"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Sem que nenhum dos "jornalistas" presentes se lembrasse de lhe perguntar o que é que queria dizer com aquilo, Vasco de Melo, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, à saída da audiência com o Presidente da República, muito preocupado, que a 'Geringonça' - não disse mas pensou, muito preocupado com a nova maioria, que possa pôr em causa "os consensos adquiridos nestes últimos anos".
Com Agosto à porta e com as pessoas a irem de férias com mais dinheiro na carteira, depois de salário mínimo actualizado e feriados repostos, resta-nos Passos Coelho no Chão da Lagoa a espalhar o ódio e a anunciar as bestas do Apocalipse com um sorriso de satisfação a iluminar-lhe as fuças, depois de ter feito a ronda por todas as tascas é, de certeza, um pormenor.
Como é que um refugiado com problemas do foro psiquiátrico e a aguardar extradição tem acesso a explosivos para encher uma mochila e se fazer explodir com eles?
Que as faladas sanções não são referentes a 2015 e ao Governo da direita radical, que teria as metas flexibilizadas e adaptadas à realidade como as teve em 2011, 2012, 2013 e 2014 sob vigência da troika; que as faladas sanções são sobre um Governo que ainda não falhou uma única meta, sob pena de se provar que é possível alcançar o acordado sem empobrecer o país, sem empobrecer as pessoas, sem lhes retirar direitos e garantias, as tais reformas estruturais que estão a ser revertidas; tem medo Passos Coelho que as faladas sanções, se aplicadas, sejam revertidas pelos tribunais, um acto de insubordinação para quem está habituado a baixar a cabeça e obedecer sem questionar e a ver os tribunais como um empecilho.
Se o palerma eleito Presidente de França não tivesse vindo, ainda os corpos das vítimas estavam quentes, pôr-se, metaforicamente e literalmente, em bicos dos pés, por lhe ver o terreno fugir de debaixo dos mesmos - o que nem a nomeação do "fascista" Valls consegue atenuar, surfar a onda Marine Le Pen e acusar o Daesh de um atentado cometido por um desequilibrado, com medicação e com várias passagens pelos médicos, o atentado cometido pelo desequilibrado não tinha sido reivindicado pelo Daesh 48 horas depois e o terrorismo islâmico não tinha mais um feito a assinalar.
Corria o Ano da Graça de 1981 e os cowboys elegiam um cowboy como Presidente para fazer o país, onde Jonee ia a uma casa de penhores bought himself a guitar e andava de Datsun – a América, grande outra vez.
Depois a América, que ganhou a guerra, encerrou Detroit, o Jonee passou a andar de Hyundai, Daewoo, quando não de Dacia, e a Rússia ainda ficou ainda maior, sem a chatice da dimensão física do território e só com uma mudança nas cores da bandeira. His guitar is all that's left now, Jonee.
Os cowboys vão agora, cantando e rindo, eleger outra vez um cowboy, para fazer a América grande outra vez, contra os mexicanos, os chineses que nem sequer exportam automóveis, e contra os europeus que não pagam o que devem à NATO.
Eles há coisas que não lembravam nem ao Diabo, se os cowboys na foto da Convenção Republicana para entronizar Donald Trump não são os mesmos cowboys do clip dos DEVO...
Jonee you're bad, you're gonna make her sad, come back Jonee. Jonee, Jonee…
"Eles querem é tacho". "Eles vão a lá é para se governarem". "Isso é lá com eles". "Eles é que têm os livros". "Eles é que sabem". "Eles é que mandam" A força do "eles" no imaginário discursivo popular de quem, por contingências da vida, ficou toda a vida pobrezinho de espírito, sem grande poder argumentativo e capacidade de interpretação, coitados do "a minha política é o trabalho".
Ele é um personagem perigoso, não porque não saiba mais do que eles, mas porque se dirige a eles, por interpostas pessoas e por boa imprensa em prime time, não parecendo falar para quem fala e recorrendo a uma linguagem que eles percebem, não percebendo eles mais do que aquilo.