"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Num estaleiro naval com um mínimo dos mínimos de trabalhadores efectivos empregados, entre administrativos [residuais] e homens do fato-de-macaco que vão saindo do quadro sem que o lugar deixado vago seja preenchido, onde o grosso dos trabalhos é assegurado pelos precários das empreitadas e dos empreiteiros com contrato de trabalho apalavrado, das empresas de trabalho temporário que recebem mais por cada trabalhador colocado do que o próprio trabalhador, todos sem direitos nem garantias, sem férias ou subsídio de desemprego e descontos por conta própria [que é para saberem o que é bom para a tosse], nem benefício em um cêntimo de euro que seja na distribuição dos lucros. Notícias que dão grandes letras gordas nos cabeçalhos do jornais, impressos e on-line, e vontade de cantar hossanas ao sistema capitalista redistributivo.
"Lisnave duplica lucros e distribui prémio recorde pelos trabalhadores"
Qual "conflito"? Quem é que tem a ver e quem é que não tem a ver com o "conflito"? Quem é que era de justiça ter morrido e quem é que não era de justiça ter perdido a vida no/ com o "conflito"? Qual "conflito"?
Derrotados à partida, goleados, e nem sequer estou a pensar em futebol.
A Caixa de Pandora que os manos Castro abriram deixou sair só a esperença e, essa sim, é todos os males do mundo para a esperança que se transformou em ditadura. Até um dia.
"Tres uniformados de la Policía Nacional Revolucionaria (PNR) y una mujer con traje del Ministerio del Interior conducen a la detenida al auto policial. En el momento en que esta grita “¡Abajo la dictadura de los Castros!”, las dos gendarmes intentan introducirla en el carro por la fuerza, una práctica que se ha hecho frecuente en los actos represivos."
Uma associação de malfeitores, que está à frente dos destinos de Angola há quase tanto tempo quanto o tempo que durou a guerra de libertação do colonialismo português, condenou, num julgamento político, 17 concidadãos a uma pena de prisão pelo crime de ousarem pensar pela sua própria cabeça e de o dizerem e partilharem com outros seus semelhantes. O que já foi um movimento de luta contra a opressão e a injustiça – o MPLA, transformado naquilo contra o que sempre lutou e que esteve na génese da sua criação.
É uma doença – a doença do pensamento único dominante, e é a mesma doença que se manifesta de outras formas, a doença do "arco da governação" e do "sentido de Estado" – muito.