|| Acordou da sesta
Em 2009, era José Sócrates primeiro-ministro de um Governo minoritário, não se lembrou de exigir consensos, virou-se para o lado e dormiu uma sesta. Até lhe convinha a falta de consenso. Queimar José Sócrates e o Partido Socialista em lume brando, ajudado pelas primeiras páginas diárias do Correio da Manha [sem til] e os títulos bombásticos das suspeitas de negócios e negociatas, mais os telejornais da ex-deputada do CDS na TVI e do t-shirt man na SIC Notícias, com os atentados à liberdade de imprensa que José Sócrates preparava na calada da noite.
Em 2011, já Pedro Passos Coelho, um ex-jota do seu partido primeiro-ministro, não se lembrou de exigir consensos, virou-se para o outro lado e continuou a dormir a sesta. Apesar do memorando de entendimento ter tido a assinatura de três partidos [PS, PSD, CDS] e apesar de nas urnas o PS ter sido o segundo partido mais votado, permitiu que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas "governassem" durante 3 anos. Até lhe convinha a falta de consenso, rédea larga, foi/ é o fartar vilanagem no saque ao Estado, na destruição do Estado social, no esbulho aos salários e pensões, nas sinecuras a distribuir pela elite politico-partidária, no saltitar levemente de nenúfar em nenúfar entre o sector privado e o sector público, de toda a tralha cavaquista, com ligações mais ou menos obscuras à associação de bandidos que dá pelo nome BPN, recuperada pelo ex-jota do seu partido, agora primeiro-ministro.
Como se adivinha o descalabro para 2014, como quando a troika for às suas, que cá não deixa saudades, não vamos estar como estávamos em 2011 mas numa situação muito pior, e como um Presidente, um Governo e uma maioria, não são suficientes para garantir o segundo resgate, que nos vai deixar numa situação em que vamos ter inveja dos gregos, é necessário também uma oposição, acordou da sesta e veio exigir consensos.
Podia lavar a cara, tirar as ramelas dos olhos, e resignar ao cargo que o que cá não falta é gente com competência e idoneidade para exercer o cargo de Presidente da República e prestigiar a instituição Presidência.
[Imagem de autor desconhecido]