"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Migrants stand near the border wall after crossing the Rio Bravo river with the intention of turning themselves in to the U.S. Border Patrol agents, as seen from Ciudad Juarez, Mexico. Reuters/ Jose Luis Gonzalez
5 minutos de jazz dão para dois temas do Charlie Parker e para duas espiras de vinil do Coltrane, na fase live at Village Vanguard. E é por isso que prefiro o Parker ao Coltrane ou ao Miles Davis, por conseguir dizer em 3 minutos coisas que os outros só conseguem dizer em 7, às vezes em 10 e mais minutos, e ainda assim fica alguma coisa para dizer. E esta conversa da treta foi o pretexto para voltar aqui e dizer que dizer "o que eu aprendi com este gajo!" é a melhor coisa que se pode dizer de alguém na hora da sua morte, uma semana depois de ter escrito no Twitter:
"Quais as probabilidades de ires no carro:
- a ouvir uma pen com jazz, não é rock, nem pop, nem música de ir ao cu da RFM, é jazz;
- Não ser jazz mainstream nem tampouco comercial;
- Ser Cannonball Adderley, desconhecido para o comum dos mortais;
- Ser um álbum gravado ao vivo em 1958;
- Estacionas o carro, sais e no café mesmo em frente está a tocar a mesma coisa na aparelhagem;
O disco era The Cannonball Adderley Quintet In San Francisco,1959 [falhei um ano na data], e conheci-o por causa do mestre José Duarte. Ele há coisas do caralho...
Negociar o quê, com quem, em que moldes? Edgar Clara, 48 anos, pároco de Castelo, Santiago, Socorro e São Cristóvão e São Lourenço, e capelão do Hospital Egas Moniz, não diz. Mas se calhar também não é preciso dizer. A avaliar pelo que foi a punição aplicada pela Igreja Católica aos abusadores, saltitarem levemente de paróquia em paróquia enquanto iam desfrutando dos prazeres do silêncio de novos inocentes. Que este senhor tenha a soberba lata de escrever isto nas páginas de um jornal, que sinta a Igreja armadilhada, diz muito do reino da impunidade no reino dos céus que tem sido décadas da "palavra do Senhor".
People enjoy a drink as members of the security forces patrol during a demonstration after the pension reform was adopted as the French Parliament rejected two motions of no-confidence against the government, in Paris, March 22. Reuters/ Nacho Doce
O ataque desta manhã é um crime hediondo que a justiça deve punir exemplarmente. Manifesto a minha solidariedade e pesar às famílias das vítimas e ao Centro Ismaili de Lisboa. Cumprimento a PSP pela rápida e eficaz intervenção. Luís Montenegro no Twitter.
Foi com profunda tristeza que soube do ataque fatal ocorrido hoje em Lisboa, um acto chocante que merece uma profunda condenação. Aos familiares e amigos das vítimas presto as minhas condolências. Rui Rocha no Twitter.
"PS e BE chumbam audição do ministro do MAI sobre ataque ao Centro Ismaili"
Requerimento do Chega foi chumbado com os votos contra do PS e do BE. O pedido de audição urgente do ministro da Administração Interna teve a abstenção do PAN e os votos favoráveis do Chega, PSD e Iniciativa Liberal.
Entre a "solidariedade", o "pesar", as "condolências", o "acto chocante", o blah-blah-blah de encher chouriços e meter cara de luto, e o circo montado pelo Chega, e chumbado pela maioria PS/ BE no Parlamento, tivemos o director-nacional da Polícia Judiciária a afastar o terrorismo como motivo condutor para os homicídios. São os fachos educados que se aproveitam do que o facho grunho diz à boca cheia para manifestarem o que só ousam pensar em privado.
O que é que vai na cabeça de um gajo que atravessa o Mediterrâneo numa embarcação manhosa, à mercê das redes mafiosas de tráfico de humanos, que se vê viúvo na Grécia num incêndio num campo de refugiados, sozinho em Portugal, pai de três menores num país estrangeiro, para fazer uma merda destas?
André Ventura tem pai, tem mãe, tem avós, tios, primos, família, não nasceu de geração espontânea, acaso a algum jornalista já lhe passou pela cabeça ir saber o que é que a família pensa, o que é que falhou na educação para sair, e vou ponderar bem os termos, um monte de merda desta envergadura?
Temos Rishi Sunak, filho de indianos emigrados da África Oriental, primeiro ministro em Inglaterra; temos Suella Braverman, filha de imigrantes de origem indiana nascidos no Quénia e nas Ilhas Maurícias, secretária de Estado para os Assuntos Internos, também em Inglaterra; e temos Humza Yousaf, filho de pai paquistanês e mãe queniana, à frente do Partido Nacional Escocês. Quantas décadas vamos demorar até Portugal ter este nível de integração, dando como ponto de partida as autárquicas de 2021 na margem sul do Tejo, a zona mais multicultural, multi étnica, e de diversidade religiosa do país, onde, por exemplo, na "zona das quintas" - St.º Amaro, Rouxinol, Varejeira, Brasileiro, S. Nicolau, Miratejo, um branco europeu é que "dá nas vistas" nas ruas, e com todas as listas de todas as áreas políticas a passarem completamente ao lado desta realidade?
Sempre me fez espécie o fenómeno emigrante, dos estádios cheios, do orgulho numa pátria que os expulsou por não querer saber deles, a diáspora do quanto mais me bates mais gosto de ti. Ainda mais espécie me faz ver o acolhimento dispensado a Luís Montenegro, o personagem sem passado, "o meu passado chama-se Passos", o que apontou a porta da emigração, "há que sair da zona de conforto", o do "brutal aumento de impostos", que Montenegro fez o pino a defender no Parlamento enquanto líder da bancada para lamentar, o monte negro que no estrangeiro acusa o socialismo de carregar as pessoas com impostos. "Levantai hoje de novo o esplendor de Portugal".
Sábado vou ao Mercado do Livramento em Setúbal, mercado de produtores, e a batata que era a 1€ continua a 1€, a cenoura que era a 1€ continua 1€, a laranja que era a 1€ continua a 1€, os ovos que eram a 3€ a dúzia continuam a 3€ a dúzia, a alface que era a 1€ continua a 1€, a cebola que era a 1 € continua a 1€, a pera rocha que era a 1€ continua a 1€, e por aí fora, parece aquelas lojas que havia dantes, as do tudo a 300, e os outros, os que vão ao hiper, vão poupar 1€ e picos no cabaz de compras e ficam todos contentes por continuarem a pagar mais caro que eu. É destes que os Lobos Xavieres desta vida gostam. "Sobre a terra, sobre o mar".
"importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à 'nova ordem' imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - [...] e R.D.P. da Coreia" ou, como escreveu o "camarada" António Filipe no Twitter, Viva a República!