|| Qual é a dúvida?
Para apresentar elevados níveis de rentabilidade em resposta à "ditadura" do rácio trabalhador versus instrumento de trabalho; para diminuir encargos com a Segurança Social e com o fisco; para se ter o mínimo, pelo menor número de trabalhadores ao serviço, de responsabilidade na redistribuição da riqueza, acumulada pelo contrato de compra e venda da força de trabalho – a tal da dignidade do trabalho, estrutura-se todo o serviço com base nas horas extraordinárias e, depois do contrato assinado entre o contratante e o contratado, decide-se que o valor a pagar pelas horas extraordinárias, que asseguram o normal funcionamento do serviço na premissa do que anteriormente foi [d]escrito, não é xis como foi previamente acordado mas ípsilon porque agora nos apetece e porque aumenta a mais-valia ao contratante. E o contratado recusa, qual é a dúvida? Aparentemente nenhuma, não fosse a ideia, sim, porque há uma "ideia", voltar aos anos 60/ 70 do século passado, quando os estivadores se acumulavam à entrada dos portos na chegada dos barcos e vinha depois o capataz escolhê-los um a um, pela cara, pela amizade, pela submissão, pelo lambe-botismo, pelos bufos, ou porque sim, e negociava o preço da estiva, paga na hora e no final de cada jorna. Assim, sem mais, e que cada um faça depois o que muito bem entender com o dinheiro que recebe, descontos e comparticipações incluídas.
Adenda: Num clip, cirurgicamente amputado do minuto inicial, qual é a dúvida por alguém que trabalha 12 ou mais horas por dia, a qualquer hora do dia, da noite, da madrugado, assegurando, como agora se gosta muito de papaguear, o bom funcionamento da economia, ganhar 5 mil euros mensais?
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