ffw » play (+8 pitch adj.)
Eu também gostei muito da entrevista a Maria José Morgado e a Saldanha Sanches na Pública de domingo.
Principalmente desta parte: «S. S. – Mas éramos estalinistas. Com alguma crítica, mas aceitávamos o Estaline».
Como é que é aceitar e ser crítico ao mesmo tempo, do personagem em questão? Aceitavam o bigode e o chapéu, mas criticavam os mortos, os perseguidos, os famélicos e os milhões de migrantes forçados. Dois em um.
E dest’outra também: «M. J. M. – (…) A China, depois do Deng Xiaoping, também já não é socialismo (…)». Depois?!? Pressupõe que “antes do” fosse. Temos assim Mao, o carniceiro-mor dos comunismos, ao pé do qual o Estaline era um aprendiz, a passar pelos intervalos da chuva, convenientemente branqueado com a ajuda da menina Anabela Mota Ribeiro que conduz a entrevista.
Fosse um ex-PCP, e levava com o Estaline, o Lenine e o Yagoda, mais a fome na Ucrânia e o Gulag, e ainda a Hungria e a Checoslováquia e o Afeganistão, até ao fim da entrevista. Nunca mais se livrava da cruz. Nunca percebi estas cumplicidades jornalísticas para com os ex-maoistas. E são mais que as mães. E enxameiam de alto a baixo os dois partidos do Bloco Central. E ocupam funções governativas. E encaixaram-se em todas as grandes empresas deste país. Talvez seja por isso mesmo. Mais vale cair em graça que ser engraçado.
Camarada Saldanha; camarada Maria José: cantam bem mas não me alegram. Dito de outra forma: vão dar música a outro, que essa já eu ouço desde pequenino.
Entrevista na íntegra aqui, descoberta via.
A ler: Mao - A História Desconhecida, de Jung Chang e Jon Halliday, Bertrand Editora
(Foto roubada aqui)
Adenda: A parte final da entrevista. «S. S. - Acho que nas pinturas há alguma sensualidade, e num casal tem de haver sensualidade. Mas pinta mal - como toda a gente sabe!». Cá para mim já esteve mais parecida com o Robert Smith…