"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A demonstrator takes part in a rally in support of legal and safe abortion during a march to mark the International Safe Abortion Day in Bogota, Colombia. The letters painted on her face read "Abortion". Reuters/ Nathalia Angarita
Lava is seen through the window of a kitchen from El Paso following the eruption of a volcano on the Canary Island of La Palma, Spain. Reuters/ Jon Nazca
A razão, as razões, para que o Bloco de Esquerda, nascido em 1999, já com 22 anos disto mas herdeiro dos grupelhos e partidos esquerdistas que no pós revolução, e até aos 80s, tinham forte implantação nas comissões de moradores, comissões de bairro, colectividades, sindicatos, ligação directa ao povo anónimo, às bases, como sói dizer-se, não ter expressão autárquica, e a pouca que tinha ter-se esfumado - menos dois terços dos seus 12 vereadores, o vereador mantido em Lisboa e o vereador ganho no Porto não disfarça o ter ficado 70 mil votos atrás e cinco vezes menos vereadores que o Chega, o partido do ódio, do ódio religioso, do ódio ao estrangeiro, do ódio à diferença sexual, do ódio à diferença política, do ódio a tudo, albergue de fascistas e neo-nazis, fundado há dois anos, e que levou a votos listas integradas por personagens pobres de espírito, que não conseguem articular uma ideia nem pronunciar uma oração com sujeito e predicado, e gente que habitualmente víamos nos filmes passados em hospícios e asilos para doentes mentais.
Segundo o Diário de Notícias de hoje, na imagem, os lisboetas fartaram-se de Medina e uma das razões para o voto em Moedas foi a "proliferação do alojamento local". Leram bem, a "proliferação do alojamento local". E vai daí votaram no secretário de estado da troika, o liberal Moedas que, como é por todos sabido, vai acabar com essa pouca vergonha. E isto é um bom barómetro para aferir a inteligência colectiva de um povo.
As televisões, que construiram o Ventas, que lhes deu o clickbait e as audiências e que, perante o descalabro eleitoral do Chaga nas autárquicas, rapidamente se esqueceram dele lhe retribuíram a conveniente fuga dos holofotes até a poeira do esquecimento assentar, são as mesmas televisões que agora constroem o personagem Moedas e a narrativa da grande vitória eleitoral, e da remontada, que daqui por quatro anos, ou se calhar mais cedo, há-de trazer a velha-nova-velha direita de regresso à ribalta e à governação do país, apesar do moço de recados da troika, coligado com a direita toda - Ilusão Liberal incluída, que teve uma diferença de quase menos 2% de votos úteis da Assembleia Municipal para a Câmara - é de apenas 0,95% para o PS sozinho, e em minoria absoluta, se contabilizarmos os votos dos socialistas aos da CDU e do Bloco. Assim se constrói um personagem e uma narrativa.
As assembleias municipais funcionarem nos mesmo moldes da Assembleia da República - parlamento para formação e base de apoio de um Governo e permitindo geometrias variáveis, era melhor ou pior para a governabilidade das câmaras municipais e mais apelativo à participação cidadã?
António Costa acusa a Galp de "irresponsabilidade" e "insensibilidade social". O secretário-geral do PS fez duras críticas ao processo de encerramento da refinaria de Matosinhos.
Candidato à câmara da Covilhã e candidato à câmara de S. Brás de Alportel, apenas dois exemplos mais mediáticos das centenas de alucinados que enxameiam as listas do Chaga [não é gralha], saudosistas do "dantes é que era bom!", o tempo em que chalupas deste calibre eram internados compulsivamente em hospícios e asilos para doentes mentais e que agora servem de idiotas úteis a quem quer pôr fim à democracia que lhes dá palco.