"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Luís Filpe Vieira estava a par de tudo, desde Setembro de 2017, data do início das suspeições dos e-mails, dos vouchers, das toupeiras, do caralho, e data em que o campeonato nacional de futebol 2017/ 2018 nunca devia ter iniciado até ficar tudo em pratos limpos. Bruno de Carvalho não sabia de nada, o braço direito do presidente do Sporting era maneta.
De Durão Barroso a António Costa passando por Santana Lopes, José Sócrates e Passos Coelho. Realmente é uma chatice não ser Manuel Pinho o mau da fita nem o PS o partido detentor da comenda dos corruptos e corrompidos do sistema. O Nuno Luz da política, um palerma arvorado em sub-director de político ou o coise.
Escrevem os jornais, todos, e dizem as televisões, todas, que o Ministério Público quer que o Sócras seja impedido de exercer cargos públicos durante 5 anos "depois" de condenado. Não é "se", é "depois".
Se fosse um Governo PS: "Começa julgamento de nº 2 de __________ [nome do líder] e antigo líder da bancada do PS"
E juntavam-se aspectos da governação da pessoa em causa do ponto de vista ideológico, misturando tudo, com um subtexto "PS = corruptos".
E no entanto ninguém pergunta a Passos Coelho, em entrevistas sucessivas ao longo de semanas, o que pensa de Miguel Macedo, se ainda são amigos e se o foi visitar.
Lula da Silva não é corrupto. Não há corruptos no Partido dos Trabalhadores. Dilma Rousseff não pactua com a corrupção. É tudo uma conspiração de brancos, habituados a pretos como serviçais, ricos e ressabiados com a diminuição das desigualdades e do fosso entre ricos e pobres no Brasil da era PT, ansiosos pelo regresso da miséria e do chicote, o dia da desforra. A luta de classes a sul do equador. É isto que querem que se veja nesta fotografia, não é?
«Em causa negociatas, tentativas de branqueamento e enriquecimento ilícito e figuras públicas, políticos, estruturas partidárias, altos funcionários do Estado e firmas privadas. É esta a índole dos envolvidos. São Pedro da Cova, crime ambiental, corrupção, branqueamento, fraude fiscal e tráfico de influências que já duram há quase 20 anos. Crimes que continuam por investigar. Cavaco Silva, Durão Barroso, Valentim Loureiro, Nuno Melo, Assunção Cristas e Marco António Costa são as personalidades que, directa ou indirectamente, estão ligadas a esta sucessão de acontecimentos.
«O jornal americano The Washington Post fala nos 150 milhões de dólares do escândalo da FIFA que levaram, ontem, à demissão de Sepp Blatter. Mas fala também num número mais modesto e que é o que aqui me traz. Entretanto, deixem-me lembrar algumas balizas, para ajuizarmos: mortos nas obras dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008: seis; no Mundial de Futebol da África do Sul, 2010: dois; nos JO de Londres, 2012: um; no Mundial do Brasil, 2014: dez. Assim, desde 2008, nos dois maiores acontecimentos desportivos, Mundial de Futebol e JO, em países tão diversos - e da Ásia, África, Europa e América -, a diferença vai de um a dez mortos. Um morto é sempre uma tragédia, nunca é uma estatística, disse um dos maiores assassinos da história, José Estaline. Mas em obras tão grandes e longas a diferença tão curta, de um morto (Londres) a dez (Brasil), é quase irrelevante e pode ser explicada por acidentes. Quer dizer, consequência do acaso. Portanto, não previsível por quem decidiu a escolha daqueles lugares... Acabo, agora, as balizas para ajuizarmos o que se segue. Passo ao tal número do The Washington Post. Mais modesto e bem mais tremendo. Mortos nas obras, desde que o Qatar foi escolhido, em 2010, para realizar o Mundial de 2022: 1200. Leram bem, mil e duzentos. E ainda faltam sete anos de obras, mas fiquemos pelos já mortos. 1200. Um número destes não é acidente. Não é imprevisível. E atacam Blatter pelo mero roubo de 150 milhões...»