"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A televisão do militante n.º 1 convidou, à tardinha, João Duque, o Cantiga Esteves e o Tiago Caiado Guerreiro deviam estar indisponíveis, para analisar o estudo e nos dizer que uma das causas para a fraca poupança das famílias é que depois de 4 anos de aperto austeritário as pessoas terem agora mais dinheiro na carteira para gastar e que por isso não poupam, nem estão para aí viradas. Depois a televisão do militante n.º 1 foi ouvir o Abominável César das Neves sobre o estudo, para à noitinha nos dizer que uma das causas para a fraca poupança das famílias é que depois de 4 anos de aperto austeritário as pessoas terem agora mais dinheiro na carteira para gastar e que por isso não poupam, nem estão para aí viradas.
Alto e pára o baile! Então a direita toda e o João Duque e o Abominável César das Neves andaram a dizer que a Geringonça não devolveu dinheiro nenhum às pessoas, antes pelo contrário, que tudo não passava dum truque de ilusionismo para esconder o estratosférico aumento de impostos e a retirada de poder de compra, às pessoas no geral e classe média em particular, que a Coca-Cola ia desaparecer da mesa das refeições, que o vinho vai ser substituído pela água, que um pai de família já nem nos tempos livres pode ir à caça por causa do aumento do preço do chumbo dos cartuchos, que as quintas no Alentejo para as férias das famílias iam ser impostadas pela Mortágua do Bloco, para já não falar nos cigarros, de enrolar e já enrolados, charutos e cigarrilhas, e afinal as pessoas não poupam porque têm mais dinheiro disponível para gastar?! Afinal no que é que ficamos?
As coisas são ditas da boca para fora e o receptor não ouve, não pensa. As coisas são ditas da boca para fora e o transmissor não pensa no que diz, quiçá porque a pantominice está na sua natureza, ou no pressuposto de que o que disser entra por um ouvido do receptor a 100 e sai pelo outro a 200.
Sem que ninguém o confronte com o congelamento do dito durante os 4 anos e picos em que foi primeiro-ministro, e nem sequer foi há tanto tempo quanto isso que leve a cair no esquecimento, nem tampouco vá recuperar as suas declarações justificativas para o não aumento do Salário Mínimo Nacional.
Com toda a casta de Condes, Viscondes, Barões e Marqueses, por mérito ou por nomeação real, com a ética guardada no bolso detrás das calças do ministro.
Até ser absolvido pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e o Estado português ser, invariavelmente, condenado a indemniza-lo, pagamos nós todos do nosso bolso.
"A dimensão do nome que o titula como cidadão deve ser inversamente proporcional à inteligência – se ela existe – que o faz blaterar descarada e ostensivamente composições sonoras que irritam os tímpanos do mais recatado português".
"Porém, o direito da liberdade de expressão tem limites", além de que o respeitinho é muito bonito.
E o mínimo que o Governo português podia fazer era chamar o embaixador alemão ao Palácio das Necessidades, para dar um sinal de que estamos vivos, de que temos dignidade, quase mil anos de história, e de que consideramos inaceitável que um qualquer badameco, ainda que investido nas funções de ministro das Finanças de um país da União Europeia, tome a liberdade de se pronunciar sobre a orientação política e económica de um Estado soberano, por um Governo legítimo, eleito em eleições livres e democráticas.
"Ao accionista", ou seja a todos os portugueses, contribuintes, por interposta pessoa, o Estado, que o Governo é um eufemismo para aqui chamado para, num golpe de ilusionismo, esconder a falta de transparência. Mais respeito pelas pessoas, sff.