O Nó Górdio de G. W. Bush
por josé simões, em 21.11.06
No jogo de cintura que Washington começa a fazer para encontrar maneiras de sair do Iraque sem perder a face, ou seja, rapidamente, sem desonras e deixando o país com um mínimo de governabilidade, foi chamado à função de procura de soluções Jim Baker, cujo objectivo primeiro será não deixar o país em situação idêntica à que ficou o Afeganistão após a retirada Soviética.
Baker fora uma das vozes discordantes da invasão do Iraque. E Baker não está só. O sucessor de Rumsfeld, nomeado após a derrota eleitoral republicana, Robert Gates, também não tinha sido grande entusiasta da aventura.
Parece-me óbvio existir aqui uma inflexão na orientação da política externa de Bush filho.
Escrevo propositadamente Bush filho, porque estas nomeações são uma recuperação / repescagem de algumas figuras do círculo político próximo a Bush pai.
Afinal o homem sempre fala com o pai…Que nestas questões era mais avisado que o filho e muito mais liberto dos talibans evangélicos Norte Americanos.
O irónico – a roçar o humor negro – é que ambos advogam a participação de outras potências regionais para que o Nó Górdio seja desatado. Implica o envolvimento da Síria e do Irão. Nem mais. Posição aliás já publicamente assumida e defendida por o outro aliado de Bush na guerra contra o terrorismo, Tony Blair.
Antevendo o futuro, o louco que governa Teerão – Ahmadinejad – convidou a Síria e o Iraque para uma cimeira onde se discutiram formas de travar a violência sectária no Iraque.
Final absurdo para uma guerra que se queria anti-terrorista, ter de chamar à mesa das negociações a encarnação do eixo do mal – Síria e Irão – que seriam em principio os seus objectivos últimos.
Entretanto a revista “The New Yorker”, publicava ontem pela pena de Seymour Hersh, prémio Pulizer em 1969 com reportagens sobre a guerra do Vietnam que a Casa Branca ignorou um relatório da CIA que afirma não terem sido encontradas provas de um programa iraniano de armas atómicas.
A questão que se coloca é: de qual CIA estamos a falar? Da que ignorou os indícios que permitiram o 11 de Setembro, ou da que manipulou provas que originaram o atoleiro chamado Iraque?