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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Aguardente?! Ouvi perfeitamente!

por josé simões, em 02.01.09

 

Cavaco Silva tem um problema com a História e com a opinião pública. E não me estou a referir a nós, que lemos jornais e/ ou que passamos a vida a “picar-nos” uns aos outros aqui nos blogues e que queremos ter voz activa. E não me refiro aos 50% + 1 que elegeram o Presidente, nem àqueles que votaram nos outros candidatos; refiro-me àqueles que já votaram e agora não o fazem; aqueles que gradualmente por descontentamento e por desilusão vão engrossando as fileiras da abstenção: A Maioria Silenciosa.

 

E basta andar nos transportes públicos ou ir de vez em quando ao café e ouvir as conversas, para perceber que, exigir que «os dinheiros públicos sejam "utilizados com rigor e eficiência"» e que as ilusões se pagam caras e que é necessário falar «"verdade" contra as "ilusões" que não mobilizam os portugueses para as dificuldades de 2009» soa a falso. Soa a falso à maioria do povo português.

 

Todos (i hope so!) estamos lembrados dos tempos de Cavaco Silva primeiro-ministro e das anedotas que circulavam sobre a enxurrada de fundos comunitários para a modernização do país, comparativamente com o que se ia fazendo na Espanha de Filipe Gonzalez, e se não ia fazendo em Portugal. A enxurrada de dinheiros convertidos em jipes e carros topo de gama, casas no Alentejo e Algarve, barcos e por aí, que, ironia do destino, mais tarde com Cavaco Silva Presidente começaram a dar frutos, uns mais mediáticos que outros. O BCP e os Dias Loureiros mais os Oliveiras e Costas e os Joões Rendeiros e o BPN e um grande etcaetera. Na memória colectiva do povo português o descalabro para a situação actual do país tem data.

 

Cavaco Silva fala para as pitonisas do costume que sabem ler nas entrelinhas o que o Presidente disse e aquilo que não disse e até coisas que Cavaco Silva himself deve ficar de boca literalmente aberta pelas interpretações feitas.

 

O Presidente que me desculpe a linguagem, mas o pessoal está-se c-a-g-a-n-d-o, com todas as letras, para o discurso de Ano Novo. O que o povo quer, e recorrendo a um sms recebido na passagem de ano, é boas-festas no corpo todo, aumento de ordenado no fim do mês e que o Benfica seja campeão. É que desde os tempos de Marcelo Caetano, pelo menos que me lembre, que se anda a pedir sacrifícios ao povo e que o povo tem de trabalhar mais em nome de um futuro que poderá ser radioso. Toda a gente se esfalfa a trabalhar; aqui ninguém anda a coçar os tomates e os resultados e as recompensas são como a caixa de esmolas para o Santo António. O problema não é do povo, é das elites, se bem que as elites tenham sido eleitas pelo povo. Mas isso são contas de outro rosário.

 

Temos um Presidente e um Governo. E temos um povo. Pena é vivermos em países diferentes.

 

 

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