Manifestações
Quinta-feira, 12 de Outubro, hora do telejornal.
Abertura do noticiário na RTP 1, manifestação convocada pela CGTP. Zapping rápido por todos os outros canais e a mesma abertura. Até no Jornal das 21 h , SIC Noticias, com o profissionalíssimo Mário Crespo.
Setenta a oitenta mil manifestantes segundo a polícia. Cem mil segundo a organização. Não é isso que importa.
Importa, isso sim, o que se lhe seguiu: Entrevistados de rua, o que inclui desde os próprios manifestantes até ao policia de transito de serviço, passando por quem ficou preso no caos rodoviário, ou quem aguardava o transporte público que nunca mais chegava, até aos comentadores do costume, com comissão de serviço nas estações.
Opinião unânime: O Governo, e mais especificamente José Sócrates, deviam ter em conta o aviso. O descontentamento cresce, e devia dar ouvidos ao povo, e tal e tal.
Até o insuspeito Diário de Noticias, alinhava hoje, pelo mesmo diapasão.
Também interessante foi verificar a mudança de opinião de alguns analistas / comentadores da praça pública, quando nos anos 80 se verificavam manifestações de dimensão equivalente.
Que o governo tinha sido eleito democraticamente e devia ser imune às pressões de rua.
Mas nos anos 80 estava quem estava no governo, e o que era válido nos anos oitenta, não o é agora, enfim... (comentário meu).
Sejamos realistas, desde que Margaret Tatcher colocou na "linha" o poderoso Sindicato dos Metalúrgicos ingleses, abriu um precedente, e nunca mais governo algum na Europa, deixou de tomar medidas, por mais impopulares que fossem, ou de governar devido às pressões de rua.
Vide o caso recente da Hungria.
Numas legislativas em que o conjunto de votos CDU / BE vale 13. 95%, (ao PSD e ao PP, por motivos óbvios não os incluo na manif . de ontem), em que os votos PS valem 45. 05% (e continua a subir nas sondagens e intenções de voto), em que existem 750 mil presumíveis descontentes da Função Pública; até que a manif . foi fraquita.
José Sócrates deve estar neste momento a dizer para com os seus botões: "E se não fosse para ganhar... Eu não me atirava assim!".