Dos tempos em que Freitas do Amaral era fascista (II)
Quando Freitas do Amaral era o Seitas do Mal no jornal O Diário, uma grande fatia da actual classe política do centralão andava a armar confusão nas fábricas, nas universidades e nos sindicatos, com um pin na lapela onde era possível ver as efígies de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao (acho que era esta a ordem), com qualquer coisa “m-l” por baixo. Era tão grande o pin que era quase maior que a lapela. Sinceramente não sei se havia algum pin ainda maior que abarcasse também o Henver Hoxa…
Eram os tempos de se aceitar Estaline, «com alguma crítica», e os tempos em que a China era socialista. Era os tempos em que o pessoal do PC levava nas orelhas – e com razão diga-se – por causa da Hungria e da Checoslováquia. Continuam a levar – e com razão, diga-se outra vez –, mas também se põem a jeito. Aos apóstolos do Timoneiro e aos Faroleiros do Socialismo na Europa, foi feito um conveniente e conivente reset à memória – como no Total Recall com o Arnold Schwarzenegger e a Sharon Stone – e não se fala mais nisso. E aí andam eles pelos intervalos da chuva, apesar de por vezes serem assaltados por visões do passado.
Não sei quem vai entregar o Premio. Não sei se o presidente da Comissão vai estar presente. Pena Hu Jia não poder himself recebê-lo. Porque está preso. Pela oportunidade de olhar olhos nos olhos alguns ex, agora convertidos.
A gente preocupa-se muito com a (falta de) Democracia na China.
(Imagem de Chen Yanning fanada no New York Times)