"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Anormal seria que a ONU, organização nascida há 70 anos como resposta a uma Europa arrasada pela II Guerra Mundial e os seus 70 milhões de mortos, consequência do conceito alemão Lebensraum, 70 anos depois da sua criação e quando se debate qual o seu papel no século XXI, a sua reestruturação, a resposta aos novos problemas e desafios, e se parte para a eleição de um secretário-geral num processo nunca antes visto e cuja palavra-chave era "transparência", visse todo o processo posto em causa por um coelho búlgaro tirado da cartola alemã do... Lebensraum.
Cinco anos depois de Cavaco Silva e do Governo da direita radical, com o 5 de Outubro novamente feriado nacional e a ser comemorado na rua, literalmente na rua, na calçada não na varanda nem nos claustros à porta fechada, com recados de Marcelo Rebelo de Sousa, compactados num discurso de 7 minutos e 43 segundos, para o seu antecessor e camarada de partido e para os seus camaradas de partido e ilhas adjacentes CDS, ex ministros e secretários de Estado e ex ministros não empossados, Asnô e Borges e outros com milhões em comissões de privatizações, a bem da Nação, instados a comentar os recados do Presidente, quando já se começava a recolher as cadeiras na Praça do Município, os representantes do PSD e do CDS bateram muitas palmas e estão de acordo com os ditos que o senhor Presidente deixou ao Governo do PS e à maioria da Geringonça. Estes gajos ou se metem na droga ou gozam connosco...
No dia a seguir a Rui Vitória se ter sagrado campeão nacional no seu primeiro ano à frente do SL Benfica, depois de uma pré-época organizada ao pontapé, a pensar no dólares amaricanos e a deitar o prestígio e o nome do clube para o caixote do lixo, depois de um início de campeonato penoso, sob constante barragem de contra-informação com origem em Alvalade e onde ainda antes do Natal já se vaticinava o SL Benfica a lutar por um lugar na Liga Europa com o SC Braga, a SIC e o Rui 'verdade desportiva' Santos entrevistam... Jorge Jesus, o treinador quase campeão.
No dia em que se assinala um ano de vida da solução governativa "Geringonça", o dia em que o partido mais votado nas urnas não formou Governo por via das regras da democracia parlamentar constitucional, o dia da morte e enterro de quase 50 anos, tantos quantos a ditadura fascista, do "arco da governação", pelas mãos do PS de António Costa, uma solução que nem o mais alucinado dos paineleiros-comentadeiros das televisões era capaz de prever ou se atrevia sequer a prognosticar, a SIC do militante n.º 1 entrevista... Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro no exílio.
Se fosse a televisão do Estado era o "malbaratar dos dinheiros públicos", como é a televisão do camarada Balsemão são "os critérios editoriais".
"As poupanças de uma vida" [que não é exactamente sinónimo de "uma vida de poupança"] foi-nos repetido tantas vezes, com tanta intensidade e carga dramática nestas duas últimas semanas, que já estamos todos quase a acreditar que é possível ficar rico a trabalhar.