"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Incêndios de 2013 custaram 34,2 milhões de euros"
As continhas estão mal feitas. Primeiro porque afectou sobretudo agricultura em minifúndio com as suas manias das explorações sustentadas e ecologicamente equilibradas e que só atrapalham a vida aos grandes produtores de exploração intensiva, ainda por cima propriedade de velhos, que só 'strovam a vida aos novos que querem fazer alguma coisa por este país, cujos filhos emigraram para França e para a Alemanha, os manhosos e calaceiros.
Segundo porque afectou principalmente floresta propriedade do Estado e o Estado, como é por todos sabido, não tem jeito para gerir nada e nem tem jeito nem trambelho que seja proprietário de florestas e de serras e de rios, que ficam muito mais bem explorados e preservados e rentabilizados nas mãos dos privados.
Terceiro porque o CDS, perdão, a ministra Assunção Cristas e o secretário de Estado Daniel Campelo melhor do que ninguém identificaram os problemas assinalados nos dois pontos anteriores e trataram de meter mãos à obra e de resolver o assunto, como o Daniel muito bem explica.
Portanto, quando se diz e se escreve que os "Incêndios de 2013 custaram 34,2 milhões de euros" as continhas estão mal feitas porque há muito boa gente a ganhar rios de dinheiro, mesmo que implique secar os rios, e a pôr a economia privada a crescer, mesmo que isso implique matar biodiversidade e o ecossistema público e vidas humanas. Pormenores.
Taxa-se, por exemplo, a cerveja a pretexto… não interessa o pretexto porque para este Governo todos os pretextos para taxar são bons e quando não há pretexto inventa-se um. A taxa reflecte sobre o consumidor no preço a pagar. O consumidor retrai-se e deixa de comprar ou passa a comprar menos. Como o consumidor não compra, ou compra menos, a fábrica não produz. Como a fábrica não produz, por falta de procura, faz o ajustamento interno e despede trabalhadores e/ ou rescinde contratos de trabalho. Aumenta o número de desempregados a receber subsídio na proporção exacta ao número de empregados que deixa de descontar para a Segurança Social. Como o número de desempregados a receber subsídio aumenta reduz-se o valor do subsídio a pagar e a sua duração temporal. Como o consumo sofreu uma queda, por via da taxa, os hipermercados, supermercados e pequeno comércio deixam de vender. Algum pequeno comércio [bares, restaurantes] despede empregados ou fecha portas, não só porque o preço do produto aumentou mas também porque há mais gente a receber menos e um desempregado tem mais onde gastar dinheiro do que andar por aí a comprar e a beber cervejas. Mais gente a recorrer ao subsídio de desemprego. Como o comércio não vende o volume de impostos a recolher pelo Estado baixa consideravelmente. Para substituir os impostos que o Estado deixou de arrecadar o Governo cria uma nova taxa. Se calhar sobre o ar que se respira. Até uma criança percebe, excepto estas crianças que se entretêm nas artes da desgovernação de um país.
O soldado disciplinado diz que espera que a «economia crie oportunidades para regresso de emigrantes» e, como a coligação, não se cansam nunca de o repetir, está forte e coesa, que regressem mais-valia para Portugal, «mais qualificados e experientes», nas palavras do seu camarada de caserna, o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade.
Assim como o Moscatel de Setúbal, o Torna Viagem, que foi de nau para o Brasil bom e regressou a Portugal bombeiro, que é para lá de bom em setubalense falado, e inacessível para a maioria das bolsas, se é que me faço compreender, agora em linguagem de mercado laboral e pagamento de salários a quadros mais-valia e bombeiros.
Aqui para nós, que ninguém nos ouve, regressar regressam, já velhos e cansados, sem forças, nem vontade, nem Vinho dos Mortos para desenterrar, tal a intensidade do blitzkrieg de 3 anos de invasão "napoleónica" com "soldados disciplinados" nas suas fileiras, e a pensar nos filhos e nos netos que deixaram em "terras de França".
Como se partidos da maioria e Governo não fossem uma e a mesma coisa, como se o Governo não fosse uma emanação do espírito reinante na maioria, como se houvesse pensamento próprio dentro das bancadas da maioria que não o de seguidismo amorfo e o do sim-sim acéfalo, como se na hora das votações se assistisse a tomadas de posição por motivos de "objecção de consciência" ou a rebeldias motivadas por consciência social e/ ou política, como se estas coisas não fossem todas previamente combinadas e acertadas antes de passarem para a opinião pública, como se estas coisas não tivessem sempre todas origem numa "fonte próxima" ou num "envolvido no dossier".
A ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território [uff!] já tinha avisado quando, em Novembro de 2012 numa entrevista ao Expresso, deixou cair que a Reserva Ecológica Nacional ia desaparecer. Passou ao lado de toda a gente, só se ouviram os protestos das organizações ambientalistas. Talvez agora percebam o que está em causa. Portucel, Caima, Celbi, Goma Camps [mais?], os descendentes dos "anos áureos" do cavaquismo, aconselhados e assessorados pela tralha cavaquista que, mais ou menos envergonhada, continua a andar por aí nos intervalos da chuva BPN/ BPI, apostam na captação de investimento e criação de emprego [?], a "viragem económica", sacrificando o ambiente, a biodiversidade e o ordenamento do território, fomentando a desertificação, e a desertificação humana, do território. Depois, lá para os Verões que hão-de vir, falamos de incêndios e de vidas humanas e de muito choro, em directo nas televisões, e haja dinheiro do contribuinte, dos baixos salários do contribuinte, para o combate às chamas, que as mais-valias do "investimento" ficam no bolso dos accionistas.
Não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que há muito não davam credibilidade ao Governo português e já olhavam para a nova equipa de gestão como uma boa notícia; não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que já tinham incorporado a informação de que o Governo PSD/ CDS-PP ia respeitar as metas do défice, e que faria tudo o que fosse necessário para que se cumprissem essas metas, até porque foi o PSD que andou sempre anda atrás do Governo socialista-despesista-irresponsável para cortar; não fosse o Tribunal Constitucional e as agências de notação financeira que já se preparavam para restituir a credibilidade a Portugal e subir o rating da Nação com as medidas do PSD; não fosse a militância política do Tribunal Constitucional deitar tudo a perder e os mercados já não se fiarem no Governo PSD/ CDS-PP em Portugal que precisa agora de um fiador para regressar aos mercados, de rastos e com a economia destruída. Estava tudo a correr tão bem, não fosse o Tribunal Constitucional.
Daqui para a frente, até à queda, vai ser sempre assim, "não fosse o Tribunal Constitucional…".
António Pires de Lima, o ministro da Economia do CDS-PP, o CDS-PP do abate de milhares de sobreiros [espécie protegida] na herdade da Vargem Fresca, empreendimento do Grupo Espírito Santo, escolhe como destino para o primeiro acto enquanto ministro – por «um olhar mais atento ao ordenamento do território», a Costa Vicentina, a costa do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, a única parcela do território nacional que ainda não foi alvo de saque e destruição massiva, vulgo "algarvização", a costa onde o Banco Espírito Santo, do "caso Portucale", o Banco Espírito Santo que se propunha pagar o ordenado ao líder do CDS-PP, já tem empreendimentos consolidados em terrenos retirados à Rede Natura ou à Reserva Ecológica Nacional, e outros "investimentos" em vias de.
Depois não digam que não foram avisados.
[Na imagem Max Schreck em Nosferatu de F. W. Murnau]
Para começar, e na falta de um António Ferro que induza a "abertura fácil", o senhor Lima podia inundar o país, de Norte a Sul, com outdoors à la Super Bock, talvez assim o povo acredite que a zurrapa é D. O. C. .
Paulo de Sacadura Cabral Portas tem escutas em casa? António de Magalhães Pires de Lima tem escutas em casa? Há escutas no Largo do Caldas? Paulo Portas trata da vidinha partidária nas horas de expediente a expensas do erário público? O CDS-P[aulo] P[ortas] é o Estado, pelo menos nos Estrangeiros, e o Estado é o CDS-P[aulo] P[ortas]? Já não há a separação de competências e cargos? Já não há a puta da vergonha?
O dr. Paulo Portas mandou o dr. Pires de Lima e o dr. Nuno Melo defender a honra e o bom-nome do dr. Paulo Portas e do partido do dr. Paulo Portas, numa operação concertada para minimizar danos provocados por "alguém", também dr. presume-se, o dr. "alguém".
A ironia de tudo isto reside em haver um "alguém" ou um dr. "alguém" apostado em tramar o dr. Portas, que não apostou nunca tramar algum "alguém" ou um dr. "alguém", recorrendo aos serviços de "alguém" ou de um dr. "alguém", quando não era ele próprio o dr. "akguém". Lembra-me uma empresa de pesados de mercadorias que havia [há?] anos 60/ 70 e que tinha o lema "O mundo gira e __________ gira com ele" escrito a helvética na cabine dos camiões.
No final os drs. concluem que a coligação está de boa saúde e não precisa de ir ao dr.
Ainda sou do tempo em que tomar uma refeição à mesa dos pais obedecia a uma série de normas e preceitos.
Por exemplo, apoiar os cotovelos na mesa enquanto se manejavam as ferramentas, vulgo talheres, podia dar azo a levar um carolo punitivo se, e após as regras terem sido definidas, se incorresse demasiadas vezes na infracção.
Outra das normas era a proibição de apoiar a cabeça com as mãos. “Não tens força no pescoço?”; ou “Estás com medo que a cabeça te caia?”; era o sinal de aviso.
Por estas e por outras é que me faz grande confusão as fotos que acompanham os artigos de opinião, de alguns ilustres da nossa praça. Será do peso das ideias?