Dos refugiados
por josé simões, em 19.08.08
Rebenta uma guerra. Daquelas guerras “à antiga”; com balas e bombas e tudo.
E mortos; muitos.
E refugiados; muitos.
E está ali um gajo num campo de fugidos à guerra refugiados, com a roupa que tinha mais à mão em cima do pelo, debaixo duma lona verde, a pensar na casa destruída e na família toda esfrangalhada e nos putos a ganirem com fome.
E chega outro gajo, todo engomadinho e de gravata de seda imaculada.
E atrás dele vem uma comitiva enorme de gajos todos engomadinhos e de gravatas de seda imaculadas.
E dizem que se preocupam e que são comissários e que lhe vão resolver o(s) problema(s).
O que é que o gajo que vive agora numa tenda pensa?
O que é que lhe passa pela cabeça?
(Foto de Sven Prim)