"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
É "A vitória eleitoral de Wilders explicada aos pequeninos" por José Rentes de Carvalho no seu blogue Tempo Contado. Se agarrarmos em duas gémeas brasileiras, naturalizadas portuguesas em tempo recorde, a receberem tratamento milionário no Serviço Nacional de Saúde com um medicamento de eficácia duvidosa, segundo os especialistas, sem um número de segurança social atribuído, e com cadeiras de rodas eléctricas atribuídas a custarem o que muitas famílias não auferem em salário num ano, temos um dos ingredientes do caldo para a explicação das sondagens que dão a subida vertiginosa do Chega.
O líder da bancada parlamentar da "peste grisalha" e do "corte de 600 milhões de euros nas pensões" diz que não só não vai cortar pensões como até as vai aumentar e elevar as de sobrevivência ao patamar do salário mínimo nacional;
O líder da bancada parlamentar do "sair da zona de conforto", procurar emprego no estrangeiro e nos PALOP, enquanto se rejubilava pelas embaixadas inglesas nos hotéis de Lisboa para levarem médicos e enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde para o NHS bife, vai dar os 30% aos médicos e mais alguma coisa aos enfermeiros e restituir os 6 anos 6 meses e 23 dias ao comissário Nogueira dos stores;
O líder da bancada parlamentar do "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer" diz que o salário mínimo é para continuar a aumentar e que o aumento que antes não podia ser dado por causa da competitividade da economia, da produtividade, da viabilidade das empresas, da sustentabilidade das finaças públicas, e outras desculpas de mau pagador, foi uma coisa muito bem feita pela Geringonça e pelo socialismo venezuelano em que este país se transformou;
O líder da bancada parlamentar "o meu passado chama-se Passos" foi a Boliqueime interromper o jantar do senhor Aníbal depois de ter mandado o senhor Coelho dar aulas na academia, é que há passados e passados e outros passados hão-de vir.
Diz isto tudo, e ainda há-de dizer mais daqui até à véspera das eleições, porque, como diz o povo, é a raça dele, dizer coisas, dizer tudo e o seu contrário, dizer o contrário do que sempre disse, para se alçar ao poder e retomar a governação, interrompida em 2015, para pequenos grupos que são grandes, para clientelas políticas, para a porta giratória, enquanto se passa a imagem da governação em prol do interesse nacional.
Diz isto tudo, e ainda há-de dizer mais daqui até à véspera das eleições, porque sabe que já ninguém se lembra do que disse antes, nem sequer aqueles que têm a obrigação de relembrar, os jornalistas e comentadeiros avençados nas televisões, para quem uma coisa antes chamada contorcionismo e trapacice hoje é "o melhor discurso da vida dele".
Ativistas ambientais e agentes da Polícia durante a manifestação pelo fim ao fóssil, para reivindicar o fim do fóssil até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que este é o último inverno em que o gás fóssil é utilizado em Portugal, frente ao Ministério do Ambiente, em Lisboa, 24 de Novembro de 2023. Manuel de Almeida/ Lusa