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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Manifestações

por josé simões, em 13.10.06

 Quinta-feira, 12 de Outubro, hora do telejornal.

Abertura do noticiário na RTP 1, manifestação convocada pela CGTP. Zapping rápido por todos os outros canais e a mesma abertura. Até no Jornal das 21 h , SIC Noticias, com o profissionalíssimo Mário Crespo.

Setenta a oitenta mil manifestantes segundo a polícia. Cem mil segundo a organização. Não é isso que importa.

Importa, isso sim, o que se lhe seguiu: Entrevistados de rua, o que inclui desde os próprios manifestantes até ao policia de transito de serviço, passando por quem ficou preso no caos rodoviário, ou quem aguardava o transporte público que nunca mais chegava, até aos comentadores do costume, com comissão de serviço nas estações.

Opinião unânime: O Governo, e mais especificamente José Sócrates, deviam ter em conta o aviso. O descontentamento cresce, e devia dar ouvidos ao povo, e tal e tal.

Até o insuspeito Diário de Noticias, alinhava hoje, pelo mesmo diapasão.

Também interessante foi verificar a mudança de opinião de alguns analistas / comentadores da praça pública, quando nos anos 80 se verificavam manifestações de dimensão equivalente.

Que o governo tinha sido eleito democraticamente e devia ser imune às pressões de rua.

Mas nos anos 80 estava quem estava no governo, e o que era válido nos anos oitenta, não o é agora, enfim... (comentário meu).

Sejamos realistas, desde que Margaret Tatcher colocou na "linha" o poderoso Sindicato dos Metalúrgicos ingleses, abriu um precedente, e nunca mais governo algum na Europa, deixou de tomar medidas, por mais impopulares que fossem, ou de governar devido às pressões de rua.

Vide o caso recente da Hungria.

Numas legislativas em que o conjunto de votos CDU / BE vale 13. 95%, (ao PSD e ao PP, por motivos óbvios não os incluo na manif . de ontem), em que os votos PS valem 45. 05% (e continua a subir nas sondagens e intenções de voto), em que existem 750 mil presumíveis descontentes da Função Pública; até que a manif . foi fraquita.

José Sócrates deve estar neste momento a dizer para com os seus botões: "E se não fosse para ganhar... Eu não me atirava assim!".