"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Que Duarte Marques, escreva, com mais ou menos, vírgulas, uma carta, a pedir, satisfações a Alexis Tsipras, por causa do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, não surpreende, ninguém. Nem sequer é, supresa, que Duartes Marques, sejam eleitos, já que o sistema eleitoral, português, está construído de modo a permitir, estes, prodígios, da política. Surpresa, é, o detaque que o deputado, Duarte Marques, consegue ter, na comunicação social.
Do Governo que decide antecipar os lucros aos bancos e tem o topete de vir proclamar aos quatro ventos que resolveu o problema dos contratos swap, para depois ver o Supremo Tribunal de Justiça, pela segunda vez, dar razão a quem defendia a sua denúncia e a via judicial, ao Governo que fecha a porta a uma cimeira europeia para a renegociação da dívida que permita a recuperação económica, o crescimento e emprego, o princípio é exactamente o mesmo: garantir lucros e mais-valias aos bancos, alimentar a especulação financeira, esbulhar o bolso do contribuinte, continuar o saque fiscal e desmantelar o Estado em favor de interesses privados, enquanto argumenta o contrário, que é a da salvação do Estado que se trata, da credibilidade restaurada, da recuperação económica que aí vem, da sustentabilidade garantida.
Quantos deputados da maioria PSD/ CDS "nasceram", ou vieram, ou fizeram o tirocínio depois da formação na jota, ou estão num escritório de advogados? Perguntado de outra maneira, quantos não? "Promiscuidade" é termo da exclusividade do casamento católico e da moral e dos bons costumes matrimoniais cristãos.
«Cavaco Silva afirmou que o "Banco de Portugal tem sido peremptório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo (BES)".
Quando a tarefa é desmantelar o Estado social em favor das IPSS da caridadezinha e dos negócios com a miséria alheia é ver, principalmente os cê-dê-ésses, de Paulo Portas a Pedro Mota Soares passando por Nuno Magalhães e Telmo Correia, todos lampeiros de parlapiet e sem ser preciso uma ordem do tribunal, com a justificação de que é porque são os que estão desde sempre no terreno, mais próximos das pessoas, de quem precisa, blah-blah-blah, que têm melhor conhecimento das carências e das necessidades, blah-blah-blah, o quarto sector e a economia social que cria emprego, nem que seja às custas do bolso do contribuinte por via das transferências do Orçamento do Estado, o que nunca é dito no blah-blah-blah, mesmo que isso implique criar desemprego no Estado, que é o que interessa e que também nunca ninguém se lembra de dizer nem de traçar "linhas vermelhas", e que uma vez acabado o subsídio de desemprego e os apoios ao ex-trabalhador do Estado agora desempregado este vai, inevitavelmente, ser socorrido pela economia social e pelo quarto sector que cria emprego às custas do bolso do contribuinte.
“O Instituto de Segurança Social tem mais pessoas em regime de outsourcing do que os trabalhadores que pretende dispensar através da requalificação. Nos vários serviços do ISS há [...] 692 pessoas contratadas a empresas externas para as áreas da limpeza e 120 postos de vigilância. Ao todos são mais de 800 trabalhadores em regime de outsourcing, mais do que os 635 funcionários do ISS que estão nas listas para a requalificação e que, em muitos casos, poderiam desempenhar essas funções.
E há mais, muito mais, até ao dia das eleições que o Presidente do Governo e iniciativa presidencial recusou antecipar a data por o trabalho ainda não estar terminado.
A culpa da implosão da Europa vai ser da Grécia, por interposta pessoa o Syriza, que a Alemanha e a austeridade e os mercados e a austeridade e a Alemanha e os mercados e a austeridade tudo fizeram para a salvar, a Europa e a Grécia.
Disse que na Grécia houve condenados por corrupção no caso dos submarinos. E na Alemanha também, podia ter acrescentado. Adiante. E que os manhosos dos gregos fogem ao fisco. Ricardo Salgado esqueceu-se de declarar 8,5 milhões de euros. Em Portugal. Adiante. Que na Grécia há uma piscina em cada telhado e em cada quintal e em cada logradouro, para já não falar nas que existem nas vivendas e nos condomínios fechados e nas quintas e nos quintais. Adiante. E não eram anedotas sobre montes no Alentejo e no Algarve com piscina e jipes e barcos de recreio e segundas habitações e de casas de turismo rural e de habitação que estão o ano todo com ocupação a 100% , que é de subsídios que falamos também. Adiante. Assim como é de subsídios que falamos quando não disse se na Grécia há empresas formadas para formar pessoal da aviação com subsídios da Europa dos alemães e ongues para formar costureiras no bairro dos pretos e universidades, na terra deles também, também com o dinheiro dos alemães da Alemanha da Europa. Adiante. Não falou de férias pagas por banqueiros a políticos e governantes. Se calhar não teve tempo ou ninguém lhe contou. Adiante. Nem falou de associações de bandidos e malfeitores com nomes de bancos formadas por ilustres do arco e balão da governação. Se calhar na Grécia não há.. Adiante. Nem de mais-valias com acções em empresas não cotadas em bolsa. Adiante. Nem de misteriosas permutas de casas e de não menos misteriosas escrituras desaparecidas. Adiante. A Grécia é um país do caralho. Só lhe faltou terminar a peça com um "e esta, hein?!"
Na novilíngua em vigor nestes tempos do pensamento único, onde, por exemplo, um antes "trabalhador" passou a agora "colaborador", quer dizer que o Labour, o Partido do Trabalho, passa a Partido da Colaboração e os "trabalhistas" a "colaboracionistas"? Tony Blair e Gerhard Schröder bem se esforçaram para isso.
E nunca mais ninguém se lembra da "incorrecta transcrição de um algoritmo matemático" na não colocação dos profs, nos transtornos nas suas vidas, nas vidas das suas famílias, no rendimento e aproveitamento escolar dos alunos, nos transtornos na vida dos alunos e na vida das famílias deles.
"20 erros ortográficos numa frase" só se for numa daquelas frases, tipo José Saramago, sem vírgulas e do tamanho de duas páginas e meia dum livro.
Empresas privadas que, em parceria com o Estado, vão encontrar emprego, onde ele não existe por falta de investimento pela ausência de perspectivas de retorno, para desempregados, da cegueira ideológica de quem administra temporariamente o Estado e que destruiu o tecido social, o aparelho produtivo e arruinou a economia, e que, por essa negociata com a miséria alheia por essa transferência de competências, não vão ser financiadas pelo Estado, que é como quem diz o bolso do contribuinte?
Desculpem não acreditar nos milagres de Fátima, em novas Madres Teresas, ou no Pai Natal, vá lá...
Já passou tanto tempo desde que Tony Blair quis dar um rosto humano ao neoliberalismo de Margareth Thatcher e desde o dia em que Gerhard Schröder ocupou a cadeira de chancheler da Alemanha e abriu, na Europa continental, as hostilidades contra o mundo do trabalho e o Estado social, pomposamente baptizadas de "reformas", que as pessoas já se esqueceram do que é a social-democracia, do que é ser social-democrata e que tudo agora é extremismo, é esquerda radical, perigosa, quase a roçar o terrorismo. Graças aos mercados a Deus que temos Matteo Renzi para esconjurar Alexis Tsipras e exorcizar os desvios à ideologia do pensamento único.