Vira o disco
por josé simões, em 27.02.08
Há uns anos atrás comprei um disco de Bob Dylan, Desire de seu nome (a meu ver dos piores de sempre do compositor), mas que, devido a uma particularidade, é talvez um dos mais valiosos da música popular no mercado de coleccionadores. Por um erro de prensagem, o lado B tem exactamente as mesmas músicas do lado A.
Lembrei-me disto a propósito da circular recebida via CTT por todos os “colaboradores” da empresa onde trabalho. “Colaboradores” - com cê grande. É socialmente mais desresponsabilizador para o patrão; é mais descartável que “trabalhadores” ou “empregados”. Adiante.
Sempre os mesmos cinco parágrafos. Sempre o mesmo texto. Sempre as mesmas virgulas; sempre a mesma pontuação. As únicas diferenças entre as circulares, desde o ano de 2000 até ao ano de 2008 são, obviamente a data (apesar de tudo ainda não perdi a esperança que um dia se esqueçam de a alterar), e a percentagem, que tem variado entre os 1, 3% e os 2, 5%. Vira o disco e toca o mesmo!
Estou a guardá-las todas. Quem sabe, um dia, não venham a valer tanto como o Desire do Bob, quando se fizer a história do empresário português…
(Por motivos compreensíveis, o logótipo e o nome da empresa, assim como as assinaturas da administração foram suprimidas)