"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quando era puto todos os pantomineiros eram "industriais" e assim que chegávamos ao Alentejo eram "agrários". Agora todos os pantomineiros são "empresários", quer seja no interior ou no litoral industrializado. Com um pormenor não despiciendo: é que dantes, quando os "industriais" e os "agrários" se identificavam, as pessoas sabiam logo o que ali vinha e ficavam de pé atrás, agora os "empresários" são tratados com uma vénia e um salamaleque, quando não por "doutor", têm tempo de antena nos debates e fórum que se preze, na rádio ou televisão, tem duas ou mais chamadas telefónicas de empresários com análises de pasquim, profundas, ao clima económico e à acção governativa, têm associações de classe e até se dão ao luxo de exigir do Governo.
A assinalar só que todos os militantes de grupos e grupelhos esquerdalhos e esquerdistas maoistas-estalinistas com a designação de partido, organização ou movimento, com éme éle entre parêntesis numa bandeira com estrelas, foice e martelos, rodas dentadas e enxadas, e que estiveram mais ou menos, directa ou indirectamente envolvidos no 25 de Novembro de 1975, acabaram todos nos partidos do "arco da governação" e alguns até ministros e secretários de Estado. Só. E "o mais impressionante é como tanta gente se acovarda hoje". Só.
«A sílaba final [do apelido Félix] pronuncia-se como a sílaba final da palavra lápis,[...].
«Os nomes portugueses terminados em x vieram directamente do nominativo latino (e não do acusativo, como é a regra geral) e mantêm em geral em português a pronúncia latina /ks/ (Fénix, ónix, tórax, clímax, córtex, Ájax, etc.), pois entraram tardiamente no português (no século XVI ou seguintes), importados directamente do latim, sem evolução.
«As excepções são cóccix (/cóccis/), por questões de eufonia, e o antigo cálix (/cális/), do vocabulário litúrgico, que entrou no português muito cedo, havendo registos escritos com /s/ final no português antigo, no séc. XIII.
«Quanto a Félix, a grafia latina aconselharia a pronúncia em /ks/, mas esta palavra também entrou no português muito cedo, ainda na fase da formação da língua, aparecendo já no século XI registada como Felici e Felice, sendo, pois, esta a pronúncia que existia e perdurou, mesmo quando se recomeçou a grafar Félix.
«Por outro lado, no caso de nomes próprios ou de nomes de família, deve ser respeitada a tradição familiar no que diz respeito à pronúncia de nomes que não seguiram a regra geral na passagem do latim para o português. Assim, se a família pronuncia /félis/ há séculos, essa pronúncia deve ser respeitada.»
Quando nos governos de direita é o saltitar entre empresas privadas e cargos de administração pública, ou até para tutelar ministérios e secretarias de Estado com a tutela das áreas de onde se veio, como no caso de Maria Luís Albuquerque e Sérgio Monteiro, por exemplo, no privado a negociar com o Estado e, depois no Governo, a supostamente renegociar com o privado o que antes haviam negociado, é o Estado a necessitar dos melhores que, vá-se lá saber porquê, estão sempre no privado, bancos incluídos, e posteriormente os melhores a não poderem ficar castrados da sua carreira profissional, e do seu futuro no sector privado, só por terem feito uma comissão de serviço, também supostamente para defenderem os interesses do Estado, que é como quem diz, os interesses de todos os cidadãos, em economês, o dinheiro do contribuinte, se bem que os resultados finais desse amor pátrio e da defesa do interesse comum seja sempre a delapidação do património do Estado mais o onerar da carga fiscal e dos sacrifícios exigidos a cada um.
À falta de melhor para se fazer oposição transforma-se a Concertação Social numa espécie de Câmara Alta, não eleita, do Parlamento, com recurso ao argumento "aumentos salariais têm de ser suportados pela economia" mesmo que estafado pela realidade do aumento do emprego e das exportações logo a seguir ao aumento do salário mínimo, que não o podia ser nem por nada, e à recuperação do preço da hora extra para valores de antes de 2011, a reposição dos feriados, factores perturbadores da produtividade, e ainda que, enquanto poder, a Concertação Social não tenha sido outra coisa que não falsificada, com o Governo, guardião dos patrões, a levar o facto consumado a assinar de cruz depois de previamente cozinhado nos bastidores a troco sabe-se lá do quê.
[Passos Coelho à beira do precipício onde se colocou, na imagem]
Líder de um sindicato sem implantação no terreno, o moço de fretes dos patrões, devidamente autorizado pelo Dono Disto Tudo, com a bênção do sorriso trocista do patrão dos patrões - António Saraiva, assina de cruz o que os líderes dos partidos do Governo da direita radical lhe puseram à frente para assinar.
No tsunami que vai ser a integração de milhares de precários a recibo verde nos quadros do Estado, vão vir também, mesmo na crista da onda, os recibos verde-cunha do amiguismo e do cartão do partido que, de outra forma, nunca teriam entrada na administração pública. Vai ser um fartar vilanagem para a clientela político-partidária, de todos os partidos sem excepção, com o maior impacto a ser sentido e absorvido pelas Câmaras Municipais e a legião de assessores, técnicos e licenciados de todas as áreas. É a sorte grande, a lotaria do Natal, a taluda, o El Gordo, o Euromilhões em jackpot, com Joker e tudo.
Depois de quatro anos alegremente passados a desmantelar o Estado em favor de interesses privados, com a cumplicidade e a colaboração de uma clientela político-partidária, vir argumentar com "a dignidade do Estado".