"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A superioridade moral do "novo" PSD, como se intitulou a tralha passista recauchutada à roda de Luís Montenegro, e rapidamente papagueado por toda a comunicação social, camarada e amiga, não lhe permite dizer "o PS governou com a extrema-esquerda mas nós não vamos governar com a extrema-direita porque temos princípios e somos moralmente superiores". É precisamente o contrário, legitimam a extrema-direita invocando uma pretensa "extrema-esquerda". Sabem muito.
Depois apresentam-se a eleições em coligação e denominam-se "centro direita", depois de toda a comunicação social já os ter denominado assim porque eles assim já se denominam, numa pescadinha de rabo na boca que mina os media há décadas. Legitimar a extrema-direita e os neo-fascistas apodando comunistas e bloquistas de "extrema-esquerda", comparar quem luta por uma escola pública de qualidade e gratuita, por um Serviço Nacional de Saúde de excelência para todos, por melhores salários e condições de trabalho, por pensões e reformas dignas, com quem defende guetos para minorias, repressão policial, exclusão pela religião que se professa ou pela orientação sexual, a mulher como máquina de parir.
A local resident walks past an apartment block damaged in the course of Russia-Ukraine conflict in Mariupol, Ukraine September 25. Reuters/ Alexander Ermochenko
Com a vitória de Giorgia Meloni em Itália assistimos ao regresso da lengalenga de 1922, que "o fascismo é o capitalismo em decadência", balelas ouvidas da boca do controleiro nas reuniões de célula do partido ou lidas à quinta-feira n' "a verdade a que temos direito", sem terem aprendido, nem querem aprender, que o fascismo é a esquerda em decadência, é quando a esquerda se demite, e fazendo de conta que os milhares de socialistas revolucionários, anarquistas, comunistas, anarco-sindicalistas, etc, que passaram directamente para a Falange em Espanha, os Fasci di Combattimento em Itália, ou a Action Française de Charles Maurras nunca existiram, tivemos ontem Marques Mendes, o conselheiro de Estado militante do PSD, na televisão do militante n.º 1 muito preocupado, diria mesmo bué preocupado, com a ascensão da extrema-direita em Portugal e passando completamente ao lado da normalização da extrema-direita em Portugal pela acção de Luís Montenegro, o líder do seu partido, o PSD. É que há fascismos, lengalengas, palas nos olhos e há fascismos mais fascismos que os fascismos. Diz que o militante n.º 1 está furioso com os resultados das audiências. Se calhar é pela honestidade de quem lhe faz o prime time, de Bernardos Ferrões a Zés Gomes Ferreiras e Nunos Rogeiros passando pelos Marques Mendes desta vida.
Era assim a primeira página de sábado do Rooyesh-e Mellat com as imagens da manifestação sexta-feira em Teerão de apoio ao regime dos barbudos com rodilhas na cabeça como resposta à revolta que tomou conta das ruas após a morte de Mahsa Amini às mãos da polícia da moralidade.