"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quatro anos depois e depois de quatro anos de Luís Montenegro e Adão Silva pelo PSD, Nuno Magalhães e Telmo Correia pelo CDS, à vez, em simultâneo ou revezando-se no papel de auxiliares de cena, vulgo "ponto", [no teatro escondido dentro de uma caixa na boca do palco], nos debates quinzenais na Assembleia da República a soprarem as falas ao Governo ou a plantarem dicas e deixas, disfarçadas de perguntas, para o Governo pegar e, pornograficamente, desenvolver acções de propaganda em directo, ao vivo e a cores, em encenações Bollywood num país imaginário, vem o líder da bancada do 4.º partido com assento parlamentar, a reboque do encontro com um ministro do frete a recibo verde, esbracejar o espantalho dos regimes totalitários por as bancadas à esquerda no parlamento não embarcarem na repetição da palhaçada. É preciso ter lata...
A arte da agit-prop de direita em passar para a opinião pública um Governo com um cadastro de 4 anos de inconstitucionalidades, mentira e manipulação como um Governo honesto, fiável e de boa-fé.
Dos 195, a ganhar o salário mínimo nacional, e das suas famílias já ninguém se lembra, o que vende jornal, assanha a inveja e faz Prós e Contras na televisão é o senhor Américo em primeiros no top of the pops dos mais ricos de Portugal.
Se o senhor, do alto da sua douta sapiência, podia ter chamado a atenção, avisado é "muito forte", o senhor Presidente da República dos riscos inerentes a não antecipar as eleições? Se o senhor Presidente da República, "economista fantástico que é", podia ouvir o aviso e tirar daí as devidas ilações? Se o um Governo com Pedro Passos Coelho, com o desígnio de primeiro-ministro, com Paulo Portas prenhe de portugalidade, a vice-primeiro-ministro, Maria Luís Albuquerque, de boas contas, a ministra de Estado e das Finanças, podia ter invocado o bem comum, o sentido de Estado, o Portugal à frente e ter atempadamente apresentado a demissão por antecipação de cenários? Podia, mas não era a mesma coisa.
Na guerra contra um Governo suportado por uma maioria de esquerda no Parlamento vale tudo, até enviar reservistas da 1.ª Companhia Bloco Central para a frente Leste.
A vitória dos lagartos, em casa, com um penaltie em fora de jogo contra uma equipa com Bruno César a titular, perante o silêncio cúmplice de Lopinegui, e de toda a Taberna do Infante, depois de um ano onde convenientemente o Benfica foi "levado ao colo", só confirma a velha máxima do pontapé-na-bola à beira-mar plantado: Só há dois clubes de futebol em Portugal, o Benfica e todos contra o Benfica.