cada vez maior] de (des)confiança", e uma "taxa de resposta" a apontar para a vergonha de todos os intervenientes.
A semana passada foi a ASAE, ontem o SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Procuravam “Diário Económico Encriptado”. Não sei o que é que se passa com o Diário Económico; se anda a passar informação confidencial encriptada para o exterior, segredos de Estado, espionagem económica ou o diabo. Não sei nem quero saber. Mas, o que é que estes senhores pensam que este sito é? Um filme do James Bond, um livro do John Le Carré? Agora por falar em Le Carré, o personagem Harry Pendel n’ O Alfaiate do Panamá de John Boorman encaixa na perfeição nestes excelentíssimos. Ai não que não encaixa.
(Na imagem o PrintScreen de um Magnify User do Statcounter que dá conta da origem e objectivo da visita)
Estamos todos fartos de ouvir dizer a toda a hora e a todo o momento que, temos de trabalhar mais; de produzir mais, para recuperarmos a distância que nos separa da média europeia; o que quer que isso signifique. Isto apesar de nenhum Governo; nenhum patrão; nenhum “empresário” luso (assim mesmo, entre aspas) ter conseguido explicar cabal e coerentemente, qual a razão de, por essa Europa fora, os imigrantes portugueses serem considerados os melhores e mais produtivos, de entre todos os trabalhadores.
Agora mais uma explicação a acrescentar ao rol das que falta dar.
Se é necessário trabalhar e produzir mais para encurtar distâncias; que por isso seja necessário aumentar a carga horária laboral; como é que o Governo explica estas benesses, sem entrar em contradição?
Ou é mais uma daquelas a que este Governo já nos habituou; lançar a bisca para ver até onde pode ir, e, com o engodo de um lado, retirar do outro?
(Foto por Alfredo Camisa roubada no La Repubblica)